terça-feira, 21 de abril de 2015

VOCÊ SABE O QUE É ANARQUISMO?

Bandeira Anarquista: "Anarquia e Ordem"

Resolvi fazer este post para dirimir dúvidas acerca do "lado" que o Anarquismo se encontra. Muitos dizem que ele é de esquerda, levando em conta os ditos "anarquistas" da atualidade. Contudo, o Anarquismo não é de esquerda e aqueles que, hoje, se intitulam "anarquistas" e/ou "libertários", não são anarquistas, nem libertários.

Peço que, ao ler, tenham sempre em mente as seguintes premissas: "quanto mais esquerda, mais Estado; quanto mais direita, menos Estado" e "quanto mais Estado, mais esquerda e menos liberdade, quanto menos Estado, mais direita e mais liberdade".

A princípio, cumpre esclarecer que "anarquia" não é sinônimo de "baderna", de "bagunça", nem de "caos". Anarquia é um sistema social onde não existe Estado, nem governo, apenas. Contudo, conforme o símbolo utilizado para representá-la (imagem acima, o A inserido em um Ó), para que não exista Estado/governo, é necessário que exista ORDEM. Ordem, exatamente como aquela constante da bandeira do Brasil, sabe? Ordem, organização, respeito, responsabilidade. É o único meio em que uma anarquia consegue sobreviver: com ORDEM. Ou seja, mesmo não havendo um babaca ladrão "comandando" as coisas, existe ordem.

Em segundo lugar, deve-se delimitar o conceito de "libertário". Libertários são os adeptos do libertarianismo (e não do socialismo-libertário/anarco-comunismo de Bakunin). O libertarianismo prega, em linhas gerais, o seguinte: defesa da liberdade individual, da não-agressão, da propriedade privada e da supremacia do indivíduo, se aproximando muito mais do Anarcoindividualismo do que do Anarco-comunismo. São autores libertários: John Locke, Frédéric Bastiat, David Hume, Alexis de Tocqueville, Adam Smith, David Ricardo, Rose Wilder Lane, Lysander Spooner, Milton Friedman, David Friedman, Ayn Rand, Friedrich von Hayek, Ludwig von Mises e Murray Rothbard. (Bakunin não consta dessa lista.)

Sendo assim, os libertários que utilizam a bandeira vermelha e preta não são libertários. A bandeira, dividida ao meio em diagonal, com a parte superior em vermelho e a parte inferior em preto, representa o Anarco-comunismo ou Socialismo Libertário, teoria política desenvolvida principalmente por Piotr Kropotkin (Anarcossindicalista) e Mikhail Bakunin (Anarco-comunista), que prega, basicamente:  abolição do Estado, do capitalismo, do trabalho assalariado e da propriedade privada (retendo assim a propriedade particular) e advoga a propriedade comum dos meios de produção, o execício da democracia direta e uma rede horizontal de associações voluntárias e conselhos operários (os famosos "soviets"), tudo para tentar "reconciliar" o indivíduo e a sociedade. Diferença básica entre Karl Marx (socialista autoritário) e Bakunin e Kropotkin (socialistas libertários) é a "ditadura do proletariado", contraposta pela "democracia direta", ambas obtidas através da "revolução pela força". Uma curiosidade: Bakunin previu que o "proletariado" (ditadores de Marx) se tornaria a "nova elite" dentro do Estado. Parece que, no caso Brasileiro, Bakunin acertou. Os socialistas libertários são chamados, indevidamente, de "anarco-coletivistas" (já que a sociedade se sobrepõe ao indivíduo). Isto porque, em uma "democracia direta" ainda serão estabelecidas leis/normas (imposições) determinadas por uma maioria sobre uma minoria, impedindo e/ou limitando ações conscienciosas e restringindo liberdades individuais.

Ou seja, de acordo com os dois parágrafos acima, resta provado que os "libertários" da esquerda não são adeptos do libertarianismo, mas do socialismo (marxista ou bakuninista).

