quinta-feira, 8 de novembro de 2018

ME DEIXANDO ENTRAR

"Eu me abri à gentil indiferença do mundo"
Albert Camus 
Eu costumo dizer "pra estar comigo tem que ser corajoso", referindo-me a namorados... mas, percebi que pra ser meu amigo, meu médico, meu psicólogo, meu advogado... TAMBÉM. Gente covarde não consegue conviver comigo - nem ganhar minha confiança, nem meu respeito.

Passei por 4 psicólogas na vida. Nenhuma acertou um único ponto para dar o chute inicial em algum tipo de terapia: era só conversa fiada, ausência de conexão, às vezes apatia e falta de empatia por parte dela(s) e meu consequente silêncio, bastante julgamento, inúmeros "TEM QUEs" em relação ao meu trabalho, relacionamentos, educação da minha filha, além de jogarem muito Freud em cima mim e pouco Jung pra fora de mim...

Em setembro/outubro, duas pessoas que confio me indicaram duas conhecidas delas... uma só me mandava mensagem de voz (mesmo eu pedindo para enviar por escrito, por razões que deveriam ser "óbvias" para ela, já que, de cara, expliquei a situação) e à outra, enviei um e-mail explicando a situação (sem resposta) e procurei pelo Facebook... e estou até hoje esperando, no whatsapp, "a noite" chegar para conversarmos.

Em setembro foi uma "amiga" (da onça), que disse "entender bem" do assunto e que podia fazer o que eu precisava mas,  no final das contas, eu "só" tive que fazer o que eu já havia feito e estava fazendo: ela me mandou procurar o SUS (e eu a mandei pra m****). Totalmente sem palavra, sem noção, sem nada...

Outro dia brinquei no Facebook que faria Psicologia para "botar os colegas no chinelo", mas não é de todo uma má ideia: serviria, ao menos, para eu entender o modus operandi do cérebro/forma de pensar dos psicólogos em geral. Talvez, o que eu descrevi acima seja um padrão de atendimento ensinado atualmente nas faculdades? Parece mesmo, não é? Mas, há exceções.

No fim, o Universo, Deus, os Orixás, Santos e Guias conspiraram a meu favor: encontrei, no SUS, uma psicóloga "mais velha" (que eu), interessada, corajosa e, muito provavelmente, curiosa. Afinal, um bom profissional gosta de desafios.

Para mim, os processos/cálculos mais legais eram os mais "difíceis" ou mais BUZULETAS (amei essa palavra que descobri recentemente rs) e parece que para a Dra. Fernanda as pessoas com mais traumas, mais difíceis e buzuletas são as mais legais (eu, no caso, uma "cobaia" voluntária rs).

"Ah, imagina depender do SUS, que horror!" - Eu pensava a mesma coisa, até conhecer o Dr. Perci, a Dra. Beatriz e ter essa grata surpresa com a Dra. Fernanda.

Horror mesmo é você, mesmo sem dinheiro para o tratamento, procurar um profissional particular, disposta a pagar nem que fosse para se enfiar em mais dívidas, e os(as) profissionais se comportarem de modo negligente, indiferente, desidioso em vez de serem honestos e, logo de cara, dizerem "não atendo adultos na sua condição".

Com essa celeuma toda, diversas vezes me passou pela cabeça que o Governo Federal congelar gastos, inclusive com pesquisa, ciência e tecnologia gerou um mimimi gigantesco a troco de banana, já que com ou sem investimento, os profissionais Brasileiros não se empolgam com novidades. Ficam dentro de suas bolhas/zonas de conforto e danem-se as pessoas que poderiam se beneficiar de um tratamento diferente, mesmo que experimental, sendo parte-objeto da pesquisa.

Síndrome de Asperger, pelo que li, e não foi pouca coisa, é mais comum em homens que em mulheres, em geral é diagnosticada na infância, muitas vezes é confundida com transtornos mentais (hiperatividade, TAB, borderline, etc) e existe em um número muito maior de adultos aspies do que mostram as estatísticas.

