Não sei nem por onde começar este post, de tanta coisa que passa pela minha cabeça acerca de somente um assunto. Hoje, logo cedo, vi no Twitter um link pra um artigo que fala sobre uma psicóloga (Rozângela Alves Justino, 44 anos, membro da Salus - Saúde e Salvação/ Rede Cristã de Profissionais de Saúde e da Igreja Presbiteriana Betânia de Niterói (RJ) prestes a ter cassado seu registro profissional por "curar homossexuais da homossexualidade". Fiquei bege!
Todo mundo sabe que tenho amigos "gls" (a outra sigla é muito complicada pra minha mente) e que o que me importa é o SER HUMANO, o caráter, o coração de cada um deles e não pra quem eles "dão ou deixam de dar". De qualquer forma, esses mesmos amigos conhecem minha opinião (ou parte dela) sobre o assunto. Porém, diante da possibilidade de condenação de uma psicóloga por "converter gays em heteros" (o.O), me vi obrigada a repensar, a reavaliar algumas coisas.
Não posso dizer que sou um ser livre de preconceitos. Aliás, na verdade, eu sou um ser cheio de PÓS CONCEITOS. Cada um tem o direito de fazer da sua vida o que bem entende, DESDE QUE não prejudique terceiros com suas ações. Desta forma, o que vale para os gls, vale também para os hetero: NÃO SUPORTO GENTE QUE AGE COM A FINALIDADE DE AGRESSÃO/AUTOAFIRMAÇÃO. Traduzindo em miúdos, acho ridículo viado se pegando na rua e se comportando como puta. Se essa frase é preconceituosa? Não, ela é pós-conceituosa, por uma simples reflexão: se os heteros "se comportam", se pegam em "cantos escuros" ou "entre 4 paredes", por que os gls TÊM que se pegar no meio da rua?
Não falo nada disso em termos religiosos, nem tampouco cientificamente comprovados. Falo como pessoa com liberdade de pensamento e liberdade de expressão, que já conviveu com MUITA gente, de toda classe social, religião, opção sexual, portadores de DSTs gravíssimas, etc. É MUITO FEIO ver duas pessoas praticamente "se comendo" na rua, no shopping ou coisa assim. O que pros heteros se tornou uma coisa "natural" com o passar dos anos, como p.ex., andar de mãos dadas, parece que pros gls isso é uma forma de autoafirmação e aí reside o cerne da questão.
Anos atrás, me lembro que o cantor (e acho que também é deputado, não?) Agnaldo Timóteo chegava a ser rude em suas apresentações na televisão e extremamente grosseiro ao fazer "campanhas pró negros" e xingar os brancos por terem nascido brancos. Era isso que ele demonstrava e, por fim, não só a mim como a outras pessoas com quem convivi e convivo, que a necessidade de "autoafirmação" dele, os altos brados sobre "ter orgulho de ser negro", etc, só demonstravam que, no fundo, ELE MESMO TINHA PRECONCEITO! Ele mesmo não suportava ser negro e, sofrendo (pouco se for ver bem) as consequências de todo um "desenvolvimento" sóciocultural, culpava a geração de brancos contemporânea dele de terem nascido brancos. (Será que me fiz entender? Não queria falar "curto e grosso" pra não ser grosseira como ele, mas às vezes, é a melhor forma de se fazer entender rs). Ser branco, negro, japa ou índio, ou turco, ou árabe, ou russo é uma questão de genética e de localização no globo terrestre. Ou você se aceita como nasceu, ou você se odeia pro resto da vida. Fim.
Falei do Timóteo por conta do antigo comportamento público dele (que deixei de acompanhar há muitos anos, porque estava começando a ficar com raiva de tanta idiotice) e que, atualmente, atinge, meio que num "inconsciente coletivo", grande parte dos gls. Os heteros cagam e andam pro que eles fazem e, ao invés de viverem, muitos deles ainda sentem a necessidade de "jogar na cara" da sociedade as "perversões" das quais são afeitos. E, notem que, ser g, l ou s, não é perversão. A perversão a que me refiro é, simplesmente, "jogar na cara dos outros o que se faria num motel" ou qualquer lugar parecido. ISSO É REALMENTE NECESSÁRIO PARA QUE UM GAY SEJA RESPEITADO?
Acho que muito pelo contrário. Quanto mais os gls recalcados agridem a sociedade, menos respeito vão ter (era isso que eu queria falar a respeito do Timóteo - soube de muitos negros que não toleravam o comportamento agressivo dele). Enfim, sabe-se que a sociedade está em fase de transição e que nem todas as pessoas têm habilidade pra lidar com as mudanças, na velocidade em que acontecem. Será mesmo que um velhinho de 90 anos tem OBRIGAÇÃO de assistir a atos libidinosos em locais públicos (sejam eles entre sexos opostos ou não)?