Agora, vamos provar que os atuais auto-intitulados anarquistas também não são anarquistas e que o Anarquismo, como sistema social, é de direita.

Bandeira do Anarcopacifismo


O Anarquismo é um conjunto de teorias, métodos e ações que visam a eliminação total de todas as formas de governo compulsório e de Estado, bem como de qualquer ordem hierárquica que não seja livremente aceita (ex: "uma autoridade legalmente constituída", que exerça poder sobre outros por força de lei é uma "ordem hierárquica" não aceita livremente, mas que deve ser aceita por imposição legal). A maioria dos anarquistas é apartidária, se opõe ao Estado e a qualquer regime ditatorial, apoiando a autodefesa e/ou a não-violência (Anarcopacifismo).

Dentro do Anarquismo, pode-se encontrar uma série de "vertentes", que acabam sempre por observar alguns "princípios gerais" originados do que se chama especificamente de "Anarquismo Individualista" ou "Anarcoindividualismo", os quais demonstram, claramente, a tendência direitista do Anarquismo, quais sejam:

- Concentra-se no indivíduo e sua vontade (estes se sobrepõem a instituições e sobre a coletividade).
- Pacífico (acredita que revoluções podem trazer novas modalidades de hierarquias que não as livremente aceitas).
- Revolução e evolução pela educação e pequenos atos cotidianos.
- Indivíduos livres podem se unir esporádica e temporariamente, de modo voluntário, para colaboração conjunta, não abandonando a defesa radical da liberdade individual ("associação espontânea").
- Defesa da propriedade
- Responsabilidade individual (do indivíduo para com sua vida, seu trabalho, sua família e suas próprias ações).
- Responsabilidade coletiva (do indivíduo para com a sociedade).
- Elevação de qualidades e habilidades individuais para realização do trabalho


São expoentes do Anarquismo ou Anarcoindividualismo: William Godwin, Henry David Thoreau, Josiah Warren, Lysander Spooner, Pierre Joseph Proudhon, Benjamin Tucker, Herbert Spencer, Max Stirner.

Sobre Godwin: foi o primeiro a estabelecer conceitos políticos e filosóficos anarquistas. É anti-Estado/Governo, mas acredita que o "Estado mínimo é um mal necessário" (pai do Anarco-capitalismo) e defende o direito de propriedade.

Sobre Lysander Spooner: defende que qualquer governo é uma associação de criminosos e vigaristas e também que toda legislação se opõe ao Direito Natural e é por isso criminal. Juridicamente, Spooner defendeu a "nulificação por júri" como uma garantia legal numa sociedade anarquista, onde o júri não só aplicaria a lei em cada caso, senão que julgaria a legitimidade mesma da lei que rege em cada caso. Para a economia, adotou o livre mercado de créditos, também inspirando o Libertarianismo e o Anarcocapitalismo.

Sobre o Anarcocapitalismo (ou Anarquismo da Propriedade Privada ou Anarquismo de Livre Mercado):  é uma versão radical do Liberalismo Clássico e do Anarquismo Individualista. Tem como postulado que as formas de governo, principalmente estatais, são prejudiciais e desnecessárias, especialmente instituições as relacionadas a funções jurídicas e de segurança. Em assuntos econômicos, o Anarcocapitalismo defende o capitalismo como a forma de organização econômica mais eficiente e rejeita qualquer tipo de controle governamental, impostos ou regulamento e que um mercado competitivo pode fornecer serviços muito melhores que os fornecidos pelo governo/Estado.

Bandeira do Anarcocapitalismo


Sobre Thoreau: abolicionista, ativista anti-impostos, autor do ensaio "Desobediência Civil" e precursor do Anarquismo Ecológico ou Eco-anarquismo. Afirma que "o melhor governo é o que nada governa", defendendo a propriedade privada e a construção de um patrimônio "necessário" como formas de liberdade. Thoreau estava mais inclinado a buscar "melhorias no governo" do que a "abolição do Estado".