Também das minhas leituras, descobri que só a UNIFESP faz pesquisa ligada aos diversos tipos de TEAs (Transtornos do Espectro do Autismo) e, através de uma orientadora do Ensino Médio do Mackenzie, tomei conhecimento que existe, na pós-graduação, um "Laboratório de Autismo" (pesquisa e tratamento), que atende todas as idades (tem uma lista de espera de 2 anos).

Tem USP, PUC, UNICAMP, UNESP... por que só a federal e uma particular investem nessa linha de pesquisa?

Asperger atinge muito mais gente "do que sonha nossa vã filosofia" e existem inúmeras pessoas mais perdidas que cachorro em dia de mudança por falta de profissionais (neurologistas, psicólogos, neuropsicólogos, psiquiatras, nutricionistas, alergologistas, etc) que, mesmo não sendo especializados, se interessem por nós, Aspies e AAFs adultos.

O Brasil carece de profissionais corajosos. O Brasil carece de pessoas curiosas, interessadas, sem-preguiça, que pensem fora da caixa e percebam que há muitas caixas, limitantes da mente, a serem removidas durante a vida profissional, acadêmica, social e pessoal.

O Brasil, dentre os países avaliados, é o único no mundo em que o QI DECRESCEU, DIMINUIU de 1920 para cá. É vergonhoso!

Essas coisas acabam fazendo com que a gente aceite, se conforme e ache normal a "mediocridade", a preguiça, a postergação... o "fechar a porta" para um paciente que não sabe mais aonde correr porque não tem quem queira ou se interesse em atendê-lo(a).

Atualmente estou lendo um estudo de uma faculdade de Pelotas sobre QI, Distúrbios de Aprendizado e os testes WISC-III/WAIS. Não sei se foi a versão III, mas fiz um desses para adultos (WAIS, se não me engano) que encontrei traduzido em um site alguns anos atrás. O site me deu tempo total em horas para fazer o teste. Fiz duas vezes o mesmo teste, no mesmo ano, em meses diferentes. Fiz 181 da primeira vez e 179 da segunda. Não sei como esse site contava os pontos, não sei como são as escalas de medição do QI (só sei que existem, que o QI "normal" é 90 e que assusta ver números altos). Legal ter QI alto, né? Sim e não.

Quanto mais alto o QI, mais ingênua a pessoa é (ingenuidade é BEM diferente de burrice, viu, pessoas). Vão imaginando como foi e é minha vida desde sempre... *facepalm*

Sugeriram-me ir fazer o teste oficial na MENSA, para avaliar "do jeito certo". Adivinhem? Não fui (e não sei se vou conseguir ir no futuro). Pressão demais, dá o maior nervoso da paróquia só de pensar nisso. É completamente diferente de estar em casa, de pijama, na frente do meu computador. Se de falar ao telefone ou ir longe de casa já me dá várias "travas", imagina ir fazer um teste desses? Já pensou se vou mal, que horror? 😂 Prefiro ficar na ilusão de ser inteligente como Steve Jobs ou Einstein, deixem-me ser feliz. Procurem outro deboador para desdeboar, please! rs ✌🙏

Sabe uma coisa que estou inconformada? Dr. Erik (um advogado, nada a ver com a área da Saúde) ficou mais interessado nisso tudo que as psicólogas com quem eu tentei falar para me tratarem. Cara, um ADVOGADO!!! Por favor, né, que vergonha, senhoras!

Por fim, acredito que nenhum deles vai ler o texto, mas, mesmo assim, quero expressar minha gratidão:

aos Médicos Dra. Ana Lúcia, Dr. Perci e Dra. Beatriz, por tudo

ao administrador da página Adultos Índigo, pelas inúmeras publicações que me ajuda(ra)m a começar a despertar e por ter me recomendado os livros da Ingrid Cañete

à Psicóloga e Escritora Ingrid Cañete, por ter tirado um dos grandes véus da frente dos olhos da minha alma, por me ajudar no início do Despertar e por ter escrito um livro que "me leu primeiro, antes que eu o lesse", pela meiguice, pela disposição constante de ajudar as pessoas e nos enviar o tanto de Luz que estejamos aptos a receber

ao Advogado Dr. Eric, pela gentileza, compreensão e disposição profissional

à Cassia, responsável pelo CAPS Itapeva, que levou meu caso à reunião multidisciplinar para me ajudar, mesmo não sendo da alçada do CAPS me tratar

à Psicóloga Fernanda Menezes, por ter sido franca, paciente ao me ouvir, por não desconfiar do meu auto-diagnóstico e por ter "me deixado entrar" em vez de fechar a porta na minha cara

e, sempre, à minha Mãe e à minha Filha, por estarem sempre comigo, mesmo nos meus dias mais insuportáveis.