Além disso, leve-se em conta a biologia. A mulher foi feita côncava, o homem, convexo. O corpo humano tem "portas" de entrada e de saída, como qualquer edifício bem planejado. A natureza biológica do ser humano é heterossexual (por mais que sua natureza psicológica seja - ou não - bissexual). Dois homens ou duas mulheres não podem dar continuidade à raça humana (o que, talvez, fosse um benefício pro planeta rs), digo, naturalmente, porque podem procurar doadores anônimos pra implantação de óvulos fecundados, praticar ilegalmente o aluguel de barrigas ou, ainda, tentar a adoção de menores sem família, como qualquer heterossexual (NOSSA, QUE COISA! EXISTE IGUALDADE DE DIREITOS!... Mas nem todos percebem ou estão satisfeitos com isso.)
De qualquer forma, existem gls que são infelizes por serem gls. Isso é fato. Existem gls que, se conseguissem ou pudessem, de alguma forma, aderir psicológica e emocionalmente à sua natureza biológica o fariam, com o maior prazer (e, sabe-se, que a convicção de muitos outros gls meio que "reprime" esse tipo de pensamento, pra que "o movimento ganhe força"). Caraca, tem gay que é gay porque nunca "se viu de outra forma, desde que se entende por gente"; tem gay que é gay por "safadeza" (porque gosta da bagaça, admite e se diverte com isso); tem gay que é gay por modismo (ou vão me dizer que não está na moda "ser diferente"? - mesmo porque góticos, metaleiros, punks, etc são coisas do passado, ahn?)... QUE MAL TEM DEIXAR AS PESSOAS SEREM COMO QUEREM SER?...
E, QUE MAL TEM EM RESPEITAR QUEM NÃO PARTILHA DA MESMA OPINIÃO? É feio esfregar na cara dos outros costumes que, por religião, por opção, por preconceito, em razão da idade avançada, da dificuldade em adaptação pelas mudanças sociais, dos valores, etc, não fazem parte do cotidiano dessas pessoas? Ninguém chega na casa de outro, NEM NA RUA, impondo que segunda é dia de feijão e terça é dia de macarrão. É assim simples.
No dia da parada gay, TIVE que sair de casa pra ir até o escritório. Não havia espaço livre nas ruas em volta da minha casa pra andar. Passei com a minha mãe (de 60 anos) e com a minha filha (de 6 anos) em meio a um monte de vaca rebolando seminua em cima de carros e mesas de bar e de bicha se pegando e enfiando a mão dentro da calça do outro. Situação desnecessária. A parada tem transformado as ruas do meu bairro em um bordel a céu aberto. Isso é preconceito? NÃO, NÃO É! É uma questão de decoro. Minha filha mal sabe diferenciar "masculino" e "feminino" na gramática e sinceramente não precisa ter "lições contrárias à biologia" nessa idade. As pessoas não têm decoro e EXIGEM um respeito que elas mesmas não se dão. As pessoas confundem os vários tipos de liberdade que têm com libertinagem (ou opção de vida com putaria). Sorte que a pequena estava tão aflita com aquele amontoado de adultos que não ficou prestando atenção nos "detalhes" (óbvio que perguntei quando chegamos em casa se ela tinha visto e o que tinha visto... ela tem direito a uma explicação razoável sobre o que estava acontecendo aquele dia em volta da casa dela). Aquele dia fiquei muito puta com o que vi, com a mudança "involutiva" do comportamento das pessoas na parada. ("São os tempos da Kalyuga" ahahahaha - Kalyuga, em um de seus três conceitos, significa "a era da morte" e, em outro, "a era dos problemas e conflitos").
Mas, o que eu quero dizer agora, tem a ver com a tal Rozângela. Há 10 anos foi proibido aos psicólogos tratarem homossexualismo como doença. Aliás, foi proibida a teoria de que homossexualismo é doença. Sendo assim, param os estudos bioquímicos, biofísicos, psiquiátricos, etc, a fim de comprovar cientificamente ou descartar a hipótese do homossexualismo ser uma doença. Grande prejuízo, ao meu ver, pra ciência e até mesmo pra sociedade. Por quê? Da mesma forma que alguém pode optar por se tratar ou não de uma gripe, uma pneumonia ou até mesmo pra conter a progressão geométrica orgânica realizada pelo HIV, as pessoas poderiam ter a opção de serem ou não homossexuais, clinicamente falando. Todo mundo discute, alguns proíbem e muitos saem prejudicados. Como eu disse, nem todo gls ama ser ou quer ser gls. Se a ciência prova que é doença, quem quer se tratar, se trata. Quem não quer, não se trata. Não é assim que a Constituição nos garante a liberdade? De fazer desde que não seja crime, de pensar, de falar/escrever, de agir, de ir e vir e até mesmo de NÃO FAZER?...
