domingo, 4 de março de 2007

ONE LAST CRY

Bom, acho que todos os que estão lendo isto, já leram o post no flog... Então, não vou precisar de preâmbulos...

Há quase 10 anos tenho tentado entender e aceitar a morte do meu Pai e, devo confessar, acho que todas as vezes que pensei "desta vez eu consegui" não foram nada além de um "auto-ledo-engano"... Mas, em 2005, tive meio que um choque: descobri que eu já não era eu... era um "espelho" do meu Pai, só que com a imagem BEM distorcida...

Sim, a imagem estava distorcida, porque por mais que eu tentasse fazer "as coisas certas como ele", acabava saindo tudo errado... e eu não sabia como encontrar a FILHA do cara, já que, ao olhar pra mim, eu só via "o cara"... Como diria minha prima, "tudo cagado"... ahahahahah

De lá pra cá comecei a mudar algumas coisas. Consegui algumas, ainda não consegui outras, mas várias estão encaminhadas... eu só preciso resolver qual delas deve ser mudada primeiro. O melhor de td é que nada disso é por ninguém além de mim mesma. O "pior" é que, como estava no meu perfil do orkut outro dia, minha "energia sutil está num constante conflito entre a velocidade do pensamento e o tempo transcorrido"... Traduzindo em miúdos: meu espírito não se contenta com a velocidade que o corpo tem pra assimilar informações e praticar mudanças.

Claaaaaro que a ansiedade acaba "imperando" na maior parte do tempo. Aliás, ela impera o tempo todo... ops!!!... ImperAVA!!!

Há algumas semanas, "uma pessoa" me disse coisas que o sub (ou seria o "in")... que o subconsciente já sabia, mas o consciente não estava conseguindo perceber e, a partir dali, eu decidi que não dava mais pra adiar determinadas mudanças e determinados acontecimentos. Percebi que ficar adiando a tomada de algumas decisões estava, cada dia mais, sendo pior pra mim mesma.

Então, conversando com um amigo (êêêê João, seu sumido!...rs - calma, gente! É o João do RJ!!!!), ele me deu uma dica... que já me havia sido dada pela Paula, ano passado, mas, por algum motivo desconhecido até por mim, eu não levei em conta na época. Escrever uma carta. É, uma carta!... Escrever uma carta pro meu Pai, como se fosse a despedida que não deu tempo de acontecer e, também, uma (ou várias) conversas que deveríamos ter tido e não tivemos, ou tivemos, mas de forma "incompleta".

Então, muitos se perguntam: "uma carta pra um morto?... Que palhaçada!"

E eu só digo: palhaçada pra quem não acredita nas mesmas coisas que eu. E crenças não estão em discussão no momento. =]

Demorei, viu... demoreeeeei pra sentar a bunda, pegar a caneta e começar a escrever. Passei semanas me "auto-desculpando" pra não escrever aquilo. Unicamente por falta de coragem. Foram 10 anos apegada a algo que não tem razão de ser, sem que eu realmente quisesse me desapegar, me desprender. Acostumei a viver torturada pela ausência do meu Pai, causada por uma morte que era esperada há 1 ano e meio. Parece que esse tempo não foi o bastante pra eu me "pré-acostumar" com a idéia dele morrer. Vivi na ilusão de que ele, por nunca ter ficado doente na vida, ia conseguir se livrar de um câncer generalizado. Doce (ou amarga?) ilusão!

Vivi nela os últimos 10 anos. Revoltada, inconformada, magoada, amargurada, procurando resgatar meu Pai em tudo e em qualquer coisa, em todos e em qualquer pessoa. Só fiz mal a mim mesma!

Eu ouvia dizer que o amor mais puro que pode existir é entre pais e filhos. Sempre fui filha, ou seja, o momento do meu nascimento não mudou nada na minha vida. Eu nasci e já era amada!... Só fui conseguir notar a pureza e a grandiosidade desse amor qdo minha filha nasceu, em 2002. Foram 25 anos tentando acreditar em algo que eu não conseguia, por não conhecer "a recíproca".

Realmente, o amor mais puro que eu já pude sentir é meu amor por ela. E, o único sentimento comparável a esse, é o que eu sinto pelos meus pais. Nessas, acabei me apegando mais ainda à morte "abrupta" do meu Pai (sim, "abrupta", porque, como eu disse, me iludi, acreditando que ele sobreviveria àquilo!)...

Mal sabia eu o buraco em que eu estava me enfiando, por vontade própria!...

Enfim, na última sexta, depois de muito ouvir um monte de "gente" (deste mundo e/ou "do além") me falando sempre as mesmas coisas, sentei, peguei a caneta e escrevi. No "São Paulo, 02 de março" já começou a me dar um nó na garganta...

