sábado, 28 de dezembro de 2019

♪♫ A WHOLE NEW WORLD ♫♪

#PraCegoVer Imagem com fundo preto e tons de cinza escuro, do personagem L, do anime Death
Note, agachado sobre uma poltrona, vestindo calça jeans e camiseta branca, tomando café/chá e
segurando o pires e a xícara nas pontas dos dedos, em um gesto que lhe é peculiar.

Dias disfuncionais são um saco: não consigo escolher roupa, não consigo andar sem torcer o pé, não consigo me concentrar, não consigo achar as palavras corretas ou mais adequadas para me expressar (oralmente ou por escrito, como estou fazendo agora - cada parte da frase está sendo pensada, escrita, apagada, reescrita, apagada, etc algumas vezes até que fique compreensível ou completa). - Interessante que para escritores, compositores, roteiristas, coreógrafos, etc., esses dias disfuncionais são chamados de "bloqueio criativo"... eles são chiques. Gostaria de ter meros "bloqueios criativos", eles são justificáveis pela "genialidade dos artistas".

Segunda-feira, passei um nervoso que eu não achei que passaria. Perdi o rumo, a concentração, a paciência, a vontade (de tudo e qualquer coisa, não foi a perda de uma vontade específica). E ainda não consegui me recompor, afinal, "o castigo sempre vem a cavalo", ou seja, não vem sozinho, vem acompanhado e acompanhado de algo que vai passar por cima de você feito "um cavalo", te atropelar e te deixar quebrada e moída.

O interessante é que eu optei por não fazer uma coisa que poderia me gerar um overload e todas as suas consequências, para que essa coisa (dar uma palestra) não atrapalhasse minhas atividades no treinamento e não adiantou nada. Falar em público é um grande problema para mim. A voz afinar e ficar mais alta e a tremedeira nas mãos não são NADA perto do que passa do lado de dentro. Não adiantou. Eu deveria "ter ido com medo mesmo" na palestra. Já que era pra passar mal na segunda (e na terça e hoje também), pelo menos EU mesma teria testado mais um limite/inabilidade, e não uma situação dentro da qual eu não tinha nenhum "poder de decisão" (a mudança de infra).

Entre a tarde de segunda e a noite de terça, eu li muita coisa, principalmente os relatos e publicações dos auties que deram palestra no Vozes do Autismo de sábado. Em um dos relatos, uma das meninas falou sobre "pré-crise, crise e pós-crise" e, pela primeira vez eu consegui vislumbrar COMO perceber quando uma crise está vindo (descobrindo isso, o próximo passo é saber QUE TIPO de crise está vindo). - Preciso, inclusive, reler, porque em dias de disfunção executiva (ah! como queria ser escritora pra chamar de bloqueio criativo! rs), eu esqueço tudo e paro de perceber muita coisa ao redor. Fico tipo aquelas cenas de filme que o personagem está em slowmotion e as pessoas em volta na maior correria e super rápidas.

E, também, preciso entender (ou aprender) como fazer o "pós-crise" durar menos tempo (se é que isso que eu to hoje é pós-crise, já que eu AINDA não estou rendendo - ontem à noite eu estava melhor que hoje, por incrível que pareça).

P.S.: Texto incompleto, escrito em 28.08.2019 e publicado em 28.12.2019, sem finalização.

domingo, 22 de setembro de 2019

EU NÃO SOU TODO MUNDO

[EDIT] O texto que segue depois da foto começou a ser escrito em fevereiro de 2019 e não foi finalizado. Ele foi substituído pelo texto “Carta ao Pai que está no Céu”, publicado em 24 de fevereiro. O perfil falso citado tem o nome de Lucas Carvalho no Facebook e o link para ele está salvo. Foi através desse perfil que, em 20 de fevereiro, que a pessoa cujas atitudes estão prejudicando o bom desenvolvimento da minha filha soube da existência deste blog (pegou a url), por ele mesmo ou por terceira pessoa, e não da forma relatada em 07 de agosto passado (colocando o nome dela no Google – conforme desmentido em “Quem fala a verdade não merece castigo”, de 11 de agosto de 2019). É sempre bom lembrar que, em juízo, quem alega tem o ônus da prova (dever de provar o que alega, seja oralmente, seja por escrito).

#PraCegoVer Imagem quadrada,com fundo preto e escrito com letras brancas, em inglês,
a frase "I have absolutely no desire to fit in" que traduzida para o Português significa
"Eu não tenho a mínima vontade de me encaixar". Fim da descrição.

Faz alguns dias que estava ensaiando para escrever e, cada vez que pegava o note, abria e a página branca aparecia na tela, eu olhava, olhava e nada acontecia. Sabia e sei tudo o que quero escrever e, simplesmente, não saía. Obviamente estou com “excesso de informação”, o que não é muito legal, mas, pelo menos, o “excesso de emoção” diminuiu logo no começo da semana, o que é bom, porque eu consegui VIVER e andar com os pés no chão, não como se estivesse pisando em ovos ou num campo minado.

De dez dias para cá “fiz amigos”, aprendi e repensei muitas coisas, fui “espionada” pelo Facebook (ahhahah) e, por mais de uma pessoa que eu sei (sério, não sei como as pessoas não percebem quando são stalkeadas rs)... Desta vez, um das pessoas se deu até ao trabalho de criar um perfil masculino e de me adicionar. Veio com um papo furado tão imbecil que nem para a friendzone deu para enviar aquele ser (não, não tenho amigos vazios). Supondo que fosse “um cara qualquer” de verdade, se “aquilo” foi uma demonstração de todo o “potencial” do “cara” (sim, tudo entre aspas), “ele” deve ser bem solitário ou deve estar se sentindo muito rejeitado ou carente ou tudo isso junto, porque nem sustenta uma conversa decente ou interessante e não há quem aguente pessoas que “não têm assunto”.

O “conjunto da obra” dessa pessoa é, nitidamente, um lixo, o perfil é falso e, muito provavelmente, criado só para visitar perfis determinados com finalidades determinadas. Depois que a pessoa falou comigo (usando um celular) o perfil não mais voltou a ficar online. Engraçado é que a pessoa sabe o “meu gosto” (moreno, olhos escuros), mas errou na escolha da foto, que é muito vulgar: além da barba (yucks), o cara parecia um prostituto de capa da G Magazine.

“Deus-me-di-bre.”

“Espiões clássicos” são mais inteligentes: observam muito bem a pessoa de interesse, aprendem tudo o que podem sobre ela e, só depois, se aproximam para contato pessoal, sabendo como agir e o que e como falar. Se valer “fulano me falou e eu confio em fulano” ou de “vai de qualquer jeito e eu improviso” é coisa de gente burra e intelectualmente fracassada. Se a pessoa trabalha para o governo (seja polícia ou ministério público ou qualquer outro órgão) não faz jus ao cargo, porque não atingir o objetivo, ou seja, ser ineficiente em suas funções e inapto para o cargo, é desperdício de dinheiro público. Se a pessoa não trabalha para o governo, segue-se a mesma linha de raciocínio: ela é ineficiente e inapta, mas aí ela está “prejudicando” apenas a si mesma e eu quero mais é que se lasque =D

Espero que a pessoa tenha encontrado o que procurava no meu perfil, porque ela “não está mais entre nós”. Espero, também, que tenha aprendido que “eu não sou todo mundo” e que se for para querer me arrancar informações pessoais de forma indireta que seja, pelo menos, inteligente na abordagem.

Próóóóóóóximo!

Sobre os “amigos” que tenho feito e as coisas que estou aprendendo e repensando: minha vida está financeira e profissionalmente uma porcaria (“porcaria” não passa perto da realidade, mas estou tentando evitar palavrões rs), contudo, o jargão “a felicidade está na jornada, não no fim do caminho” está sendo verdadeiro para mim em outros aspectos da vida. Estou me conhecendo de novo, mais e melhor, estou me reconhecendo em outras pessoas e a cada dia que passa, por mais que seja necessário para uma vida “neurotipicamente chata”, sinto menos e menos vontade de “me encaixar”. Sei que isso é algo que venho repetindo há algum tempo, mas é uma das coisas mais marcantes em todas essas transformações pelas quais eu e minha vida estamos passando.


Quem me conhece sabe que eu e minha Mãe sempre fomos amigas e que criei/estou criando minha filha para que sejamos amigas também e essa é outra coisa muito marcante. De abril/maio de 2018 para cá, quando assisti Sherlock (a série com o Benedict Cumberbatch, que foi um divisor de águas para mim)... <--- aqui="" e="" o="" original="" parou="" permanecer.="" span="" texto="" vai="">

domingo, 11 de agosto de 2019

QUEM FALA A VERDADE NÃO MERECE CASTIGO

#PraCegoVer Imagem retangular, em escala de cinza, com a frase bíblica "Conhecereis
a verdade e a verdade vos libertará", do Livro de João, Capítulo três, versículo trinta e dois.

Esta semana, uma pessoa sugeriu que digitando o nome completo da minha filha nas buscas do Google, o nome dela direcionava para o meu blog (este blog). Decerto, a pessoa acreditou, em algum momento do seu raciocínio, que isso poderia ser verdadeiro. Contudo, bastou lançar o nome no Google e percorrer por todas as 13 (sim, treze) páginas existentes nessa busca para NÃO encontrar NEM o nome da minha filha, NEM referido "caminho" para o meu blog. E, "por que será" que isso aconteceu? Ou melhor, "por que será" que não foi encontrada NENHUMA entrada com o nome da minha filha e, MUITO MENOS, alguma conexão com este blog?

Primeiro, porque eu nunca escrevi o nome da minha filha no blog, nem em nenhum outro site, de forma pública na internet, então, esse link não teria como existir. Segundo, porque minha filha é menor de idade e, legalmente, nenhum dado dela pode aparecer publicamente na web, mesmo em sites governamentais. Terceiro, porque a pessoa mentiu. Mais uma vez.