Relendo o texto antes de publicar, me dei conta (mais uma vez) que sou abençoada. MUITO abençoada.

C.Y.L.

PS: Primeira vez que ia publicar no blog pelo app do Blogger para Android, mas o app bugou.

sábado, 8 de setembro de 2018

NUDES DA ALMA


Por muitos anos, imaginei como falaria certas coisas para certas pessoas. Algumas vezes, o que vinha à mente "depois" era silêncio. Outras vezes, era um monte de lamúrias, repetindo o que meu avô me disse uma vez "você é cruel". Não, eu não sou cruel. Posso ter atitudes ou dizer palavras que, para quem está "de fora", pareçam cruéis, mas a crueldade não faz parte da minha essência.

Mês passado, diferentemente dos outros anos, apesar de ter passado mais rápido que o de costume, foi extremamente estressante para mim. No post anterior, citei uma coisa que minha filha me disse ("você se culpa por tudo, até pelo que você não tem culpa") e isso tem funcionado como uma "mola propulsora" para meu auto-conhecimento.

Dizem que quem vive de passado é museu, mas o passado é a melhor escola nesse caminho que tomei: observá-lo para não repeti-lo, olhar para ele com um enfoque diferente do anteriormente utilizado, aprender "lições subliminares" e ter insights sobre o que acontecimentos bobos, em tese, geraram como resultado ou consequência.

"Sua visão tornar-se-á clara apenas quando você puder olhar para dentro de seu próprio coração. Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta." (Carl Jung)

Esse processo de "despertar" não é simples, mas não é mau. Há alguns micro-despertares que podem trazer, de imediato, alguma emoção negativa (pesar, decepção, tristeza, mágoa, raiva, etc) mas, em curtíssimo período de tempo, você consegue aceitar o fato de estar se sentindo dessa forma e sua visão "torna-se clara", dissipando a emoção negativa e trazendo uma sensação de paz interior e de espanto, do tipo "nossa, era isso e eu não percebi".

Esse meu processo, revendo minha própria história, começou em 2004, teve algumas interrupções e, de 2016 para cá, está acontecendo a todo vapor. Nesses 14 anos, completos agora em agosto (coincidência?), tomei vários chacoalhões da vida: no início, eu só chorava e me culpava por ter "sido burra" 😒; depois, passei a sentir raiva - só a partir de 2016 comecei a aceitar que sentia raiva... e tudo ficou mais "leve"; atualmente, estou na fase do "espanto" e, mesmo que eu não goste de algum insight, a sensação interior é de sorrir para mim mesma, de satisfação. É MUITO bom se sentir em paz com praticamente tudo o que te acontece.

Notem: foram 12 anos para conseguir aceitar minhas emoções e 2 para me sentir tranquila em relação a elas.

Desde quando eu tinha uns 4 anos de idade, sempre fui muito cobrada (com o passado, aprendi que meu Pai também foi e que "ser cobrado", da forma como fomos, fez mal para ambos - e para meu tio e minha mãe). O tipo de "cobrança" que a gente sofreu é a típica cobrança do filho único (ou filho  mais velho): os pais são sempre mais exigentes com o primeiro filho, porque o medo de errar é muito maior quando somos marinheiros de primeira viagem.

Quando a gente tem um filho (ou neto), queremos que ele seja perfeito (saúde), inteligente, esperto, íntegro, honesto, culto, elegante e bem-educado, etc (os valores variam de pais para pais, no meu caso, são os que escrevi). Agora falando como neta, os valores que aprendi com a família, se tornaram problemas para alguns dentro da própria família.

Ouvi, algumas vezes, que "família é pai, mãe, avós e tios, os demais são parentes". Meu Pai era mais radical: "família é pai, mãe e filhos que moram na mesma casa, o resto é parente".