Sobre a Desobediência Civil de Thoreau: é a base filosófica de libertários e anarquistas e deve ser exercida pacificamente, de modo a não se confundir com desacato. De acordo com o ideal de Thoreau, tudo o que se faz para buscar um governo melhor é uma forma de desobediência civil, inclusive  a forma escolhida por ele, a sonegação de impostos, que o levou à prisão.

Sobre Herbert Spencer: foi um notável opositor de governos militares e autoritários, de qualquer forma de coletivismo, do colonialismo, do imperialismo e das guerras. Defende a primazia do indivíduo perante a sociedade e o Estado, e a natureza como fonte da verdade, incluindo a verdade moral. No campo pedagógico, Spencer fez campanha pelo ensino da ciência, combateu a interferência do Estado na educação e afirmou que o principal objetivo da escola era a construção do caráter. Seu pensamento enfatizou o auto-aperfeiçoamento do indivíduo. (ÍDOLO!! rs)

Bandeira do Ecoanarquismo


Sobre Josiah Warren: para ele,  não deve haver absolutamente nenhuma comunidade de bens; todos os bens devem ser individualizados e os que defendem qualquer tipo de comunismo de bens, interesses e responsabilidades estão condenados ao fracasso em virtude da individualidade das pessoas envolvidas. Warren é conhecido por expor a idéia de "soberania individual".

Sobre Proudhon: foi o primeiro a se declarar Anarquista e o principal crítico de Marx e do socialismo. Pregava a união de "proletários" e "burgueses", sendo chamado de "reacionário" pelos comunistas. Para Proudhon, o trabalho assalariado (capitalista) era uma posição VOLUNTÁRIA de subordinação e exploração, uma condição permanente de obediência. Contudo, defendia que "propriedade é a única força capaz de agir como um contrapeso ao Estado... para assegurar a liberdade do indivíduo" e também defendia o direito de herança como "uma das fundações da família e sociedade".

Sobre o mutualismo de Proudhon: tem se distinguido do socialismo de Estado, e não defendem o controle social sobre os meios de produção pelo uso da força. Benjamin Tucker disse de Proudhon que "embora contrário à socialização da propriedade de capital, o objetivo de Proudhon é socializar seus efeitos, tornando-o seu uso benéfico para todos, em vez de um meio de empobrecer a muitos e enriquecer poucos… submetendo o capital à lei natural da competição, levando o preço do seu próprio uso ao de custo." O mutualismo afirma que "volumes iguais de trabalho devem receber pagamento igual". A única centralização concebida neste modelo econômico, de livre mercado, seria a concepção de um "Banco do Povo" que seria responsável pela administração da circulação da produção e trocas de valores referentes ao trabalho. (Não gosto do mutualismo.)

Bandeira do Mutualismo

Max Stirner: para ele, a realização pessoal de cada indivíduo se encontra no desejo de cada um em satisfazer seu egoísmo, seja por instinto, sem saber, sem vontade - ou conscientemente, plenamente a par de seus próprios interesses. A única diferença entre os dois egoístas é que o primeiro estará possesso por uma ideia vazia, ou um espanto, na esperança de que sua ideia o torne feliz, já o segundo, pelo contrário, será capaz de escolher livremente os meios de seu egoísmo e perceber-se enquanto fazendo tal. Somente quando o indivíduo percebe que lei, direito, moralidade, religião, etc., são nada mais que conceitos artificiais e não autoridades sagradas a serem obedecidas é que poderá agir livremente. A doutrina política de Stirner repudia a revolução e ridiculariza os movimentos sociais que atentam para a transformação do estado, tão-somente preocupados com o estabelecimento de um novo estado após a revolução. Defende, ao invés disso, um modelo único de auto-empoderamento e transformação social através da "união ativista" (associação espontânea temporária e voluntária, como se fosse um "sindicato de egoístas", no qual o egoísta se utilizaria de todos os recursos que possui na "luta de cada um contra todos") - apesar da definição e explicação deste conceito ser peculiar no trabalho de Stirner e não se assemelha ao trade-union (sindicato) socialista.