"Ah, mas você foi procurar..."

ÓBVIO! Se o nome da minha filha, menor de idade, aparece na internet por qualquer razão, o site é passível de processo (para retirada definitiva dos dados da rede e por danos morais a menor, em virtude do descumprimento da legislação vigente). Além disso, para quem sabe como funciona privacidade na internet, essa coisa de "caiu na rede, já era" é real e, você pode requerer a retirada de informações e/ou das mesmas informações da internet quantas vezes quiser, uma vez que a informação esteve lá, SEMPRE, SEM-PRE vai haver algum "resquício", como por exemplo, uma página do Escavador dizendo que "esta página foi removida". Ou seja, se existia algo, os dados (a informação em si) podem ter sumido, mas a informação de que os dados estiveram ali vai permanecer.

A quem a pessoa quer enganar? A quem serve mentir, estragar a própria imagem e moral, com algo tão banal que pôde/pode ser facilmente verificado e desmentido? Eu não sou "perita em tecnologia", passo BEM longe de ser algo parecido com isso, mas sei usar as ferramentas mais básicas, de uma forma "não tão básica".

Uso internet desde os anos 90, na época da internet discada... e conseguia fazer algumas coisas que, à época, eram consideradas "do arco da velha" (hoje, não consigo nem lembrar das minhas próprias senhas 😂). A única coisa que sei fazer, hoje em dia, é mascarar IP, mas, mesmo assim, através de programa e esse tipo de programa atrai um monte de "coisas que não prestam" para o pc. Além disso, é muito risco (moral) para zero benefício (tecnológico). 

#PraCegoVer Imagem com fundo preto e, centralizadas, manchas de desgaste
em escala de cinza e a frase "A verdade é libertadora" escrita em salmão.

Sim, ela é. Jesus e João estavam certos e quem vive dessa forma só faz bem a si mesmo e a quem lhe rodeia. Aqui em casa, desde que eu era pequena, somos adeptos do "melhor uma verdade feia que uma mentira bonita" e do "quem fala a verdade não merece castigo." Baseada nessas duas premissas, eu incorporei mais duas à minha vida e à criação da minha filha.

Na primeira, eu considero que "se eu não gosto da verdade que os outros vêem a meu respeito, compete a mim mudá-la". Ofender-me com a verdade é, pessoalmente, muita falta de auto-percepção, muita falta de humildade, de vontade de ser uma pessoa melhor. Ofender-me com a verdade também representa, psicologicamente, um ego grande demais, frágil demais e muita prepotência. Além disso, os fatos, a Natureza e a verdade não se importam com nossos sentimentos, que dirá com nossos egos. É desgaste inútil ofender-se com fatos e verdades. Prefiro queimar pestana com auto-aprimoramento do que com desgastes emocionais inúteis.

Na segunda, em um aspecto mais "social", considero que "primeiro a verdade, depois o Estado Democrático de Direito". Por quê? Porque uma sociedade que não é pautada na verdade, dita ou praticada, ou não é democrática, ou não é de direito. Basta observarmos a terra brasilis desde, pelo menos, 1930.

São a busca pela verdade e a vivência da verdade que nos tornam íntegros e dignos, independentemente de nossa classe social, de nosso nível acadêmico, cultural, profissional, do quanto temos no banco, etc. Sem a verdade, não somos nada, porque nunca teremos terreno firme e estável para caminhar durante nossa jornada de vida. Se a verdade é feia ou desagradável, mudemo-la. Se ela parece nos "causar problemas", enfrentemo-la e eliminemos o problema de vez, "cortemos o mal pela raiz". Há de se ter coragem parar ser verdadeiro. Lidar com a verdade através da mentira não passa de "tapar o Sol com a peneira": a peneira não vai apagar o Sol, nem diminuir seu brilho, seu calor e sua luz. "O Sol" é uma verdade e por isso é algo em que as pessoas baseiam seus dias. As pessoas confiam no Sol porque sabem que ele existe, que vai estar lá e que, por mais frio e cinzento que um dia esteja, o Sol não deixa de cumprir seu papel. (Isso foi só uma analogia... uma comparação bem pobre, por sinal - já fiz analogias melhores ao longo da vida haha).

Em relação à minha "libertação pessoal pela verdade": é muito bom ter a consciência tranquila, de dizer a verdade, de verificar a lei antes de tomar atitudes que possam influenciar a vida da minha família ou a nossa integridade física, moral, emocional ou intelectual. Leis existem por razões que nossa mente dificilmente avalia ou busca. E eu não falo do excesso de leis inúteis que o Congresso Brasileiro têm criado desde o início do século. Falo de leis "antigas", que se pautavam na importância da figura humana, nas relações sociais "profundas", em princípios e valores (bem mais) próximos da ética aplicada, das morais básicas de diferenciação entre bem e mal, certo e errado, sem relativizações de condições humanas imutáveis.

#PraCegoVer Imagem com fundo marmorizado em tons de cinza, azul
e coral, com os seguintes dizeres escritos na cor grafite "Ninguém se
escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece. Artigo terceiro da
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro - Estatuto de
Direito Internacional Privado, ratificado em 1942 e em 2010."
#PraCegoVer Imagem com fundo marmorizado em tons de cinza, azul e coral,
com os seguintes dizeres escritos na cor grafite "Nemo auditur propriam
turpitudinem allegans", em latim e, em português "Ninguém pode ser ouvido
alegando a própria torpeza. Ninguém pode se beneficiar da própria torpeza."
As frases contidas nessas duas imagens são regras basilares de todo o ordenamento jurídico Brasileiro, que aprendemos no primeiro ou segundo ano de Direito (fiz faculdade nos anos 1990, então, ainda era anual - e o conteúdo mais aprofundado que atualmente), são duas das que pautam minha vida desde quando as conheci, assim como a educação da minha filha. Em resumo e no "populacho", a gente não pode querer ser "fdp" e depois alegar que não conhece a lei ou que fez isso para se defender de alguma coisa. Ato ilícito (contra a lei) será sempre ato ilícito, até que uma lei diga que não é mais. E não existe beleza nisso, mas existe beleza na verdade, quando a aceitamos, convivemos com ela e a praticamos no nosso dia-a-dia.

A verdade, em si, não é relativa. Nós dizermos que "temos as nossas próprias verdades" não significa que as NOSSAS verdades sejam A verdade. O artigo usado antes da palavra "verdade", quando se trata de verdades pessoais, relativas, portanto, pode mudar de "uma" para "a" caso essa verdade se torne algo geral, algo percebido "externamente", por muitas pessoas (não me arrisco a dizer "todas" as pessoas, porque a probabilidade do Putin conhecer minha rotina, por exemplo, é nula).

Para que a nossa verdade se torne a verdade, nosso discurso deve ser coerente com nossas ações. Se eu prego a verdade e ajo na mentira, serei incoerente. E incoerência pode ser classificada na seara da ignorância (incoerência involuntária) ou da falta de caráter (incoerência negligente ou intencional). Eu ainda sou daquelas pamonhas que prefere acreditar que a maioria das pessoas é incoerente por ignorância, afinal, sempre somos julgados com o mesmo rigor com o qual julgamos os demais. E, sendo eu muito exigente comigo e com os outros, acreditando na ignorância alheia, dou às pessoas o que espero que elas me dêem (raramente recebo retorno proporcional ao que dou - no geral, sou considerada muito mais "má" que "burra", mas como "a beleza está nos olhos de quem vê", o defeito  no filtro moral/emocional não está em mim, o que é um alento, independentemente do julgamento alheio).

Depois de todo esse "overthinking" e de toda essa "filosofia botequinesca" (ou nem tanto), queria só dizer que dizer a verdade, mesmo cometendo erros (ainda sou humana e, mesmo que não fosse, como Superman ou WonderWoman), também "erro quando acerto", também erro querendo acertar. E, também sendo humana, procuro enxergar meus erros, repará-los e estar mais atenta para não repeti-los.

Há quem diga que eu "reajo errado" a certas coisas, porém, notem: se uma pessoa age sempre do mesmo jeito, ela não pode obter resultado diferente do já obtido anteriormente. Sou uma pessoa MUITO ligada em padrões e, a partir do momento que percebo que um tipo de reação minha resolve um ou mais problemas semelhantes e não prejudica ninguém ou prejudica apenas a mim ou menos pessoas do que se eu reagisse de outra forma, POR QUE CARGAS D'ÁGUA eu passaria a reagir de outra forma?

Em time que está ganhando não se mexe. Além disso, existem vários processos biológicos involuntários que buscam economizar energia. Por que eu gastaria mais energia que o necessário para reagir de outra forma ou resolver algo de modo que dispendesse mais energia e me desgastando mais em diversos aspectos? Eu encaro a mim, minha mãe, minha filha, colegas, amigos, a vida, etc em um aspecto holístico, integral... e não gosto de perder tempo com aspectos parciais, principalmente se eles são consequentes e não antecedentes, ou seja, secundários.

Por fim, alguns esclarecimentos:

1. Não vou pedir desculpas por ser eu e por levar certas coisas a sério.

2. Não vou parar de escrever no blog, nem deletá-lo, nem torná-lo privado.

3. Não vou filtrar assuntos (já faço muito em filtrar palavras, porque tem gente que não merece nenhum tipo de filtro).

4. Não vou deletar texto algum. Não divulgo dados pessoais, não invado privacidades, não faço ameaças, não descumpro leis, não falo sobre coisas que não me dizem respeito, seja como indivíduo ou parte da humanidade.