Resolvi não resistir ao choro. Fazia anos que não "chorava com vontade". Fico controlando pra sair só meia-dúzia de lágrimas(pra não parecer dramática), não borrar a maquiagem e essas coisas idiotas!... Ao mesmo tempo que ia escrevendo, não ia controlando as lágrimas, mas também não conseguia pensar...rs

Talvez, os 110 minutos que levei escrevendo poderiam ter durado menos, se não fosse o tanto de água saindo do olho!... Enfim... terminei de escrever e fiquei pensando: "Caramba, esses dias soube que ele tá por perto e que tá meio bravo... será q ele leu?"... Pois é... Eu custo a acreditar em coisas como essas, que ele "tá por perto e tá bravo", porque não sei se acredito que, depois da morte, a gente fique circulando por aqui... Tem tanta coisa melhor pra fazer do que continuar neste mundo horroroso!!!!...rs

Bom, não feliz e ainda não aliviada como eu gostaria, resolvi ler a carta em voz alta. Se ele não leu enquanto eu escrevia, se não acompanhou meus pensamentos "de perto" como sugeriram pra mim, ele ia ouvir, porque quando eu dissesse "Pai", ele ia saber que a conversa era com ele, e não com o "Pai do Céu"...

Minha Mãe teve uma participação enorme e intensa nesses meus atos. Soube respeitar meu choro, minha tristeza (porque ela não curte saber que eu estou chorando e não poder fazer nada!)... teve a paciência de esperar eu terminar de escrever pra ir me abraçar e me dar o carinho que, há anos, não era dado (ou era e eu não conseguia sentir) daquela forma. Eu ia dar a carta pra ela ler, mas, quando decidi ler em voz alta, propus e ela aceitou ser minha ouvinte de "corpo presente".

Aí, sim, quando terminei de ler a carta e depois que consegui parar de chorar, comecei a prestar atenção em como eu estava me sentindo. Durante a carta e logo que fechei a caneta, a DOR da perda chegava a ser física. Era como se eu tivesse voltado no tempo e estivesse, no dia do crematório, na minha casa, lá em Itapercerica, chorando na mesma intensidade e sentindo as mesmas coisas. Tudo parecia ter acontecido naquele dia (02/03/07 e não 14/07/97). Porém, depois que li a carta em voz alta e consegui parar de chorar, notei que um aperto "constante" que eu tinha, bem no meio do peito, que se intensificava quando lembrava do Papis e que me empurrava a uma reação (em momentos que eu deveria estar AGINDO e não reagindo), normalmente, agressiva ou que me fazia sentir como se fosse enfartar quando não podia reagir, tinha sumido.

Achei que podia ser "ilusão do momento". Preferi não julgar nada antes de dormir, afinal, nada como um dia após o outro. Era 3 e meia da manhã quando fui pra cama. Acordei 10 e meia, no sábado, com a minha Mãe me levando um cafezinho matinal no quarto. Ô DELÍCIA ACORDAR ASSIM!...

Só que eu não conseguia abrir os olhos!... ahahahha.. Gente, se vocês soubessem como eu (ainda!) estou "bonita" inchada e roxa de tanto chorar na sexta-feira!!!... ahahahahaaha

E aí, ontem, eu consegui avaliar melhor tudo o quanto tinha se passado na sexta à noite. Realmente, o "aperto" constante, tinha desaparecido e a sensação de alívio ainda estava presente. Menos ansiosa, mas não no grau desejado (que é aquele em que a ansiedade aparece de vez em quando e não o que ela "some" de vez em quando!...rs)... mais tranquila...

Claro q minha "auto-pressão" ainda vai ficar por aqui mais algum tempo. Mas só até eu ficar do jeito q eu quero! (Opa!... ahahahah)... Mas, agora, consigo pensar com mais clareza em diversas coisas. Até o último capítulo da novela das 8 me ajudou!... ahahahah... Senti a vitória do Alex (Marcos Caruso) pela guarda do Francisco (não sei o nome do mini-ator) como se fosse minha!... Senti as palavras da Juíza-Relatora das Apelações (Eva Wilma) como se fossem voto de um Acórdão real na minha vida!...

Uma porcaria de uma novela me encheu de esperança. Me tirou uma boa parcela de insegurança. Prepotência, arrogância, dinheiro, "playground", "egoísmo disfarçado de arrependimento" não têm vez quando inexiste o que a personagem chamou de DISPONIBILIDADE DE AMAR!