Descritos autores e algumas características do Anarquismo, pergunto: alguém que defende a extinção da propriedade, a sobreposição entre classes sociais, que não defende a família, que se organiza em forma de sindicatos e os defende, pode ser de direita? Pergunto novamente: alguém que defende o direito de propriedade, o direito de herança, a família, que eleva o indivíduo e suas habilidades à milésima potência, que prega responsabilidade perante si e perante a sociedade, que visa o amplo exercício das liberdades individuais, pode ser considerado de esquerda? Assim, vai por água abaixo a ideia de que Anarquismo é de esquerda. De acordo com uma das premissas que expus no início do texto, o Anarquismo é o extremo da extrema-direita e requer disciplina e responsabilidades muito maiores e um senso moral extremamente mais elevado do que qualquer "ditadura" de direita, seja ela militar ou não.

Quebra-se, também, a falsa visão que os socialistas-autoritários (marxistas), os socialistas-libertários (bakuininistas) e dos sindicalistas (que encaram os sindicatos mais ou menos da mesma forma tanto na visão autoritária quanto na visão "libertária") podem ser chamados ou confundidos com anarquistas.

Uma "regrinha" básica para se distinguir um anarquista de um vermelho qualquer é perguntar: "essa pessoa prega e enaltece as diferenças ou respeita as diferenças?". Os vermelhos vão sempre pregar diferenças e a segregação. Os anarquistas vão sempre entender e respeitar as diferenças e repudiar a segregação, independente de características individuais. Os vermelhos sempre tentarão diminuir alguém para que este se iguale a algo "pior", enquanto o anarquista vai sempre procurar coisas boas nas pessoas para que estas se igualem a algo "melhor". Vermelhos querem todos pobres. Anarquistas querem todos ricos. Vermelhos querem que "a cidade" se torne a periferia. Anarquistas quer que a periferia se torne "os Jardins" (ou o Leblon? rs). Vermelhos vão querer a extinção da religião, a negação de Deus. Anarquistas vão entender as diferentes filosofias e, a fim de manter o pacifismo, procurarão o melhor em cada uma, sem que necessariamente elas precisem se unificar ou anular uma à outra. Vermelhos invejam e maldizem, anarquistas admiram e se aperfeiçoam.

As diferenças entre Anarquistas e vermelhos são inúmeras e são IMENSAS. Existe algo maior que o Atlântico entre as duas linhas. Não é difícil perceber quando se encontra o Anarquista de verdade. Agora, se vocês forem procurar em páginas no Facebook (como anarcomiguxos ou qualquer coisa relacionada aos black blocs) ou em perfis de pessoas que se dizem "anarquistas" e "de esquerda", vocês só vão encontrar vermelhos. E, o pior, é que, seja por ignorância, seja por conveniência, nenhum deles se define como realmente é. Para saber "o que é", tem que ler. E muito. E ter paciência. Muita.

Mudando um pouquinho o enfoque: é possível aplicar o Anarquismo no nosso dia-a-dia. Vou dar alguns exemplos simples (e até bobos) que podem ser consideradas ações anarquistas:

Ações de responsabilidade coletiva
- Não jogar lixo no chão
- Ensinar pelo exemplo 
- Enaltecer qualidades e habilidades individuais, sem deixar de mostrar pontos que podem ser melhorados (seja na personalidade, no convívio, no trabalho, etc)
- Educar os filhos ensinando-os a pensar/raciocinar/refletir sobre o que lhe é dito ou ensinado e questionar se houver dúvida, discordância ou falta de entendimento
- Fazer aos outros apenas o que deseja para si /Não fazer aos outros o que não deseja para si
- Respeito ao próximo
- Limitação voluntária da própria liberdade ("minha liberdade é sempre menor que a sua" - é uma ótima regra de convivência, que não exclui o direito à justa resposta em casos de ofensas, por exemplo)