Quando pequena, a pessoa que me deu a primeira definição de família me contou inúmeras vezes a história da raposa ladra indo roubar as uvas do fazendeiro. Eu amava ouvir a história porque a raposa desonesta se ferrava. De repente (e foi de repente MESMO), a raposa passou a ser a "coitadinha que não tinha nada" e o fazendeiro tinha que "parar de ser egoísta, ser bonzinho e dividir o que era dele".

Levei 37 anos para perceber que EU ERA O FAZENDEIRO NA SEGUNDA HISTÓRIA. Ouvi, por 4 anos, a bendita história da raposa na primeira versão. Fui ensinada a ser honesta com essa história, que roubar era errado e que o fazendeiro tinha o direito de botar a raposa para correr. Do nada, a história passa a ser contada na segunda versão, sem qualquer explicação, e eu sabia que a história estava sendo alterada, mas não sabia o porquê, até que a contadora de estórias me comparou com o fazendeiro, dizendo que eu era egoísta, porque eu estava me sentindo mal de estar sendo obrigada a "dividir o que era meu", que eu era má porque "não tinha pena de uma raposa coitadinha que não tinha nada" (eu só tive um pai e 4 avós: a coitada era eu, dividindo o que era meu em 2 e dobrando o que era da raposa 😋).

Desse dia em diante, o "estigma" de fazendeiro da segunda história nunca mais me abandonou. "Comunizaram" minha família a partir dos anos 80 e meus bens materiais a partir da morte do meu Pai... sim, socialismo para o fazendeiro, capitalismo para a raposa. Lei da (minha) vida.

Essa é minha ferida não cicatrizada e que alterou COMPLETAMENTE minha vida, como indivíduo e como parte (???) da família, assim como minha missão. Entendo que a "culpa" de ter sido comparada ao fazendeiro egoísta não era minha. Aliás, eu nem era o fazendeiro egoísta, era só uma criança que os adultos ferraram com a cabeça aos 4 anos de idade (e depois passaram uma vida reclamando que eu era nervosa, gênio ruim, cruel e "malvadona" haha). Onde só existia amor, plantaram um monte de sentimentos e emoções ruins que eu preferia não ter conhecido nem através dessa situação, nem nunca.

Hoje, entendo o porquê do meu Tio morar sempre "longe" e ir pouco na casa dos meus avós quando eu era criança. Fui ingênua. Deveria ter parado de ouvir minha Avó (pedindo toda hora para ele ir lá) e ter seguido meu coração, viu. Talvez a situação fosse um pouco diferente.

(A partir daqui, para ressurreicionistas, ateístas e céticos, o texto não vai mais fazer sentido, mas, dane-se, eu escrevo porque gosto, para mim mesma e para quem tiver vontade de ler, não para agradar ninguém, ok? 💋)

Essa 'nude da alma' era o introito para chegar onde queria: a raposa e a divisão de uvas nunca foi parte do meu karma/missão. Eu não tinha e continuo não tendo karma com ela. Assim como não tinha (e não tenho) karma com mais duas pessoas da família, que chegaram a nós através do meu tio.

Fico em dúvida se "saber das coisas" é uma bênção ou um castigo.

Eu SEI que, quando eu morrer, imaginando o "lado de lá" como André Luiz descreveu em Nosso Lar, vou viver "na mesma casa" que meu Pai, meu Tio, meus Avós paternos, minha Filha e mais duas Crianças. Sei que meus Nonnos, meu Padrinho, minha Mãe e pelo menos mais uma prima e uma tia dela são de uma mesma família, bem próxima da minha.

Eu SEI que as três pessoas próximas do meu Tio e mais uma são parte de um outro núcleo familiar, não muito próximo do meu e que meu Tio se propôs a ajudá-las. Três espíritos que precisavam de ajuda e meu Tio tomou a responsabilidade. Que karma/missão!

Fazendo parte da mesma família (nesta vida aqui, que estamos vivendo), obviamente, tive/tenho minha quota de auxílio a prestar. É assim porque ninguém evolui sozinho. MAS, eu não tenho que pegar o karma de outras pessoas para mim. Não tenho que sofrer as consequências dos karmas das outras pessoas, não tenho que me sentir culpada por coisas relativas aos karmas de outras pessoas que eu não tenha influenciado ou participado. Do jeito certo ou não, da melhor maneira ou não, fiz o que pude enquanto era criança e adolescente.