5. Liberdades de pensamento de expressão estão na Constituição e cada um as exerce de um jeito. Eu exerço minha liberdade de expressão por escrito. A de pensamento, continua no pensamento, que é muito maior do que qualquer palavra.

6. Se alguém algum dos meus textos funcionou como carapuça para alguém, as verdades dessas pessoas devem estar feias aos próprios olhos delas e não há nada que EU possa fazer. Minhas verdades feias eu mudo, porque olho o meu rabo primeiro. A mudança das verdades feias das outras pessoas compete unicamente a elas.

7. A vida alheia não me interessa. O comportamento alheio serve de filtro social.

Ah! Hoje é dia 11 de agosto, então:
Feliz Dia do Estudante pra quem é Estudante.
Feliz Dia do Advogado para quem é Advogado.
E, bom domingo. Beijones!

segunda-feira, 3 de junho de 2019

BATMAN

#PraCegoVer foto do ator Christian Bale caracterizado como Batman, no set do filme Batman Begins


Nascida na década de 1970, filha única, de pai capoeirista voltado para as Exatas e de mãe musicista, fui criada para pensar com minha própria cabeça, assumir as próprias responsabilidades, realizar as próprias tarefas, arcar com as consequências dos próprios atos, ter a própria carreira, o próprio carro, a própria casa, a fazer o próprio trabalho. Não fui criada para delegar, fui criada para realizar. Fui criada para ter autonomia, com todos os prós e contras que isso tem. Fui criada para ser independente.

Apesar da teoria ser essa, a prática era outra. Meus pais eram bravos pra caramba, me exigiam demais e, hoje sei que, por causa do Asperger, eu levava tudo ao pé da letra... e combinando isso com a superdotação, também levava tudo muito a sério (a quem estou querendo enganar usando os verbos no pretérito, não é mesmo? rs)

Desde pequena, meu nível de exigência com os outros e comigo mesma sempre foi muito alto e meu nível de tolerância com erros – dos outros ou meus – inversamente proporcional ao primeiro. Como tudo na vida, isso tem suas vantagens e desvantagens. Uma das vantagens (para terceiros) é que eu só vou exigir das pessoas aquilo que eu sou capaz de dar; em contrapartida, isso é uma desvantagem (para mim) porque raramente tenho o retorno equivalente. E isso se aplica a tudo, a qualquer coisa que eu decida fazer. Se for para estudar, estudo até “esgotar o assunto”. Se for para fazer um trabalho, fá-lo-ei na forma requerida, revisá-lo-ei e o entregarei limpo, sem erros, esteticamente aprazível e dentro do prazo. Se for para gostar, eu gosto muito e gosto “com qualidade”; o mesmo se for para desgostar, é na mesma intensidade. Não consigo ser de meios-termos, parecendo cerveja choca. Não sou de meias verdades, meias palavras. Não sou mais ou menos. E também não aceito meios-termos, cerveja choca, meias verdades, meias palavras e nem nada mais ou menos.

No melhor estilo Ayrton Senna, se for para fazer algo, ou faço bem feito ou não faço. Se for para fazer de má-vontade, também não faço. É isso que eu dou, é isso que quero de retorno. E se não houver equivalência, dou uma segunda chance (mesmo sabendo que 99,9% dos humanos gostam de errar várias vezes, para terem a certeza de que estão “errando do jeito certo”), mas não dou a terceira. E, não, não me importo se agirem comigo da mesma forma que eu ajo. Como eu disse: só exijo aquilo que dou.

O mal tem sido que, nos tempos atuais (“pós-modernos”, barulhentos e rápidos demais para mim), o “fazer bem feito ou não fazer” é valorizado por pouquíssimas pessoas das quase 8bi que habitam o planeta. Fazer trabalhos em equipe tem  me mostrado isso, desde o ginásio (atual ensino fundamental 2).

Trabalhar em equipe, para quem tem alto grau de exigência e para quem está habituado a arcar com as consequências dos próprios atos, é um inferno. Se você é o primeiro, fica sem ter o que fazer; se você é o último, é o cara que vai aparecer para o cliente como “o incompetente que não observou o prazo”. Se você está no meio da cadeia, vai achar erros anteriores e ter que refazer ou mandar o trabalho de volta para o desatento que cometeu o erro e vai ter que revisar de novo e assim por diante até o trabalho ficar correto e poder ser passado para o próximo colega da equipe.

É-um-in-fer-no.

É o MEU inferno.

Já dividi tarefas na escola, na faculdade e no trabalho. Deu caca.
Já revisei trabalho alheio. Deu caca.
Já supervisionei as atividades alheias. Deu caca.

Sabe por quê?
Porque na criação que eu tive e criação que meus Pais e avós tiveram e que minha filha está tendo, ensina-se e aprende-se que “se você quer que algo seja bem feito, faça você mesmo”. O pior de tudo é ter que dar razão para os meus tataravós, sabe?

Estou fazendo um treinamento e eles estão ensinando um “método ágil” chamado scrum. Conforme fui “incorporando” o conceito, o método foi se desenhando sozinho na minha cabeça e, qual não foi minha surpresa ao perceber, no final do dia, que, mesmo não sabendo que isso existia, eu aplicava o scrum nas execuções trabalhistas, em qualquer de suas partes (cálculos, laudos, contestações, embargos à execução)?

Nesse treinamento, estamos “aprendendo” a trabalhar em equipe. Cara, que stress.

Todo mundo ali é gente boa, tanto da turma, quanto da empresa. Mas trabalhar em equipe não dá! Uns tem muita pressa, outros são muito sossegados; uns não entendem o que é pedido, outros entendem, mas querem fazer diferente a qualquer custo; outros não param de falar, outros não falam e, quando o fazem, mentem...

Aaaaaaaaaahhhhhhhhhh!!!

Eu nunca perdi um prazo processual na vida. Nunca entreguei trabalho diferente do que foi pedido. Os maiores erros que cometi em foram de digitação. Alguém consegue imaginar o tamanho do meu stress? Para quem não sabe, em períodos de stress, fico parecendo adolescente (cheia de espinha na cara), aparece um monte de cabelo branco, me dá acesso de espirro, me cai a imunidade e eu fico cansada por nada... e isso me irrita e vira um ciclo vicioso.

Não gosto de ficar brava com as pessoas, não gosto de saber antecipadamente que o negócio vai dar errado, não gosto de me estressar. E isso acaba acontecendo, mesmo a contragosto meu. Tem razão quem diz que não se obtém resultado diferente fazendo as coisas sempre da mesma forma. O ato de observar tem sempre o mesmo resultado: aprende-se a antecipar/prever o que vai acontecer em seguida. Mas não dá para não observar e nem evitar o que decorre da observação.

Eu e o Batman somos almas gêmeas *saindo corações das pupilas*: somos bons trabalhando sozinhos.

P.S.¹: O texto não ficou como eu queria.

P.S.²: Lembro-me de terem pedido a senha do meu computador em 2012, a pretexto de “consertarem a internet” e, a partir daí, o perito judicial a quem eu prestava serviços começou a perder clientes e nomeações, sob alegação que as contas estavam erradas. Esse perito é pai da pessoa que pediu a senha e que mexeu ou permitiu que mexessem nas minhas planilhas. Tem que ser muito Mané para queimar o nome, prejudicar o trabalho e as finanças do próprio pai. Essas coisas não são mais passíveis de recuperção, mas as minhas planilhas estão “consertadas” – e preservadas bem longe de gente assim, que mexe no que não é delas.

domingo, 2 de junho de 2019

SUS (SISTEMA ÚNICO DE SOFRIMENTO)

#PraCegoVer Em azul, a expressão SUS e seu logo, uma cruz médica estilizada


É certo que, atualmente, sejam médicos particulares, de convênio ou do SUS, raramente encontramos alguém bom e competente de verdade. Abaixo dos 45, 50 anos é impossível, para os mais jovens, tudo é virose ou câncer. No SUS, então, é pior ainda. Receitam remédios fortíssimos que levam as pessoas a perderem a memória, dormirem por dias seguidos, ficarem com o pensamento embotado, perder potássio e cálcio a ponto de mal conseguirem se movimentar, além daqueles que detonam as enzimas do fígado e te levam à cirrose medicamentosa (sei que “remédio que não tem efeito colateral não faz efeito”, mas todo tratamento pode ser revisto, suspenso, interrompido, etc).

Quem sou eu para falar isso, vocês devem estar se perguntando, já que sou formada em Direito e tenho interesses voltados à Educação, ao Português e às Filosofias Clássica e Política, não é mesmo? Eu conto: sou alguém cuja família sempre foi “diferentona” em questões de saúde, sou alguém que tem muitas horas de hospitais, consultas, tratamentos, talvez mais horas que muitos médicos com menos de 40 anos por aí. Sou alguém que fala “pra caramba”, mas observo muito mais do que falo (quem me conhece pessoalmente consegue ter uma noção do tamanho da minha capacidade de observação).

Não, eu não sei “mais que os médicos” sobre a profissão deles e, por isso, pergunto muito, sobre muita coisa aos médicos com os quais me consulto regularmente, aos amigos médicos e da área da saúde que fiz ao longo dos anos... e, convenhamos, é muito menos complicado acreditar e confiar em alguém cujo caráter se conhece do que em um estranho – ou em um recém-formado, ou em algum médico brasileiro que teve que fazer o Revalida (ou algo equivalente em sua especialidade), ou que preste concurso no SUS porque não consegue ter clientes em virtude de sua falta de competência técnica (tudo isso é exemplo – e tem “um ou dois” fatos comprovados).

MUITOS médicos, uma infinidade deles, têm o ego bem maior que seus conhecimentos – e até os próprios médicos sabem disso sobre seus colegas, mas não falam, afinal, toda profissão tem um código de ética. MAS - tudo tem um ‘mas’ – eu, como  paciente, mãe, filha, neta, sobrinha, amiga de pacientes, posso falar o que eu achar que devo sobre a (in)competência de quem nos atende(u), seja no SUS, seja no particular, seja por convênio.