É isso. É só isso que eu tenho a oferecer pra minha filha. Disponibilidade de amá-la, incondicionalmente, independente de ter ou não dinheiro pra comprar uma "Amazing Ananda" pra ela no Natal (essa boneca faz "tudo"... e custava, no final do ano, R$800...rs), independente do meu prédio ter ou não um "playground" pra ela brincar, mesmo porque, aqui do lado de casa, tem, por falta de um, DOIS parquinhos... que ela pode escolher. Enfim, faz 5 anos que vivo sob ameaças de "vou tirar ela de você" e, acho desnecessário (mas vou) dizer, que isso é terrível. Acaba com qualquer pessoa. Porém, aqui se faz, aqui se paga. Se alguém quer minha educação, minha compreensão e meu respeito, FAÇA POR MERECER!... Porque, em relação à criação da Isadora, EU ESTOU FAZENDO por merecer tudo isso.

O grande mal dessa situação "extra-tv" é que a "parte contrária" DIZ que pensa na filha, mas só age de forma a "cutucar" ou "agredir" a mim. Chega a ser ridículo. O cara não para pra pensar que, se ele tem direito de ver a filha, MAIOR É O DIREITO DELA DE VER O PAI. Parece que esquece que se ele tem obrigação de pagar pensão, É DIREITO DELA TER EDUCAÇÃO E SAÚDE GARANTIDAS, já que ele acha que faz muito pagando essas duas coisas e sequer se interessa pelo desenvolvimento dela na escola.

Ele acha que faz muito por ela, acha que ELE MESMO está em primeiro lugar, acha que "a guarda" tem que ser dele... mas tudo isso pra agredir a mãe da filha dele e/ou revidar agressões feitas por ela (= eu).

VOU SIM PASSAR A VIDA INTEIRA EM GUERRA CONTRA ELE, ENQUANTO ELE NÃO APRENDER A PENSAR NA ISADORA PRIMEIRO!... Ela vem em primeiro lugar. Ela é criança, não tem como se defender e nem como tomar decisões. Enquanto isso, EU decido por ela, já que, da parte masculina, não há sequer interesse, quanto mais equilíbrio e responsabilidade pra tomar uma decisão sobre a vida de outra pessoa, ainda mais tão pequena.

Parei de me torturar. Quer tentar tirar a Isa de mim, pode tentar. Não vai conseguir!... Porque DISPONIBILIDADE DE AMAR NÃO TEM NADA A VER COM VONTADE DE PAGAR CONTAS!... DISPONIBILIDADE DE AMAR NÃO TEM NADA A VER COM SENTAR NO CHÃO DA SALA E FICAR MONTANDO PECINHAS, até a hora que a menina responde mal pra ele, ele fecha a cara e vai embora pra casa.

É muito fácil a gente amar alguém pelo qual a gente não precisa fazer nada além de pagar umas contas. Mas é difícil pagar essas contas né?... Acaba com o dinheiro pra rave, pra ecstasy, pra uma faculdade que não começa nunca e até pra namorar... Nossa, como dói pagar a escola e a assistência médica da filha!... Dói tanto que não deixa amar!

E é por essa INDISPONIBILIDADE EMOCIONAL, que se exterioriza com vários "nãos" pras necessidades de uma criança de quatro anos e com bastante prepotência nas respostas pra pessoa que o procura pra resolver as coisas, que estou certa de que a minha INDISPONIBILIDADE FINANCEIRA não representa NADA!!!!!... Absolutamente NADA no cotidiano.

EU TENHO A DISPONIBILIDADE DE AMAR!
E é isso que me faz ser mãe!... Ou melhor, MÃE, porque nem todos os genitores têm direito às letras maiúsculas. Posso não ser a mãe que eu planejava e pretendia ser, mas sou a melhor mãe que posso ser. Dinheiro nenhum vai substituir rezar a Ave-Maria com ela antes de dormir. Playground nenhum vai substituir a alegria que ela sente em montar um brinquedo e me "dar de presente". Economia nenhuma vai retirar de dentro de nós duas a felicidade de uma deitar no colo da outra e ganhar cafuné ou cócegas.

E não me falem em convivência. Porque se eu tenho vários bons momentos, também passo por vários apertos pra tentar fazer a Isadora aprender valores importantes, mesmo que, atualmente, estejam em desuso (e o próprio pai dela demonstra o "desuso" dos mesmos).

Enfim... vitoriosa por mim, vitoriosa por ela.
O UNIVERSO ESTÁ CONSPIRANDO A MEU FAVOR!
E vou me aproveitar disso, pra maré demorar a mudar!!!!!

Eu sempre fui feliz. Esses dias, estava num momento alegre. E a alegria continua. Só que um pouquinho maior! Aproveitem-se disso também, porque eu to boazinha!... ahahahahahaha

Beijos!

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