Com o tempo, aprendi que precisamos tomar decisões importantes e uma que eu tomei, pouco tempo depois que minha filha nasceu, é: em nome da minha paz de espírito e da minha saúde física, mental e emocional, abro mão de conviver com pessoas que amo para não ter que conviver com pessoas que detesto. Voltei atrás nessa decisão em 2012, não deu certo. Foi a última vez  que eu "dei uma chance" (para a raposa, para as uvas e para mim mesma, o fazendeiro).

Agora é definitivo: Tio, eu não quero mais auxiliar você com o seu karma/missão.

Tudo isso sempre foi pesado para mim, ver os Velhos enaltecendo "estranhos" em detrimento de pessoas "da família", sendo forçada a sentir coisas que eu não sentia, tomando bronca por expor as mentiras de outras pessoas, etc. Fiz o melhor que pude (isso não significa que tenha sido certo, justo ou "o melhor" efetivamente). Eu também tenho minhas limitações e, mesmo que ninguém mais as respeite, eu aprendi a respeitá-las, a me respeitar. Levou tempo para eu perceber que eu também sou humana, que eu também posso errar, que eu também posso não gostar, que posso me magoar, me afastar e que eu e todos os personagens dessa história têm que fazer o mesmo esforço que eu para se aproximarem ou se afastarem, para ligarem ou mandarem uma mensagem no Facebook ou no Whatsapp... e levou tempo para eu me tocar, também, que eu não tenho culpa pela "inércia" alheia.

Minha responsabilidade está nas minhas escolhas, apenas. E com as consequências disso, eu arco, mesmo se desagradáveis. "Abro mão" das uvas para manter minha paz. Inclusive porque as uvas são mais doces "do outro lado". Eu não tenho pressa e nem a necessidade de TER "tudo" nesta vida. Status e "acumulação" (de coisas e pessoas) não vão me acompanhar na vida além da vida.

Hoje, vai ter "festa" do aniversário de 95 anos do meu Avô. Eu não vou (sozinha), por escolha (minha filha está com catapora e eu não quero matar meus avós). Ser responsável é chato, mas me livra de um monte de dessabores rs.

Finito.
Post scriptum: na minha cabeça o texto parecia mais "suave" haha

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

LIÇÕES DA VIDA



Pre scriptum: Sei tudo o que eu quero escrever e não consigo concatenar idéias e colocá-las no “papel” – é isso que os artistas chamam de “bloqueio criativo”? Se sim, caraca, sou uma artista e tanto, porque tenho tido váááááários bloqueios criativos nos últimos anos. Bloqueio criativo dá uma sensação horrível. Deus me livre de outros desses.

Tem dias que a vida deixa de ser travessa e, em vez de nos pregar peças, se torna uma verdadeira Professora. Semana retrasada tive um dia assim, neste final de semana tive outro dia desses. Foram dias positivos, com ensinamentos positivos, em conversas positivas. Ninguém triste, ninguém bravo – só comunicativos. Muito interessante foram as pessoas que a vida escolheu para me “passar a matéria” e a forma como essas pessoas falaram o que eu precisava ouvir (mesmo que não quisesse ou que não esperasse ouvir).

Da primeira vez (neste mês de agosto de 2018), um Amigo me explicou ‘o porquê’, de acordo com as Leis Divinas e do Universo, da minha dificuldade em ter e/ou manter uma atividade remunerada, mesmo com toda minha determinação e disciplina em fazer o que deve ser feito para ter trabalho (e, consequentemente, dinheiro).