Vou dar alguns exemplos: ano passado, minha filha pegou catapora/varicela. Levei-a ao pronto socorro do Hospital 9 de Julho (em São Paulo,SP), que atende o convênio dela. Minha mãe, eu, minha filha, os enfermeiros da triagem, os seguranças do hospital... todos reconhecemos a catapora, MENOS A PORRA DO RESIDENTE/RECÉM-FORMADO QUE ESTAVA NO P.S. Enfermeiros colocaram minha filha no “isolamento” (estava cheio de velhinhos no hospital aquele dia, imagina se um deles pega catapora e morre? Aff) e o “super doutor” nos largou esperando “no isolamento” por 1h20min, com enfermeiras entrando e saindo da sala o tempo inteiro para “pegar material de curativo”.

Sério, ou aquela equipe é despreparada, ou é porca, ou é muito burra: COMO VOCÊ FICA DE ENTRA-E-SAI DE UM LUGAR COM UMA PESSOA COM DOENÇA INFECTO-CONTAGIOSA DE ALTA TRANSMISSIBILIDADE? E, para piorar, vem o jovenzinho de jaleco, e diz que “não tem certeza que é catapora, que várias outras viroses têm os mesmos sintomas” e todo aquele blábláblá de FALSA AUTORIDADE... ele só baixou as orelhas quando eu disse que estava com surto de catapora na escola da minha filha. O “doutor” perdeu meu respeito ali mesmo... e o Hospital 9 de Julho perdeu a minha confiança, assim como o Hospital Infantil Sabará também a perdeu anos atrás, quando, em menos de duas semanas e com um gasto desnecessário de R$400 em remédios, minha filha teve que voltar lá 4 vezes...isso mesmo, QUATRO vezes, porque, para os “pediatras”ela tinha virose (acho que eram “podólogos” que não conhecem bem o idioma e acham que pediatra é médico de PÉ, porque não é possível) – e antes disso, em 2006, um médico, já experiente, do mesmo hospital disse a mim e ao pai da que “pais jovens acham que tudo é doença”, que era para dar um anti-térmico para a menina porque ela não tinha nada e, 2 dias depois, voltamos lá e ela ficou internada por causa de pneumonia dupla.

Obviamente, enviei reclamação às ouvidorias de ambos os hospitais. No caso do “doutor” da catapora e de 3, dos 4 pediatras que atenderam minha filha no caso da sinusite, não sei o que aconteceu. Mas o sócio do hospital que desdenhou da preocupação dos pais e fez minha filha ficar internada por causa do próprio ego foi excluído do quadro de sócios e de profissionais de lá (e, por isso, voltamos lá depois – coisa que não fazemos mais depois da “virose”).

Esses são alguns dos ‘causos’ de médicos incompetentes/ególatras, mas tem um mais recente e esse é do SUS – e está me deixando bem brava.

Ao longo de 10 anos, tive alguns diagnósticos que não “se encaixaram” na realidade. Resumidamente: ansiedade generalizada (2010 e 2011), depressão unipolar (2010), depressão bipolar (2012), TEPT (2014), fobia social (2019). Os três últimos não se encaixam na realidade. Ora, se eu tenho TAG, obviamente, algo “menor” como a ansiedade social pode aparecer e sumir, afinal, não há “nada mais abrangente” que o TAG quando se refere à ansiedade (quem tem, sabe - é um inferno).

SÓ QUE parecia que “faltava alguma coisa”. Terapia não dava certo, remédio não dava certo... nada funcionava. Até que, ano passado, assistindo uma série comecei a pesquisar sobre outras coisas e comecei a correr atrás de métodos para investigar isso. Achei testes na internet: de QI, de Asperger, de personalidade, de TDA(h), de TOC... fiz todos os que me pareceram sérios (os que eram ligados a redes sociais e os que apareciam em sites de ‘falsas autoridades’ eu não fiz, porque se tem uma coisa que não se pode perder na vida é tempo).

O AspieQuiz foi recomendado por psiquiatras em grupos de autistas e uma neuropsicóloga me falou do RAADS-R. Fiz os dois, o resultado foi o mesmo em ambos (“positivo para Asperger” rs). Fiz avaliação neuropsicológica e o resultado foi o mesmo que tive aos 5 anos de idade: superdotação. E, em seguida, fui num psiquiatra especializado em TEA, recomendado, também, num dos grupos de autismo que eu participava e foram confirmados três diagnósticos: TAG, superdotação e Asperger.

Foram 10 anos correndo atrás de “consertar o que estava estragado” e dar um rumo para um tratamento eficaz. Nesse meio tempo, resolvi procurar a psicóloga da UBS que eu vou desde 2010. Conversei com ela sobre todos os diagnósticos, tentativas frustradas de tratamentos, a sensação de “estar faltando alguma coisa” e comentei como eu desconfiei da síndrome de Asperger e, então, a surpresa: ela descobriu que tem TDA de uma forma muito parecida com a que eu desconfiei do Asperger.

A partir daí, quando Dr. Leonardo (o especialista em TEA) fechou o diagnóstico, tudo começou a se encaixar, a “ficar redondo”.  E eu resolvi ir ao psiquiatra da UBS mesmo, porque não dá para pagar o Dr. Leonardo “toda hora”... Pior erro da vida.

Dei de cara com um ególatra cheio de tiques, que decidiu, logo na primeira consulta que o laudo do especialista está errado e decidiu que ia tratar o óbvio, aquilo que ele chamou de “fobia social”. Como eu estava, realmente, no meio de uma crise de ansiedade e sem condições de debater, peguei a receita e comecei a tomar o remédio. Afinal, o TAG pode ser controlado com serotoninérgico, mesmo que o infeliz queira chamar de “fobia social” que, “pasmem”, é uma das possíveis comorbidades do autismo (assim como o TAG e outros transtornos), mas o ‘supra-sumo do revalida em psiquiatria’ decidiu de cara o que eu tenho (assim como o do CAISM, na Vila Mariana, que me mandou tomar sonífero dos mais fortes, porque eu “tenho TAB” – típica atitude de médico do início do século XX – porque ele sequer sabe que o autismo em mulheres gera diversos dianósticos imprecisos ao longo da vida, já que tem muitas características diferentes do autismo em homens, o que torna mais difícil ainda de ser verificado) – e que “não estou no TEA”.

Um cara que usa a frase “em 30 anos de profissão nunca vi isso” como argumento não tem meu respeito. O cara cursou Psicologia (claramente para se entender, aqueles tiques não surgiram “ontem”), fez pós em Jung (e parece que não aprendeu porra nenhuma), daí fez Medicina... levou tempo para fazer a (primeira) especialização (inválida) em Psiquiatria e só conseguiu validar a Psiquiatria dele em 2012... E ME VEM COM A PORRA DE ARGUMENTO DE TRINTA ANOS DE PROFISSÃO? Vai tomar no meio do seu cu, moço!

O que passa na cabeça desses caras de soltar um diagnóstico numa primeira consulta? Será que eles acham que ninguém percebe a desconexão deles com a situação ou a cara de desprezo que fazem enquanto o paciente fala? Vão tomar no cu (de novo), os dois. O residente e o ególatra revalidado.

Pior que o ego dos dois, foi o “doutor revalida” se negar a fazer um serviço meramente burocrático (preencher um formulário que será entregue num órgão público acompanhado do laudo do especialista) e humilhando paciente (não fui a primeira, não serei a última – afinal, o ego ali é gigante e os comentários de pacientes pelos corredores da UBS são constantes).

Esse infeliz, além de estar tentando aplicar Jung em mim (erro dele achar que eu não percebo) e tomar as rédeas do tratamento que a Dra. Fernanda está fazendo comigo, está tentando me jogar no “limbo” de novo. Eu, realmente, não sei com quem ele quer medir forças, se é comigo, por não abaixar a cabeça para a falsa autoridade dele, com a Dra. Fernanda (já que ele é junguiano antes de ser psiquiatra) ou com o Dr. Leonardo. Em qualquer dos casos, a atitude só denota insegurança e incompetência. Recuso-me a voltar para o limbo.

Saber a matéria para passar em concurso público (forma de admissão de médicos pelo IABAS, que administra a UBS que eu vou) não é mérito profissional. Qualquer pessoa que sabe a matéria de uma prova tira nota boa e “passa”, mas isso não é diretamente proporcional à competência/habilidade profissional. Está cheio de juiz dando sentenças ruins porque acham que “sabem tudo” por terem passado em provas teóricas.

“Ser bom no que faz” não é só saber a teoria ou só saber a prática ou só aplicar as coisas “no lugar certo, na hora certa”. Ser bom no que faz engloba caráter, personalidade, habilidade técnica e “jeito”. No caso de pessoas que trabalham na área da saúde, atualmente, você encontra rotineiramente alguns tipos: os incompetentes, os ególatras, os que te tratam feito retardado achando que estão fazendo um “atendimento humanitário” e os que acham que não precisam continuar estudando, lendo, se aperfeiçoando. Os bons estão cada vez mais raros (e nem sempre o mais caro é o melhor, mesmo que o Brasileiro médio acredite nisso) e, no geral, os bons  de verdade não têm problemas de ego.

O mesmo acontece com a área jurídica e na educação. Os três pilares principais de toda e qualquer sociedade estão, pelo menos no Brasil, ruindo... ruídos, rotos, desmantelados. E não há ouvidoria e auditoria que resolvam.