A tal psicóloga, sob meu ponto de vista, cometeu um erro horrendo em suas afirmações e na forma de tratamento: primeiro, meteu religião no meio (quem não quer ser gls já tem um monte de culpas, complexos ou outros sentimentos "não-bons" dentro de si... precisa MESMO enfiar na cabeça do cara que ele é um pecador sem perdão?) e, segundo, porque acaba freudianamente afirmando que gls é doença adquirida através de abusos na infância. Ela restringiu DEMAIS seu campo de atuação. Que porra de psicóloga que "já sabe o que o cara tem" antes de ouvi-lo profundamente e com atenção, buscando a melhor forma de ajudá-lo e a real causa dos problemas que o cara DESEJA tratar. Não creio que ela deva ter seu registro cassado por querer tratar pessoas que não querem mais ser como são. Esse é o trabalho do psicólogo desde que a psicologia existe, caraca! Ela deveria, sim, ter seu registro cassado por ser tão limitada em sua visão sobre as causas da "doença" que ela afirma curar.
Li um depoimento de uma moça que afirmou ter sido infeliz enquanto se tratou com a tal Rozângela e REPRIMIU sua homossexualidade, e que tudo o que aconteceu nada mais foi do que AUTOCONTROLE.
ORA! Não é assim que vivemos todos? Com AUTOCONTROLE? Não é assim que deixamos de matar pessoas a torto e a direito? Não é através do autocontrole que nos tornamos pessoas amáveis ou desagradáveis? Se uma paciente afirma que a "cura" é o autocontrole, ÓTIMO! Deram a chave pra porta de saída, a quem quiser sair. Sexo vicia tanto quanto droga. Se o lance todo é "sair do sexo", controla o pinto dentro da calça e a perna fechada que tudo se resolve! E, isso, vale pra ambas as "vertentes", homo ou hetero.
MAIS UMA VEZ, EXISTE IGUALDADE... desta vez, de "tratamento". Se tudo é uma questão restrita ao autocontrole de impulsos sexuais, heteros e homos estão em pé de igualdade! (Pra que tanta necessidade de autoafirmação?) Distúrbios sexuais atingem o ser humano, independente do que ele goste de fazer "na prática".
Os evangélicos estão querendo dominar o mundo com suas teses furadas e, muitas vezes, CONTRÁRIAS ao texto constante da Bíblia que afirmam seguir ao pé da letra. Eles podem seguir, mas precisavam entender que NÃO SÃO O CARA que ensinou tudo aquilo (mesmo porque, se fossem o Cara, jogariam por terra, ainda, a tese da ressurreição =D). Uma pena que as pessoas misturem trabalho e religião (já que psicologia não é monastério) dessa forma e compliquem mais ainda a vida de quem já a tem bem complicada.
Amo meus amigos gls. Adoro os gls no geral (sempre me divirto muito com eles, com as conversas inteligentes - que a grande maioria dos heteros não têm conseguido ter comigo, com as zueiras sem culpa e com o fato de que, olhando nos meus olhos, eles sabem que não desprezo nenhum deles... a não ser os que são seres humanos medíocres e não simplesmente, gays).
Com tudo o que tenho ouvido, lido, percebido, observado... a Filosofia Clínica dá de mil na Psicologia e, ao invés de curar homossexuais, pode, simplesmente, ensinar o cara a pensar como um ser humano digno, decente, responsável, independente da sua opção sexual. Nem todas as pessoas têm o "autocontrole" necessário pra respeitar as opções dos outros, mas a Filosofia Clínica pode ensinar isso também (já que a Psicologia adora dizer que 'as respostas estão dentro da gente' ou que 'é culpa dos nossos pais', mas não agem efetivamente a fim de nos ensinar a nos aceitar ou nos disciplinar diante das coisas da vida, de dar opções plausíveis de atuação, etc - a Psicologia tem muita teoria não aplicada).
Acho que hoje ficou looooongo o texto, bem ao contrário do meu pavio.
Se algo ficou obscuro, manifestem-se que eu explico meus pós conceitos de outra forma.
Bjometwitta.