Ações de responsabilidade individual
- Pontualidade
- Assiduidade
- Eficiência
- Aprimoramento moral
- Aprimoramento intelectual
- Cumprir deveres
- Ter ética
- Fazer sua parte independente do outro fazer ou não a dele
- Respeito aos próprios limites
- Autoconhecimento

Tem muito mais coisa, mas levei muito tempo pesquisando, pensando, escrevendo e chegou a hora de parar, tomar um café, fumar um cigarro e desejar que o texto seja proveitoso a quem o tiver lido. Desejo também para que, a partir de agora, quem o leu consiga entender que EU, quando falo de Anarquismo, falo do "verdadeiro" e que quando vocês lêem "anarquismo" por aí, as pessoas não estão falando da mesma coisa. Vermelhos não são, nem nunca serão anarquistas.

The end (kkkkkkkkk)

quarta-feira, 15 de abril de 2015

DEPURANDO



De acordo com o dicionário online Michaelis:
depurar 
de.pu.rar 
(lat med depurare) vtd e vpr 1 Purificar(-se), tornar(-se) puro ou mais puro: "Depurar metais, depurar uma opinião. Louvado seja o Senhor que depura os corações com o martírio" (Coelho Neto). Depurou-se pelo trabalho e pelo altruísmo. vtd 2 Limpar: O lavrador ara e depura o campo. O arrependimento depura-nos de intenções culposas. vtd 3 Não apurar os votos obtidos (por um candidato eleito).

Nos sentidos 1 e 2 dados pelo dicionário, o processo de depuração é um tanto quanto complicado quando sai do aspecto físico. É mais fácil fazer uma reeducação alimentar, cortar café ou refrigerante, parar de fumar, de comer doces, etc do que fazer uma limpeza intelectual, moral e emocional. Às vezes, o processo é tão complicado e doloroso, que dá desânimo, uma vontade de parar, de chutar tudo para o alto, gritar "foda-se tudo" bem alto e sair andando sem olhar para trás.

Porém, para conquistar certos objetivos, a mudança deve começar em mim. A depuração é lenta, por mais ágil que seja o pensamento de alguém; autoconhecimento, auto-conscientização, autodidatismo são coisas que levam tempo, e será mais ou menos tempo de acordo com a vontade e o esforço de cada um que se determinar a passar pelo processo,

Eu decidi há mais de uma década. Os primeiros passos seriam "ser mais tolerante" e "ser menos agressiva". Devo dizer: #fail rs... É mais difícil do que eu acreditava que seria. Redução da agressividade é mais fácil que ampliação da tolerância. De qualquer forma, não deixei de tentar. Fui aprender empiricamente, já que, muitas vezes, a teoria serve mais para nos deixar mais loucos do que já somos ou para complicar algo que é simples quando colocado em prática.

Por incrível que pareça, minha PACIÊNCIA está mais dilatada do que quando comecei a me depurar. Leio mais, ouço mais, presto mais atenção, tento mais vezes (o que, para uma pessoa imediatista não é coisa simples), dentre outras coisas. Porém, meu limite de tolerância encurtou a partir do momento que quis "ver de perto" as coisas que, teoricamente, eu não tolerava ou não toleraria. Quis (e ainda quero) eliminar pré-conceitos e estabelecer pós-conceitos. Essa é a minha busca quando foco em "mais tolerância, menos agressividade".

A primeira tentativa ostensiva, para me livrar de um "pré-conceito" ou "conceito por oitiva" foi em 2013. Foram três décadas e meia rejeitando certas doutrinas e ideias (apesar de nunca ter rejeitado pessoas que as seguiam). Me aproximei das pessoas e me fodi (não tem termo que explique melhor). O que antes era apenas uma "teoria" com consequências de ódio, segregação, genocídio, falsidade, mentiras, radicalismo, etc, passou a ser uma "prática". Aprendi muita coisa, li muita coisa, guardei o que era bom para aplicar na minha vida e o que era ruim, eu guardei também, para usar contra aqueles que não enxergam o mal que eles mesmos se fazem e fazem aos outros.