E isso tudo, mais uma vez, reforça a visão de Schopenhauer sobre a arrogância e a prepotência: o prepotente acha que pode e que “é”, o arrogante simplesmente pode e simplesmente é. Dificilmente se vê pessoas arrogantes pelo mundo. Em compensação, está tudo inundado de prepotentes.

Aos arrogantes, meu respeito. Aos prepotentes,minha indiferença (e sarcasmo).


P.S.: Engraçado que o Fábio (um amigo da época de faculdade), numa postagem do Facebook disse “Veri sempre diferente”: agora se sabe o porquê =D (essa observação dele me vêm à mente toda vez que eu faço algo “diferente” para os padrões neurotípicos haha).

P.S.²: Será que se eu fizer uma vaquinha online eu consigo ir no Dr. Leonardo a cada 2 meses? *scratching head*

P.S.³: Vem mais textão por aí.

sexta-feira, 1 de março de 2019

"ASPERGER É ALGO MUITO SÉRIO"



Sério mesmo que Síndrome de Asperger é algo muito sério? 😒

Tenho amigos médicos. Que me lembre, pelo menos duas psiquiatras, dois radiologistas (se não me engano), uma ginecologista, uma neurologista e uma nefro (que faleceu ano passado). Isso sem contar psicólogos e fisioterapeutas.

Quando desconfiei que era Asperger, no início, até entender o que era, como era, porque era, como funcionava, o que fazia "em mim", etc, eu fiquei quieta a respeito disso. Fui pedir ajuda a duas psicólogas (uma prima e uma amiga), em meados de 2018 e, uma não soube o que fazer e deixou isso claro de cara; a outra, disse que sabia pra caramba sobre autismo e, de repente, não sabia mais nada, mas afirmou CATEGORICAMENTE que eu NÃO era Asperger (ela sabe tanto de autismo que esqueceu que autismo não tem cara).

Depois disso, em meus dois perfis do Facebook, PEDI ABERTA E PUBLICAMENTE indicações de profissionais que pudessem avaliar/diagnosticar UM ADULTO. Nada. Nem meus amigos médicos indicaram ninguém, nem nada. Entrei em contato com o CAPS Itapeva: "não atendemos casos como o seu". Perguntei na UBS: "você não vai encontrar profissionais capacitados para te atender no SUS, talvez na UNIFESP.". UNIFESP, USP: só atendem crianças. Pensei: "ah, vou tentar a clínica da Psicologia do Mackenzie, vai que dá certo?" Deu. Eles têm um Laboratório de Autismo que atende todas as idades, gratuitamente, MAS TEM UMA FILA DE ESPERA DE 2 ANOS. Me inscrevi, óbvio.

E nesse meio tempo, pesquisa vai, pesquisa vem. Aspeger, Kanner, Autismo Clássico, Autismo Leve, de Alto Funcionamento, o que é igual, o que é diferente, por que nas mulheres não aparece, por que nos adultos não é diagnosticado, o que faz confundirem com TAB, Borderline ou qualquer outra dessas coisas que todo mundo considera "doenças de gente louca" (e não são), autistas podem ser superdotados ou não, superdotados podem ser autistas ou não, qual a diferença entre o Sherlock do Cumberbatch e eu, a diferença entre o Dr Estranho e eu, a diferença entre o Sheldon e eu e centenas de outras perguntas que passaram e ainda passam pela minha cabeça, cada vez que eu vejo uma merda sendo falada  por um neurotípico ou por um TDAH, seja ele médico ou advogado (ou não).

A minha sorte é que minha filha também é curiosa para coisas estranhas e ela ficou bastante tempo vendo vídeos e lendo sobre distúrbios de personalidade. Ficou muito claro e óbvio, para mim (e para ela e até para a minha Psicóloga, que é TDA sem H e maravilhosa e que eu dei a sorte de encontrar no SUS), que eu não tenho TAB, nem Borderline, nem Esquizofrenia ou outras dessas disfunções que eram confundidas com autismo em seus vários graus.

Com tudo isso, resolvi procurar, a conselho de uma senhora gaúcha (psicóloga), uma neuropsicóloga. Descobri que a avaliação é cara (kkkk). Passei por ela e fui "diagnosticada" com Superdotação e depressão leve. Por que não o Asperger? De acordo com ELA (e a maioria dos médicos do SUS e dos não-especialistas em autismo), porque:

a) o stim de "balançar e repetir" que eu tive aos 6 anos, no ápice do medo (o segundo, tendo sido o primeiro o dia em que quase me afoguei) foi só uma "crise de abstinência" pela falta do remédio que o neuropediatra tinha receitado e eu tomava para "controlar minha atividade cerebral" (leia-se: me deixar dopada e mansa dos 4 aos 6 anos de idade);

b) porque o prejuízo nas minhas "interações sociais" começou "só aos 4", depois da idade que o DSM-V determina como limite (3 anos) para o diagnóstico dos 3 tipos de autismos que cataloga (leve, moderado, severo);

c) porque eu sou superdotada e SD e SA têm características semelhantes e a SD exclui a SA (oi?!?!?!?!... é, ela me disse isso...rs)

Cheguei em casa, li o laudo e não entendi nada. Entrei na internet, procurei textos sobre SD e SA e achei 2 grupos no Facebook (um de superdotados e outro de dupla excepcionalidade, ou seja, autistas superdotados). Comecei a aprender várias coisas "práticas", mais sobre os aspergers que sobre os superdotados.

No caso dos Superdotados, todo mundo acha que a gente tem "super poderes", "super conhecimentos", que "podemos tudo" e que se não conquistamos coisas é porque não nos esforçamos ou coisa assim, ficam inconformados do mundo estar cheio de SDs desempregados, pobres e anônimos e acham que essa informação é falsa rs. No caso dos Aspergers, todo mundo acha que somos (de modo bem resumido) "mimados, birrentos e anti-sociais". A única verdade disso é que somos anti-sociais, até mesmo entre nós.

Aprendi que a superdotação mascara sintomas da síndrome, principalmente na mulher. Aliás, a síndrome se mascara "por si" na mulher, por conta do tipo de educação que mulheres e homens costumam receber (elas mais recatadas, eles mais arteiros... e isso retrai ou libera sintomas). Aprendi que há muito mais mulheres adultas portadoras da síndrome de Asperger do que o mundo acredita ou percebe. E que há muito mais Aspergers adultos sem diagnóstico do que os fanáticos pelo DSM-V admitem ou querem enxergar.

No grupo de dupla excepcionalidade aprendi que as mães neurotípicas sofrem pra caramba e que os filhos aspergers também. Descobri que mães que são aspergers sofrem pra caramba e que seus filhos, aspergers ou não, são "menos pressionados". Descobri que tem mãe neurotípica que fica procurando cura para o autismo, culpando as vacinas pelo autismo dos filhos, que não se conformam dos filhos serem assim... como se elas fossem vítimas de algum tipo de relacionamento abusivo. Descobri que o que sinto por elas é muita raiva e zero respeito. Sabem por quê? Porque autismo (seja Kanner, seja Asperger) NÃO É DOENÇA. E o que não é doença não tem cura (leia mais aqui).

Depois que fui na neuropsicóloga e entrei no grupo de D.E., me disseram para ir a um psiquiatra especialista em autismo, porque é o profissional mais indicado para esse diagnóstico em adultos. Pedi indicações novamente pelo Facebook. De todos os amigos e de todos os amigos-médicos, quem se manifestou? As psiquiatras? NÃO. A radiologista que, por coincidência, tem uma filha de 14 anos, asperger.

Conversamos MUITO. Falamos sobre a síndrome, falamos sobre a filha dela, sobre mim, sobre remédios, como os remédios funcionam num cérebro neurotípico e no nosso (neurodiverso), e muitas outras coisas. Nesses dias, eu já tinha feito o Aspie Quiz três vezes (entre maio/2018 e jan/2019) que tinha sido indicado por um psiquiatra no grupo de dupla excepcionalidade, pra "ter certeza" do que estava lendo no relatório do quiz e já tinha lido, relido, marcado e remarcado MUITAS características minhas na Lista da Samantha Craft e na Lista de Características da Mulher Asperger Adulta . Ambas as listas ficaram 98% coloridas com marca-texto. Pedi para minha mãe revisar e as listas viraram um carnaval (a cor da minha caneta era diferente da caneta da minha mãe, pra facilitar a comparação).

"Todo mundo" achava que eu era aspie. Eu, minha mãe, minha amiga, minha psicóloga, meu clínico geral, minha ginecologista achávamos que eu tinha Síndrome de Asperger... menos a neuropsicóloga e a ex-amiga psicóloga que "sabia bem" sobre autismo.

No final de janeiro, fui num psiquiatra especialista. Entrei na sala, contei a história da forma mais resumida e objetiva possível, porque eu não aguento mais repetir essa merda (diagnóstico de TAG em 2010, diagnóstico de TAB em 2012, remédios não fazendo efeito, alergia a antidepressivo, hiper-sensibilidade a ansiolíticos e anestésicos, anorexia umas várias vezes desde a adolescência até os 35, não suportar barulho, luz e cheiros, passando pela questão de idade, dos focos irritativos no cérebro na primeira infância, toda a peregrinação atrás do entendimento do que era o Asperger e outros detalhes menos importantes). Quando eu terminei, avisei que tinha terminado e respirei fundo, ele deu uma risadinha e disse "vi que você é Asperger quando passou pela porta, nem precisava ter contado a história toda" (mentira, ele já tinha ido me encarar na sala de espera e eu já não tinha conseguido encará-lo de volta - paquerar na balada era mais fácil haha). Ele não me aplicou testes porque eu fui com "os testes prontos". A consulta que era pra levar uma hora e meia levou uns 20 minutos. Então, realmente, autismo não tem cara, mas Asperger tem "jeitão" (que eu ainda não descobri direito todo o padrão, mas compilarei as características desse "jeitão aspie" em breve 😀).