Eu sou totalmente contra terceirizar culpas e responsabilidades, seja por quem for, pelo motivo que for; então: “Eu não tenho trabalho a ‘culpa’ é minha; eu não tenho dinheiro, a ‘culpa’ é minha. Eu deveria me esforçar mais, fazer mais tipos de curriculum além dos 4 ou 5 que já fiz, rever esses 4 ou 5 para achar defeitos e corrigi-los. Eu deveria melhorar as cartas de apresentação também e a abordagem pessoal, eu sempre tive tanta facilidade para ‘conquistar amigos’, como estou com tanta dificuldade para conquistar clientes? Não é possível. Com certeza estou fazendo alguma coisa errada. E se faltar comida? E se atrasar a escola? E se atrasar o condomínio? E se eu não conseguir terminar de arrumar meus dentes e fazer um óculos novo para poder enxergar o que digito no computador e no celular e o que leio o tempo todo, eletronicamente ou no papel? E se eu tiver um piripaque? E se me acontece alguma coisa, quem vai ajudar minha mãe e minha filha? E se...? E se...? E se...?” (Só de reler o parágrafo me dá falta de ar – as crises agudas de ansiedade me acompanham desde o final de 2013, mas estão bem mais espaçadas, ainda bem!)

Com esse monte de ‘e ses...?’ na cabeça, ainda me surgiu mais um para a coleção uns tempos atrás: “E se eu tenho alguma deficiência mental ou alguma doença psiquiátrica além do TAG?” -  sim, chega um momento que você começa achar que você é retardada ou sociopata e começa a buscar informações... e eu achei: vários sites com testes para “auto-diagnóstico” de autismo de alto funcionamento e síndrome de Asperger (eu juro que comecei procurando no CID-10!). Um deles, com uns gráficos muito doidos que eu não entendi (obviamente) e com ‘relatórios’ escritos que eu não consegui interpretar (obviamente, afinal, sou advogada e Mestre em Reiki, não Psicóloga, huh?), deu, no que eu consegui compreender, que a pontuação parece mais alta que o normal para Asperger.

Foi lá a pessoa ler sobre isso. Cara, não é que essa coisa aí explica praticamente tudo da minha infância, adolescência e até da minha vida adulta? Não bastava ser “Adulto Índigo”, como eu descobri em 2016 (e que já explicou muito de quase tudo da minha vida), o Asperger “fecharia com chave de ouro” se o teste estivesse certo. CLARO que é um teste de internet e que  pode “não querer dizer nada” e que eu sou leiga em psicologia, mas que minha “indigalidade” (confirmada) e o Sr. Asperger esclarecem mais do que confundem, esclarecem, viu?!?

Enfim, depois disso tudo, e do tal escritório que queria fazer entrevista comigo mas a moça da recepção não sabia para que cargo era (post neste link), encontrei um Amigo sábio, que sempre fala coisas acertadas, passadas, presentes e futuras. Desta vez, por incrível que pareça, alguém me isentou de culpa. Aquele monte de “e ses...?” não são infundados, tendo em vista a situação atual do País em que eu vivo, mas também não sou/fui eu quem deu causa a eles.

Ouvir: “Você não tem dinheiro, porque se você tivesse dinheiro, você ia continuar sem dinheiro, já que iam te sugar até a alma, porque você, tonta de coração mole, ia dar seu salário todo. Já te sugaram demais, você não acha?” – foi um choque. Ainda está sendo um choque, porque tem coisas que eu faço “porque faço”, sem pensar em quantas intenções as pessoas têm ou em qualquer outra coisa.

Enfim, ouvi isso, fiquei chocada e entendi o que me foi dito, MAS, dentro de mim, ainda ficou aquela sensação de ‘você não está se esforçando, se dedicando o suficiente, você pode fazer mais, você pode fazer melhor’... e, sabemos, esses pensamentos não-bons ou não-produtivos atraem mais e mais pensamentos não-bons e não-produtivos (e, por isso, resolvi atualizar a Fi-lo Porque Qui-lo com freqüência, os textos são bons e não me trazem pensamentos de baixa vibração).

Quando chegou o final de semana, com a minha filha de volta em casa, depois de um passeio com a escola (longo demais para o meu gosto), foi o momento de colocar a conversa em dia e, num determinado momento, não me lembro o porquê, fui conversar com ela sobre ‘culpa e medo’ (assunto para outro post, apesar de eu ter falado um pouco sobre culpa lá em cima). Foi a segunda vez neste mês de agosto de 2018 (ainda bem que falta pouco para acabar).