A consequência do meu aprendizado de 2013? Eu conto: o que era pré-conceito ou conceito por oitiva se tornou pós-conceito. PESSOAS confirmaram minhas teorias "preconceituosas" ao invés de "desconstruí-las". Ou seja, além de rejeitar, rechaçar, contestar, me contrapor a doutrinas e ideias, passei a fazer tudo isso com as pessoas. Redução do limite de tolerância, afastamento, "desprezo", fingir que estou escutando enquanto mentalizo ♪♫ Because I'm happy, clap along if you feel like happiness is the truth ♫ ♪. Infelizmente. Excluí pessoas do Facebook e da vida. Mais de 800 pessoas que, antes das minhas experiências práticas de convivência com pessoas que tinham o mesmo modo de pensar e de se comportar, eu achava legais. Achava. Não acho mais.

Existem tradições, regras e parâmetros que não necessariamente precisam ser quebrados, desconstruídos, desrespeitados para que as pessoas em geral possam ser felizes ou viver plenamente. Muitos se queixam da existência do governo, criticam PESSOAS ao invés de criticar métodos, critérios, etc e a grande maioria critica, mas não apresenta uma solução que preste, que possa ser realizada. Não é de hoje para amanhã que instituições estatais e o próprio Estado vão desaparecer. Não adianta quebrar para chocar, ou gritar para ser ouvido. Todo mundo para de prestar atenção em determinado momento, porque se torna repetitivo, cansativo e não está se revertendo em nada produtivo, útil ou benéfico ao POVO, e não só a quem reivindica.

Ex: "Queremos passe livre, passe livre já". Legal. Ótimo. Lindo. Para ter passe livre é preciso ter ônibus. Para que queimar ônibus se o Estado não usa transporte? "PM assassina, PM fascista, só mata preto e pobre na favela". Ok, então, para parar de matar na periferia, vamos levar a favela para o centro, assim a PM mata por lá também? A PM não é como certas parcelas da sociedade dizem. Ser respeitado pela PM não é privilégio de uns e outros. Ser respeitado pela PM é algo corriqueiro para quem vive sem querer quebrar regras, tradições e parâmetros que não prejudicam ninguém. Outro: "Somos contra a PL 4330" e param vários pontos da cidade, em horário comercial, impedindo que as pessoas cheguem a seus trabalhos no horário, causando problemas a quem precisa viajar ou ir a uma reunião ou levar alguém ao hospital. É de muita inteligência mesmo prejudicar o trabalhador para não prejudicarem o trabalhador, não é? rs

Aprendi que tem muito mais gente mentirosa e sem caráter no mundo do que as pessoas pensam. Aquela coisa de "Brasileiro é um povo de coração bom" É MENTIRA. Brasileiro é burro e filho da puta. Pelo menos, ficou assim depois da "redemocratização" (aliás, que redemocratização de merda, não é mesmo? Os militares eram tão ruins que, na época das manifestações pelas Diretas Já vivíamos sob a "ditadura militar" e tudo correu muito bem e o objetivo foi atingido... e eram os militares que comandavam o Brasil... vejam agora, com essa "democracia" instituída de FHC em diante, quando os reais defensores do povo - e o próprio povo - foram enfraquecidos e o Estado ganhou força, está uma maravilha! #sqn).

Não dá saudade de ir para a rua e conquistar um objetivo real?
Esses manifestantes da atualidade NUNCA vão conseguir uma conquista dessas. Existem "métodos" e "métodos"... já ficou claro que os métodos ATUAIS não dão colheita de bons frutos. Afinal, em 2013 a passagem caiu 20 centavos de Real e o IPTU foi aumentado em 45% e, um ano e meio depois, ao invés de subir 20 centavos, a passagem subiu 50 centavos. Parabéns, manifestantes, vocês não conseguiram nada de bom, pioraram a situação de boa parte da população e a única coisa que fizeram foi passar vaselina na bunda de todo mundo (desculpa, mas se eu não falasse isso, falaria coisa pior), como se fosse "doer menos".