De janeiro para cá, tirando a amiga-médica-mãedeaspie, nenhum amigo falou nada. Tá todo mundo com o cu na mão de me ofender, só pode! 😂😂😂😂😂 Gente, eu só tenho uma sindromezinha de nada ahahaha.

Eu não gosto do termo autista, que significa voltado para dentro de si mesmo, porque ele carrega um estigma muito triste e pesado, direcionado à síndrome de Kanner no seu estado mais grave, que é a pessoa que não fala, não anda, não aprende, que se machuca e machuca os outros, que não consegue se expressar de outra forma, como naquela propaganda do Governo Federal, nos anos 80 ou 90, que tinha a sombra de um menino sentado, sozinho, numa cadeira, contando os dedos e se balançando para trás e para frente. A imagem dele era desoladora e a forma como ela foi transmitida (escura, como se ele estivesse abandonado num quarto de hospital) era muito angustiante. Eu via aquela propaganda e dava graças a Deus de não ser autista. Eu cresci vendo o autismo como algo ruim, porque as pessoas eram consideradas "bobas", "retardadas", "deficientes", "incapazes" e diversos outros termos "capacitistas" (palavra que estou incorporando ao meu vocabulário, a contra-gosto e apenas como meio de defesa). Eu nunca vou gostar do termo "autista". É feio. É triste. É solitário. Eu prefiro a palavra "síndrome" seguida do nome do cara que a "descobriu". Então, raramente vocês me verão dizendo que "sou autista". Vocês me verão dizendo que sou "Asperger" ou "aspie" ou "superdotada nerd" rs.

Mas, voltando ao assunto...
Ninguém fala nada. Ninguém indicou ninguém quando eu perguntei (exceto pela Adri). E, as outras vezes que uma outra amiga médica se manifestou, foi uma das psiquiatras, que insinuou, implicitamente, que eu não tinha asperger, que o diagnóstico estava errado, que fui diagnosticada porque está na moda e que "Asperger é algo muito sério". Ah, vá! Puta que pariu, minha filha, você vem dizer PARA MIM que Asperger é algo muito sério?!?!?!

Aspergers, em geral, não tem retardo. Ou será que o DSM-V também restringe o QI do autista leve/de alto funcionamento? Talvez se deixassem tudo como era no DSM-IV, as coisas estariam sendo muito mais tranquilas para os Aspergers, principalmente os adultos que são diagnosticados tardiamente e, durante anos, tinham sido diagnosticados com coisas que "não se encaixam" com nada do que eles sentem e/ou conseguem expressar. O DSM-V é uma merda e o CID-11 vai ser outra.

Eu já vi gente dizendo que era autista severo e passou a autista leve porque teve os estímulos corretos. Já vi gente dizendo que autistas leves e aspergers são "coisas diferentes" e que um autista leve pode nunca ser asperger, mas que um asperger sempre será um autista leve.

DECIDAM-SE, PORRA! E tomem vergonha na cara. Se querem contestar um diagnóstico, procurem o colega que o deu e conteste cara a cara, como colega de profissão, MAS NÃO FIQUEM FALANDO MERDA PRA PESSOAS QUE ESTÃO TENTANDO SE TRATAR. Ou então, toma a dianteira quando alguém pedir uma indicação e realize a avaliação. Ou então, pare de achar que só porque é asperger é retardado ou burro.

Esse tipo de coisa, vindo de "réles mortais", OK. Mas vindo de MÉDICO!?!??! É de cair o furico da poupança. Médicos tenham a decência de deixar a gente FORA DA FOGUEIRA DAS VAIDADES DE VOCÊS. Quando alguém pedir ajuda, AJUDEM, caramba, em vez de ficarem contestando tudo, sem explicar NADA do que falam.

Fim.

domingo, 24 de fevereiro de 2019

CARTA AO PAI QUE ESTÁ NO CÉU

Meu Heroi

Pai,

já vai fazer 22 anos que você foi embora e, cada vez que eu acho que a saudade vai diminuir, acontece alguma coisa e, “pimba!”, ela volta com tudo. Espero que você esteja podendo acompanhar, ao menos de quando em vez, as coisas que andam acontecendo com a gente e que isso não esteja te atrapalhando aí desse lado.

Você está bem? Espero que sim e espero que esteja olhando para esta situação da mesma forma que Gabriel e Maria Eduarda. Sei que os olhos da alma vêem diferente da forma que vêem os olhos do corpo e, por isso, me sinto à vontade para falar com você, agora, do jeito que deveria ter falado a vida inteira.

Cara, que humor “duca” você tinha. Quando uma criança (como você e eu fomos) ia entender que só a Mãe queria trazê-la para casa quando a achou na lata do lixo, mas o Pai não? Esse insight foi tão importante pra mim, mudou completamente TODO o sentido da minha infância e muito da minha visão sobre você e sobre como as coisas poderiam ter sido menos estressadas entre a gente.

“Se você fosse moleque, um dos dois já tava morto!”
Ahaha É, Pai, ainda bem que eu não era um moleque. Ou melhor, eu não era um moleque no sentido literal da palavra, né, afinal, nasci menina, mas fui levada e respondona – assim como todo bom e velho MOLEQUE =)

Me desculpa por eu não ter sido a princesa que você esperava e queria que eu fosse. Não tinha como, e eu sei e você sabe que eu me esforcei. Você viu na prova do vestido, você viu no baile de debutantes, você viu naquele aniversário na casa do tio Beto que você acabou não indo... e eu queria tanto ter ficado lá com você, ia ter sido tão mais legal! Você algum dia, nesta Terra ou nessa aí que você está, já parou pra pensar quantas oportunidades depois dessa a gente teve de ficar só nós dois conversando, nem que fosse pra dar quebra pau em algum momento? Não teve mais. A gente não teve mais nenhuma. E você me forçou a ir naquele aniversário.

Você também “meio” que me forçou a fazer Direito, né? Viu o estrago? *grinz* Já que não era pra ter feito Letras e ter ficado pobre por ser Professora de Português, pelo menos eu teria ficado pobre por terem acabado todos aqueles processos bons da Justiça do Trabalho por causa das decisões que aquele sapo sindicalista tomou em relação à NOSSA profissão. Fui mais Perita Contábil que Advogada em todos esses 20 anos. Viu? Viu? Viu? Porra, Pai! ¬ .¬ rs

Eu não sei como você e minha Mãe não perceberam ou não entenderam que, como você bem dizia, “eu fazia a guerra pra conseguir a paz”...eu nunca gostei de bate-boca (nem de audiência). Não é porque eu batia boca que eu gostava disso. Tinha gente que “pedia” ou me obrigava. Você sabe, Pai, você sabe. Agora, pensa: pra não precisar bater boca, eu tinha que ser ninja como você e seus amigos que fazem xixi no cavanhaque (bwahahaha aprendi a fazer deboche descaradamente depois que você se foi). Bem que eu queria, Pai. Seria bem útil agora cobrir de porrada uns certos genitores que estão espalhados pela região Sudeste do País. Tem nego que pede pra ser quebrado em quatro e que merece isso (e eu sei que você sabe disso melhor que eu e mesmo que desse lado aí você esteja vestindo túnica azul e calça reta confortável e tomando sopa com gosto de água todo dia, sabemos que do lado de cá, a coisa já teria sido resolvida de “jeitos mais resolutivos” se você estivesse aqui).

*respirando quadrado quatro vezes: inspira em quatro tempos, segura o ar em quatro tempos, solta em quatro tempos, segura sem ar por quatro tempos*

Fui comer um canto de dedo agora e vi a sua mão, não a minha (até isso, aff, hein, Paiê!)

Eu fico pensando se você estivesse aqui quando comprei o livro Adultos Índigo e, quando li a introdução pros Velhos, enquanto eu estava ali, tentando achar uma forma saudável de me comunicar com ela, ela “só teve olhos pra você”. E quando o texto acabou, o Vô percebendo tudo daquele jeito que você sabe e ela dizendo que eu não era como você porque “o Mário Luiz era tão bonzinho” (e eu sou tão ruinzinha ¬.¬ rs). O que você teria feito? Me conta por um sonho daqueles como o da pizza e do filhote de cocker inglês branco e laranja? Foi tão legal aquele sonho, senti você tão perto de mim e de um jeito que eu nunca tinha te visto.

Também fico pensando se você estivesse aqui quando assisti Doctor Strange e a série Sherlock, com o Benedict Cumberbatch... tenho 101% de certeza que você diria que o ator-galã estaria muito mais para o Alan Turing que para os dois “herois”, afinal... eu consigo te ouvir dentro da minha cabeça dizendo meio rindo que “esse cara é v*ado”, assim como você disse do Juquinha, do Wilson e teria dito dos que vieram depois que eu sei, porque essa é uma daquelas coisas legais que não mudaram antes e não teriam mudado agora.

Você sabe, né...que eu vou ter que conversar com o Vô e que nós precisamos falar sobre outro alemão que não é o Alzheimer, é o Asperger. Já imaginei um monte de reações que você poderia ter tido:

“Autista é o caralho.”
“Esse médico tá errado.”
“Vai tomar no cu.”
“Palmeiras não tem mundial, porra!”

Ou:
(rindo daquele jeito rouco “heheheee”, com o sorriso largo e chacoalhando os ombros)
“Agora tá tudo explicado!” (e continuaria rindo)

Eu, honestamente, gostaria que fosse do segundo jeito, do jeito leve, do jeito engraçado, do jeito de rir de si aos 70 anos e da cara da própria filha aos 42. Ia ser muito legal, Pai, fazer essa jornada ao teu lado, pelo tempo que fosse possível. Pensa: pelo menos aquela brincadeira besta da lata do lixo foi explicada, pelo menos todas as nossas brigas foram explicadas, pelo menos todos os seus períodos de isolamento e de cabular aulas pra jogar basquete e de ser manteiga derretida com passarinho machucado e de aguentar o Johnny dormindo em cima de você mesmo não gostando de gatos, de dar cambalhota e cair em pé pra buscar o Egeu fujão...