O fim da conversa foi assim: ‘Mãe, você se culpa por tudo, até pelo que você não tem culpa – e dessa vez a culpa não é sua, você já sabe, pára de se culpar por isso; não é culpa sua o que essas pessoas estão passando, não é culpa sua que você não pode ajudar diariamente, não é culpa sua que você não tem dinheiro para fazer as coisas como acha que elas devem ser feitas, pára de se culpar.’ -  e ela me disse isso com uma das caras mais fofas existentes na face da Terra (deu vontade de morder, mas ela cresceu demais e a conversa era séria demais para eu fazer isso 😇)

Eu não tinha mais o que falar, não é mesmo? Fiquei com a cara da minha Gata espantada com o Gordo (só quem já viu a foto entendeu, né? ahah), a conversa acabou e resultou neste post.

Quando prestamos atenção na Vida podemos tirar muito proveito de todo e cada dia que acordamos e vivemos. O que aprendi com a vida nessas duas conversas? Aprendi que 'não terceirizar culpas' não é sinônimo de 'assumir culpas que não são minhas'; aprendi que me culpar por coisas que tenho ou não culpa é uma auto-tortura cansativa e desnecessária, já que as coisas acontecem como e quando elas têm que acontecer; aprendi que sou abençoada por estar cercada de pessoas como minha mãe, minha filha e esse Amigo (que é parte de uma “turma” maior, toda de Amigos com a mesma alta qualidade); aprendi que sou uma tonta de demorar para perceber e para aprender certas coisas (principalmente as de cunho emocional).

Aprendi, por fim, que mesmo que eu tenha aprendido e apreendido essas coisas todas na teoria, isso não quer dizer que eu as tenha incorporado ‘em mim’ na prática. Mas, tudo bem. A mente é poderosa.

That´s all, folks!

Post scriptum: Deu-me bloqueio no meio do texto – estava escrevendo e, de repente, ‘poof!’, sumiu todo o parágrafo da minha cabeça. Tive que ‘improvisar’, mas é tão chato, porque nunca fica tão bom como a idéia original.

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

RESPEITO



Nunca na vida imaginei que fosse recusar fazer uma entrevista de emprego em virtude da forma com que fui atendida ao telefone pela recepcionista do escritório contratante. Explico.

Quando somos crianças e nossos pais nos educam com o que chamam de "berço", somos ensinados a chamar os mais velhos de "senhor" e "senhora", exceção feita àqueles que expressamente nos dizem "pode me chamar de você" ou algo equivalente. Quando se lida com pessoas, aprende-se que expressões como "bom dia", "por favor", "obrigada" e um tratamento mais "formal" com os devidos pronomes de tratamento ("senhor", "senhora", "vossa senhoria", "vossa excelência", etc) ou títulos (doutora/a, mestre/a, professor/a, excelentíssimo/a senhor/a, ilustríssimo/a senhor/a, etc) devem ser usados para manter, senão as tais formalidades, ao menos o respeito à pessoa com quem se vai estabelecer comunicação (verbal ou escrita).

Entende-se que em empresas como Google, Twitter, Facebook e outras, cujo ambiente de trabalho e funções exercidas são mais informais, as pessoas se tratem por "você" e sem qualquer formalidade, mesmo quando há diferença de idade. MAS, quando se vai atender clientes, deve-se manter uma certa formalidade. Se for escritório de advocacia/arquitetura/engenharia, órgãos públicos (ex.: tribunais), clínicas médicas, hospitais, a formalidade deve ser maior ainda. Por questões de dar o devido respeito aos clientes, assim como exigir o devido respeito dos mesmos.

A educação/gentileza e o respeito devem começar do dono e ir descendo até a recepcionista/telefonista/copeira/faxineira. Não adianta o dono, os sócios, os médicos/advogados serem super educados e respeitosos se a recepcionista for alguém que trata qualquer pessoa que ligue para a organização por 'você', com uma intimidade que não lhe foi dada, com prepotência ou ironia, dentre outras coisas que diversas recepcionistas e telemarketings fazem, como se a pessoa que telefona fosse empregada delas. Eu, se sou cliente, não volto.