Viram? Meus pós-conceitos aumentaram e, com eles, minha intolerância... ou minha seletividade. Afinal, minha vida não é um saco preto para que eu a encha de lixo.

Agora estou TENTANDO conversar com algum muçulmano inteligente que não seja "revertivo" para que me tire algumas dúvidas. Até agora, os que tentei me aproximar/conversar ou eram radicais demais, ou não permitiram aproximação, ou tentaram me convencer a me tornar islamita porque "é muito bom". Testemunha de Jeová e vendedor de Jequiti comigo não dá, não rs. Estou quase desistindo, sem eliminar pré-conceito/conceito de oitiva e sem formar pós-conceito nenhum. E se não conseguir eliminar as dúvidas, vou criar porcos e fazer chover bacon pelo mundo rs (em outras palavras, ignorar e/ou revidar em caso de agressão de algum tipo, que é o que já tenho feito).

Ah, sim. Lembrei de um detalhe sobre algo que está em voga nos últimos tempos e se refere ao assunto do parágrafo anterior. Sou descendente de mouros (muçulmanos) e judeus. Exercendo minhas liberdades de pensamento, expressão e escolha, sou pró-Israel. Sempre fui pró-Israel e, por isso mesmo estou tentando "ouvir o outro lado", através dos próprios muçulmanos e não dos seus "defensores". O lado ruim disso é que, normalmente, não obtenho resultados, nem bons, nem maus. Simplesmente, não há resultados (enquanto isso, os judeus estão sempre dispostos a uma boa e respeitosa conversa, o que está me ajudando a estabelecer pós-conceitos sobre eles).

Existem outros aspectos em que também estou me depurando. Mas, são pessoais e eu não sou do tipo que expõe a privacidade, a não ser em casos extremos. Afinal, o que acontece entre as "minhas" quatro paredes, só diz respeito a mim. E, está aí outro ponto interessante: as quatro paredes alheias não me interessam se 1. eu não puder ajudar e/ou 2. se não disserem respeito a mim, em algo importante. Exposição de privacidade é algo que incomoda, porque eu não faço para os outros o que não quero para mim e cada um tem sua própria vida, não há necessidade de ficar esfregando as coisas na cara dos outros. Isso gera mal-estar, constrangimentos, raiva/ódio e distanciamento entre as pessoas. Se cada um vive sua vida (responsabilidade individual) e faz a sua parte sem prejudicar ninguém direta ou indiretamente (responsabilidade coletiva) todo mundo vive melhor, sem vitimismo, sem coitadismo, sem sequer lembrar de coisas como cor de pele, quantidade de dinheiro na conta bancária, ou que uso faz da própria anatomia, porque essas coisas, definitivamente, não são importantes em relações HUMANAS.

Na prática, além dos objetivos embutidos na depuração, tenho dois objetivos práticos para a vida. Nenhum dos dois depende só de mim e, ficar de mãos atadas e impossibilitada de resolvê-los "logo", é torturante. Ainda assim, aproveito a "atadura" para depurar outros aspectos da minha (bem complexa) personalidade, já que caráter é algo que se tem ou não se tem e é bem preto no branco. Todos os "tons de cinza" são da personalidade e é esta que precisa ser "remediada" na maioria das vezes (no caso de quem tem caráter, porque, para quem não tem, "defeitos" não fazem grande diferença rs).

Esgotei minha disposição. Tem outros mil pensamentos aparecendo e não quero misturar assuntos aqui. Só deixo a pergunta: você, que me critica, me odeia, me inveja, me abomina, que quer me ferrar ou só me ver ferrada, está se depurando ou continua a mesma merda de sempre? =D

Até.

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