Ah, Pai, que merda! Por que você tinha que morrer antes da gente descobrir a razão de todas as coisas, das piadas que você fazia e ria sozinho (assim como acontece comigo), das relações de codependência e da porcaria de comportamento que a gente tem (você tinha, né rs) de se submeter ao que está ruim para não desagradar, não magoar ou não perder pessoas que, se pensar bem, talvez deveriam “ter se perdido sozinhas” no  tempo. Você ia ter paz. Eu ia ter paz. Minha mãe também. Essa hora a gente poderia estar morando em um sítio na praia e ter “fugido” de todos os estressores e gatilhos (era só desligar telefone e trancar o portão). *batting angel eyes*

Queria voltar no tempo. Queria ter tido mais tempo. Queria que a gente passasse por essa juntos, porque a gente ia acabar se entendendo e se dando bem de um jeito ou de outro. Sinto tanta tristeza de pensar que quando a gente conseguiu ficar amigos você se foi. E isso foi um saco, cara. Isso foi um saco. Está na cara que esta jornada é só minha.

O que você sentia? Eu ainda tenho os stims de estalar (o maxilar, não, dá medo de quebrar a cara no meio rs) E aquela tristeza no aniversário, hein? Faz uns anos que ela tá me rondando. Eu não gosto mais de comemorar (se tivesse motivo...quem sabe). Também não gosto mais de sair de casa (agora que você ia ficar feliz, né... imagina, a princesa-ogra enclausurada, que linda? – só faltava ficar verde, baixinha e gordinha e chamar “Feiona” rs) – e gosto menos ainda de ir em lugares “cheios” (como a casa dos Velhos com mais gente que eu e eles rs). Tudo estressa e eu sei como você estava se sentindo nos últimos tempos. Sei como era aquele cansaço e aquela vontade de ficar sozinho, no escuro e em silêncio, com os olhos fechados (aqui em casa nunca deu muito pra fazer isso, a não ser que você – ou eu – estivesse sozinho(a)).

Eu ainda não sei bem o que fazer com tudo o que está acontecendo, mas acredito que informar quem não sabe, ou sabe e tem preconceito, ou tem medo ou qualquer outra coisa negativa já é alguma coisa, e eu já estou fazendo, pelo menos até a hora que eu descobrir que cazzo eu vim fazer aqui (sim, toda essa bagunça me dá uma certa ideia, mas se você souber com certeza, manda recado ou mostra no sonho).

Você veio fora de hora, Pai. Você foi embora fora de hora. Você foi um dos caras mais fodas que eu já vi por esse mundo (talvez você perca para o Stephen Hawking e o Steve Jobs, mas ainda está acima do Ayrton Senna – não xinga!).

Eu vou sentir sua falta pra sempre e vou amar você pra sempre também. Agora todas as peças do quebra cabeça estão indo para os seus lugares sozinhas, então, acredito que Hans Asperger tenha vindo para libertar a gente (e o Vô).

Você sempre vai ser o meu heroi, o que me salvou de me afogar. Sempre vai ser O CARA (sem nenhum complexo de Electra, porque isso é nojento rs).

Espero que quando eu chegar aí a gente possa se encontrar, nem que seja na “portaria”.
Eu te amo, Pai. Até breve!

[Este texto não observa todas as regras gramaticais da norma culta do idioma. Beijinhos de luz.]

domingo, 3 de fevereiro de 2019

NEURODIVER...TIDOS

Novo símbolo da Neurodiversidade (Asperger/Autismo) - eu não gosto.

[EDIT] Se você for AHSD e se encaixar na maior parte do texto, talvez queira procurar um psiquiatra especialista em TEA - Transtorno do Espectro Autista na sua cidade ou região para fazer a avaliação e descartar ou confirmar sua condição de aspie. Os AHSD são neuro...divertidos também por conta do funcionamento cerebral diverso do funcionamento típico ou padrão, mas você ainda pode ser duplamente excepcional. E isso é muito legal. Experiência própria. Agora, ao texto!

 
Vocês sabem o que é uma síndrome?

Para começar, vamos falar sobre o que uma síndrome NÃO É. Síndrome NÃO É DOENÇA. Portanto, NÃO TEM CURA. Feito esse ligeiro esclarecimento, vamos ao conceito positivo, ou seja, o que a síndrome é.

Síndromes são conjuntos de características que identificam certos tipos de pessoas no mundo. Essas características independem de uma causa ou origem. Ou seja, não importa de onde ou por que essas características se juntam, importa é que elas se juntam e caracterizam as pessoas. Características não têm cura. Você não fala para alguém com cabelo crespo (ou liso) “curar” aquele tipo de cabelo, ou a cor de pele ou o tamanho do pé ou o formato da unha do dedo médio. Cada um tem as suas características próprias e são essas características que, apesar de fazermos parte de diversos grupos ao longo da vida, nos distinguem como indivíduos. Por exemplo: morenos têm cabelos escuros, loiros têm cabelos claros, ruivos têm cabelos tingidos (rs). Essas coisas não são curáveis. Você não fala para alguém que tem heterocromia que a pessoa precisa “curar o olho que tem cor diferente”, nem para quem tem síndrome de Down que ele precisa curar o formato de olho que o identifica frente a pessoas comuns. A síndrome de Asperger tem como uma das características a deficiência nas habilidades de interação social. A síndrome de Down tem como uma das características a hipotonia (fraqueza) muscular. A AIDS (SIDA, em Português, Síndrome da ImunoDeficiência Adquirida) tem como uma das características a falência progressiva do sistema imunológico.

São três síndromes, ou seja, três conjuntos de características específicas para três tipos de pessoas diferentes, não são doenças, não têm cura. Doença, de acordo com a OMS, é “ausência de saúde”. Ora, síndromes não são “falta de saúde”. Como todo e qualquer ser-humano, aspies, downs e soropositivos podem ficar doentes, mas não são doentes. Pneumonia e tuberculose que frequentemente atingem os HIV+ são doenças; a AIDS não é. A tendinite, bursite, atrite, etc, que podem atacar os Downs são doenças, a síndrome de Down, não. E a mesma coisa é com a síndrome de Asperger, não é doença, apesar de haver doenças que podem afetar seus portadores com mais frequência (ansiedade, depressão, anorexia, etc).

Além disso, síndrome também é diferente de transtorno, e ambos são diferentes de distúrbio.

Transtornos são causados por disfunções na região frontal do cérebro, gerando perturbações psicológicas ou psiquiátricas. Já os distúrbios são atividades cerebrais anormais violentas que geram comprometimento neurológico em uma ou mais áreas da vida.

Falei tudo isso porque a maioria das pessoas, em primeiro lugar, fica triste (parece até que morreu alguém) quando descobre que alguém é Asperger ou autista; depois, as pessoas começam a procurar uma cura e, quando não acham, ficam tentando fazer com que o aspie ou autie seja da forma que elas querem ou esperam que sejamos, da forma que a “sociedade aceita”, para não se sentirem constrangidos, para não “passarem vergonha”.

Pais, mães, tios, avós, primos, parentes, amigos, conhecidos, chefes, colegas de trabalho: PAREM! Essas tentativas serão sempre frustradas. Nós não precisamos ser curados. E, para ser bem sincera, a maioria de nós nem quereria ser curada. Sabem por quê? 

Porque nós passamos a vida tentando ser quem vocês querem que sejamos. E isso dói.
Porque nós passamos a vida tentando fazer as coisas do jeito de vocês. E isso dói.
Porque nós passamos a vida tentando agradar vocês de toda forma possível. E isso dói.
Porque nós passamos a vida tentando nos adequar aos padrões sociais de vocês. E isso dói.
Porque nós passamos a vida tentando ser normais e nos encaixar. E isso dói.
Porque nós passamos a vida tentando ser e fazer tudo o que é “normal”. E isso dói.

E isso tudo dói porque não queremos decepcionar vocês, não queremos magoar vocês, não queremos deixar vocês tristes ou irritados ou preocupados ou frustrados ou nervosos. Dói porque queremos que vocês se sintam amados e queridos e, na maior parte do tempo e das vezes que tentamos, nem isso conseguimos fazer. Dói porque seria mais fácil para todo mundo se fôssemos comuns, “padrãozinho”, neurotípicos, mas nao somos!.

Cada vez que vocês querem uma cura e tentamos nos adequar, é um pedaço de nós que fica com uma ferida aberta que leva ANOS para fechar (isso se e quando fecha, porque muitas ficam abertas para o resto da vida ou até que descubramos um “elixir cicatrizante” que só nós mesmos para “fabricarmos” ou encontrarmos).

Cada vez que vocês desejam intimamente ou rezam a Deus para que nós, aspies, sejamos normais, vocês estão querendo anular um pedaço de nós, nossa personalidade, nosso jeito de ser... pedem a Deus para anular as características que fazem com que nós sejamos nós. Vocês, pais e mães, nos viram nascer, nos educaram e nos criaram, nos alimentaram, nos deram educação e instrução e sabem que, se fosse para nós mudarmos, já teríamos mudado, logo após a adolescência. Já teríamos amadurecido (de verdade e não precisaríamos “fingir” o tempo todo que somos adultos durões e sabidos e maduros e etc). – Dizem que os autistas não sabem brincar de faz de conta? Pode até ser, mas os Aspergers sabem e é o que fazemos de melhor: interpretar papéis diversos para nos adequarmos aos ambientes sociais em que somos obrigados a estar e conviver. Isso tem nome: ECOLALIA SOCIAL. E ecolalia social é uma característica da nossa síndrome. É uma característica nossa. Imitamos o comportamento do grupo para poder estar lá com o grupo. Isso não significa que nos sintamos parte do grupo. Na maioria das vezes, não nos sentimos. Nem no grupo familiar (em verdade, a família tende a ser o grupo mais estressante, porque nos cobram satisfações, comportamentos, presença, etc – e é o grupo que mais parece NÃO saber respeitar limites, de ninguém, principalmente dos que não se encaixam nos padrões estabelecidos pelos que “nasceram antes”).