Tem gente que não passa de cargos como o de recepcionista porque são ingênuas e vivem passando a perna nelas. Mas, tem gente que não passa de cargos como o de recepcionista porque não tem um pingo de berço, não faz questão de ter um pingo de berço e acha que vai chegar a CEO, o que hipoteticamente lhe daria poder para, desculpem o termo, cagar na cabeça dos outros.

Empresas em que quem nos recepciona pessoalmente ou por telefone trata pessoas como "coleguinha", como se fosse íntimo/a dos clientes, superiores, colegas de trabalho são locais que eu NÃO gostaria de trabalhar. A praxis, em escritórios de advocacia, é tratar todas as pessoas que telefonam ou vão até a sede por "senhor/a", mesmo que a pessoa seja mais nova, ou não seja advogada.

Recebi um e-mail do escritório Carvalho Pradella que havia sido encaminhado 8 vezes, OI-TO-VE-ZES antes de chegar em mim, para agendar uma entrevista. Telefonei para saber para qual cargo eles estavam me chamando para fazer entrevista. O que me responde a recepcionista: "VOCÊ é quem vai me dizer para que cargo quer se candidatar." Ora, me mandam um e-mail para marcar entrevista e quem vai fazer o agendamento não sabe para que cargo me querem? Quase falei que queria o cargo de chefe dela para poder dispensá-la por justa causa (desídia) rs.

Só disse que eu era advogada, mas não iria participar do processo seletivo, porque se ela não sabe para o que me chamaram, eu é que não tinha como saber. Fiquei MUITO brava. Ela não tem como saber com quem está falando, eu sei. Porém, é exatamente por isso que ela deve manter uma certa formalidade. Minha filha tem 15 anos e sabe isso desde sempre. Chamava os bisavós de "senhor" e "senhora" até que eles disseram que não precisava. Uma marmanja inserida no mercado de trabalho também deveria saber.

Obviamente, enviei um e-mail (resposta) à advogada que me re-re-re-re-re-re-reencaminhou o email de agendamento agradecendo a oportunidade e me colocando à disposição do escritório para prestação de serviços em home-office, sem vínculo empregatício.

Sério: alguém consegue me imaginar sendo gentil, diariamente, com a "moça" que me atendeu ao telefone? Perguntei a mim mesma qual será o nível educacional/cultural dos demais funcionários do escritório... e acredito que lá não é um lugar bom para eu trabalhar.

Minha alma está cansada de "brutalidade". A moça do telefone é bruta. A advogada que me re-re-re-re-re-re-reencaminhou o email, presumo, deve ser bruta também. Essas duas pessoas COM CERTEZA, exigem tratamento cortês, individualizado e atencioso... mas, com que direito? O mundo está bruto demais e eu não consigo me inserir nele.

Pessoas não são coisas. Bons profissionais (educados, cultos, éticos, gentis) não deveriam NUNCA se sujeitar a processos seletivos como o que esse escritório está propondo. Tenho 18 anos, DE-ZOI-TO anos de OAB, 17 anos, DE-ZES-SE-TE anos em Execuções Trabalhistas. Se eu não me valorizar e for concorrer com recém-formados que falam e escrevem, como diria meu falecido Pai, "nóis vai, nóis vorta", não é um escritório desses que vai.

Advogar, para mim, é uma tortura moral e emocional. Com as Execuções, não preciso lidar com gente, com inconstâncias, com interrupções, com falta de pagamento, etc. Com as Execuções, eu lido com papel, computador, calendário e burocracia. É uma relação impessoal, que desafia minha mente, não a minha alma (porque não me tira do meu centro - e, sendo bem sincera, eu AMO achar erros dos meus colegas advogados nos processos... já salvei muitas ações em fase de Execução fazendo isso; eles me odeiam por isso, mas é o meu trabalho, o que eu faço de melhor no Direito).

Espero que valores como "berço" (educação familiar), "discrição", "elegância", "respeito", "trato social" voltem a estar "em alta" logo, porque o mundo, no estado em que se encontra, está insuportável.

Tomara que o fim de "Mercúrio retrógrado" faça algum bem à humanidade... seja lá o que isso representa. Até. ✌

PS: Se for para lidar com gente, é através do Reiki, função em que posso dar conforto, relaxamento, equilíbrio e outras coisas boas, em vez de criar problemas para as pessoas.

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