Proponho um exercício

Coloquem-se no nosso lugar e tentem ver o mundo com os nossos olhos e sentir o mundo com os nossos sentidos. Se vocês conseguirem se colocar no lugar da gente, nem que seja por alguns segundos, perceberão o quanto é difícil para nós vivermos num mundo neurotípico (ou “normal”, como todos costumamos dizer). O grande lance é: nós, neurodiversos, TAMBÉM SOMOS NORMAIS, só que um “normal diferente”. Típico significa igual; diverso significa diferente. Os neurotípicos vêem e sentem o mundo e as coisas em um ou poucos níveis de amplitude e profundidade. Nós, os neurodiversos, vemos e sentimos o mundo e as coisas em MUITOS níveis de amplitude e profundidade. Neurotípicos olham, às vezes até enxergam, mas não vêem além”; nós, neurodiversos, olhamos, enxergamos e vemos além, em detalhes. Neurotípicos ouvem, mas não escutam; nós ouvimos, escutamos tudo (até o que não queríamos ou gostaríamos de escutar) e, para piorar, “ressoamos” todos os sons, ruídos e barulhos, cores, odores, temperaturas e texturas dentro de nossos ouvidos, cabeça, cérebro, coração, pulmões, sistema circulatório e digestivo por mais tempo, por muito tempo. E isso nos esgota, nos cansa muito. É por esse monte de coisas que vemos, ouvimos, sentimos, tudo junto, misturado, ao mesmo tempo e por tempo prolongado que nos cansamos com mais facilidade que neurotípicos. Até mesmo no trabalho, a intensidade da nossa dedicação é muito grande e forte e acabamos nos cansando mais em menos horas – mas isso não significa que trabalhemos menos, que nosso rendimento seja baixo ou que nosso trabalho seja de menor qualidade. Não somos preguiçosos, só nos cansamos com mais facilidade. Não temos “cansaço crônico”, temos hipersensibilidade sensorial e quando nos sentimos sobrecarregados, ou seja, quando recebemos excesso de informação do ambiente externo, temos um overload sensorial e podemos ter: a) um burnout (exaustão física e mental, ressaca social); b) um shutdown (o cérebro “trava”, assim como um computador com diversas janelas, programas e abas abertas ao mesmo tempo) e nos isolamos “até passar” a sobrecarga; ou, c) ter um meltdown (colapso nervoso/crise). É na hora do shutdown que as pessoas nos julgam e ficam insistindo para que compareçamos a eventos sociais e é na hora do meltdown que as pessoas sentem vergonha – ou raiva – de nós.

Não é fácil ser como nós. Mas ser como nós não é “chato” como ser como vocês. E é agora a hora de responder à pergunta que fiz lá em cima: “Por que a maioria de nós não quereria ser curado se precisássemos de cura?”

Porque, como qualquer outro ser-humano deveria, nós, aspies, gostamos de nós mesmos, gostamos de ser como somos. É divertido ser como nós. É irritante ser como nós. É inteligente ser como nós. É esquisito ser como nós. É diferente ser como nós. É legal não ser como todo mundo. É intrigante ser “imprevisível”. É interessante ser como nós e saber tudo sobre como é ser como nós. É ótimo ser focado em alguma coisa útil (conhecimento é SEMPRE útil). É bom ser bom, honesto, companheiro, bobo, inteligente e lerdo ao mesmo tempo, falar bobagens e rir de si mesmo. É engraçado rir de tudo (até da cara dos outros e até nas horas mais impróprias). É leve ser adolescente para o resto da vida. Vocês podem não gostar do jeito que somos, mas nós, a maioria de nós, pelo menos, gostamos de como somos. Nós nos aceitamos e nos amamos, intimamente, não precisamos mostrar isso para os neurotípicos.

E por que a gente não mostra? Porque tudo o que faz parte de nós, que gostamos em nós, é alvo de críticas, julgamentos, esteriotipação, comparação, rejeição... Mas isso é simples de entender: se neurotípicos detonam outros neurotípicos, por que não detonariam neurodiversos? Se não sabem ou não querem respeitar seus iguais, por que respeitariam os diferentes?

Ninguém é perfeito. Neurotípicos têm suas características próprias e nós, neurodiversos, passamos a vida tentando entender, aceitar, tolerar e conviver respeitosamente com essas características próprias dos NTs. Neurodiversos vivem e deixam os NTs viverem. Então, seria legal se os NTs fossem mais recíprocos e, tendo seu cérebro funcionando “normalmente” (será mesmo? rs), tentassem entender, aceitar, tolerar e conviver respeitosamente com as características próprias dos neurodiversos, principalmente os aspies, que são bem anti-sociais, mas são os que mais estão presentes na vida dos neurotípicos (em geral, estamos camuflados, por auto-defesa, ou por sermos ignorantes de nossa condição de NDs).

Essa convivência seria facilitada se mais informações sobre as nossas características fossem conhecidas por mais neurotípicos. E mais ainda se os NTs que convivem conosco não sentissem vergonha de nós por sermos como somos (a gente percebe, mas não fala nada). Pais, mães, familiares, amigos... vocês não têm que (nem devem) nos explicar para os outros como se não tivéssemos voz. Quando somos crianças, não prestamos atenção nessas coisas e, quando crescemos, simplesmente não nos importamos com o julgamento alheio. Para qualquer aspie são RARÍSSIMAS as pessoas de quem a opinião importa. Não nos importamos com determinados padrões sociais. Tendemos a aceitar os defeitos e vicissitudes alheias sem pedir explicações, por que deveríamos nos explicar a terceiros? A pessoa na fila não é importante. A pessoa no trânsito não é importante. As pessoas em um shopping não são importantes. TALVEZ devêssemos nos explicar, SE NOS FOSSE PEDIDO OU PERGUNTADO, em restaurantes ou templos religiosos. Pensem bem. Vocês sentem vergonha de nós e nos constrangem expondo nossa privacidade (sim, ser aspie é NOSSA privacidade e apenas nós temos o direito de expô-la, se quiseremos) para se livrarem de algo que vocês nem deveriam estar sentindo. Isso é muito ruim para nós, quando percebemos, mas mais ainda para vocês que ficam agoniados a troco de banana.

Tentem olhar o mundo com os nossos olhos e vocês perceberão que “os outros” não são importantes. Nós (eu e as pessoas que amo, seus filhos neurodiversos que amam vocês e vocês) somos importantes. Tentem olhar com olhos de amor e tolerância, os outros não-são-importantes.

Nós, aspies, não vamos amadurecer o tanto que todos nós esperamos. Seremos “eternos adolescentes”. Não porque queremos, mas porque nascemos assim. Então, perguntem a si mesmos se vale a pena se estressar por causa de “conflitos de adolescentes”? Vocês passaram e saíram da adolescência. Agucem a memória para voltar no tempo, até a adolescência de vocês. Lembrem do adolescente mais “da pá virada” que vocês conheceram e imaginem que estão lidando com ele e que vocês estão se tornando amigos. Imaginem que vocês estão conhecendo lados desse adolescente “pé no saco” que vocês nem imaginavam que poderiam existir e que esses outros lados são muito legais e ótimos para conviver e que esse adolescente é uma ótima pessoa por baixo do “personagem de bad boy” que ele incorporou para se defender dos brutamontes e para prevenir overloads, burnouts, shutdowns e meltdowns.

Passem a ver os seus aspies exclusivos (filhos, irmãos, pais, maridos, primos, esposas, namorados, namoradas, amigos, colegas de trabalho, etc) com os mesmos olhos que estariam olhando para o adolescente mais pé no saco que conheceram no passado e redescobriram nessa reflexão. Vocês vão conseguir relaxar, seus aspies vão se sentir mais relaxados e menos pressionados, a relação de vocês vai melhorar, vocês vão conseguir ver mais amor nos olhares fugidios e “distantes” dos seus aspies e vão conseguir amá-los de modo mais natural, mais espontâneo e menos estressante. Quando vocês conseguirem ver os aspies com os olhos deles, tudo ficará mais fácil e leve.

Aspies tentam ver vocês com os olhos de vocês. Ô, se tentamos! E como tentamos! Mas os olhos de vocês são muito duros, não têm cores, são ásperos, rígidos, retos, cheios de bicos e espinhos, e nossos olhos ficam muito espremidos nas órbitas oculares de vocês. E isso dói. Não nos importamos de emprestar nossos olhos a vocês quando conseguirmos, independentemente da forma que nossos olhos cheguem a vocês, seja por uma arte visual, seja por uma música, por um abraço, por palavras faladas ou escritas, seja observando vocês ou estalando os dedos ou andando nas pontas dos pés, por querermos dizer mais do que a boca consegue falar.

Se vocês olharem o céu e conseguirem sentir o abraço da imensidão do universo, já é um começo.

That’s all folks.

P.S.: E depois de vários dias de estresse, acho que consegui colocar num texto o que preciso colocar em um vídeo até segunda-feira, dia 04. Tomara que eu consiga, que eu não fique com voz de criança como nos últimos 2 vídeos que enviei para uma amiga hehe

Translate

Direitos autorais reservados à autora.. Tecnologia do Blogger.