segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

A SOLIDÃO É UMA ZONA DE CONFORTO


Em 2005, caminhando para dois anos de namoro, engravidei de gêmeos (que perdi) e levei um ghosting. Se fôssemos considerar literalmente o "término da relação" como estamos acostumados a ver e saber, ou seja, um dos parceiros colocando um ponto final, poderíamos considerar que estou namorando o pai dos gêmeos há 16 anos e 10 meses. Obviamente, não estou - e nem estaria, porque eu não consigo tolerar homem bundão.

Diante de tudo o que aconteceu entre agosto e dezembro de 2005, decidi, pelo meu bem e pelo bem da educação da minha filha, que contava apenas três anos de idade, desistir de relacionamentos afetivos, fossem rotulados/sérios ou não. Entrei na fase de "solteira, sim, sozinha também" e de inaugurar a maior friendzone "da minha turma".

[EDIT] 9 meses depois de iniciado, o texto não estará terminado, porém, estará publicado - e os curiosos já ficam sabendo o porquê de eu não ter mais namorado ninguém. =*

COPO (MEIO) CHEIO





Quando eu fazia do meu blog um diário, eu não tinha crises de pânico/ansiedade, nem de despersonalização ou desrealização, nem psoríase, nem meltdowns e shutdowns... eu falava sobre a minha vida, o meu dia, o que me incomodava e fazia feliz, "destilava meu veneno" (deveria ter destilado whiskey e dividido "cazamiga").

Nunca tive muitos seguidores e, os que seguiam o blog, eram amigos e a gente "trocava favores" seguindo um ao outro. O blog nunca teve alcance (nunca foi minha intenção que tivesse) e, ainda assim, tive que retirar do ar diversos textos, porque fui acusada de alienação parental por causa dos meus desabafos. De qualquer forma, o blog era, vezes válvula de escape, vezes tábua de salvação.

Quantas e quantas vezes não consegui organizar meus pensamentos e minha vida escrevendo?

Eu estava sempre com o copo "meio cheio". Quando transbordava ou em ocasiões que qualquer gota d'água virava tempestade, saíam os textos que eu acabava gostando mais. Muitos deles se perderam na mudança da plataforma blogger. Meu primeiro blog ("How my day was") começou em 2000 ou 2001 e não consegui trazer todos os textos para cá a tempo, já que eu escrevia todos os dias e, em alguns dias, mais de um texto.

Há algumas semanas, acreditei que voltaria com tudo, me sentia com o copo cheio (de coisas boas), empolgada, com textos sobre um monte de assuntos que estão pairando na minha cabeça feito nuvem de chuva forte... mas, não. O plano era voltar para o rascunho (imagem), mas não será terminado e não pretendo alterar o teor do que já está escrito.

"Ele me faz tão bem" vai ficar exatamente como está...um rascunho, porque foi isso que eu vivi, apenas um rascunho.

sábado, 14 de novembro de 2020

ELE ME FAZ TÃO BEM


 
Meses sem escrever no blog, mais meses ainda sem prestar atenção em assuntos relacionados à política e suas guerras dicotômicas e sem nenhum senso de moralidade ou ética. Também não ando dando muita atenção a assuntos polêmicos e nem aos candidatos à prefeitura de São Paulo ou às eleições norte-americanas (que vergonha alheia, a propósito). Para o Brasil, a pandemia e a consequente quarentena, começaram em meados de março. Para mim e meu núcleo familiar, a "pandemia" começou alguns anos antes e teve pico de sua curva epidêmica a partir de maio de 2019. Ou seja, há um ano e meio minha família vem vivendo o pico de uma curva de coisas (e pessoas) ruins. Obviamente, ao longo do caminho, também encontramos pessoas boas e é a essas a quem devemos respeito e gratidão e por essas que aprendemos a sentir e demonstrar afeto.

Notei, também, que, 2019, muito mais que 2020, foi um divisor de águas para mim: meu avô paterno, que era um dos pouquíssimos Amigos que eu tinha na vida, faleceu e isso me fez rever diversos conceitos, sentimentos, formas de pensar e, também, revisitar situações do passado - algumas mais de uma vez - com a finalidade única de entender os "comos" e os "porquês" e me livrar de alguns traumas. Nesse caminho cheio de pedregulhos cutucando as solas dos meus pés, me deparei com uma pessoa que, à primeira vista e ao longo de quase um ano, aparentava ser inteligente, equilibrada, justa mas que, no final das contas, não passava de um ser humano indecente, decrépito, manipulador, cruel, mentiroso, falso e hipócrita, já que vivia exigindo de mim - e outras pessoas - coisas que ele, como ser humano, nunca foi e, muito provavelmente, nunca será capaz de dar ou retribuir.

Em 2013, tive uma péssima experiência de vida tentando entender "o outro lado". Mais especificamente, fui procurar entender o que queriam pessoas que se diziam "carentes" e "excluídas" em relação à sociedade. Foi a primeira pior coisa que fiz na minha vida. Não é mais segredo para ninguém o estupro, a perseguição, as ameaças de morte e inúmeros outros delitos e situações deploráveis decorrentes da ideia que faziam de mim por conta de cor da pele, do cabelo, dos olhos, do lugar em que moro, de eu ter tido uma família bem estruturada, de meu Pai ter morrido trabalhando para me dar uma vida digna e me proporcionar uma boa educação formal em boas escolas. Para esses, eu era/sou uma "patricinha branca privilegiada".

Aliás, não só na cabeça daquela gente lá de 2013, mas também na cabeça da ex (haha, pfff) do cara que processou a filha e a mim (e, a piorar, acusando-me de coisas que não fiz: mas até explicar que focinho de porco não é tomada para que a pessoa entendesse e conseguisse enxergar alguns centímetros além do próprio umbigo, eu me desgastaria muito mais do que se só fingisse que respeito e que concordo, então, eu fingi). Essas duas pessoas, situações e seus "defensores", geraram-me mais dois TEPTs (Transtornos de Estresse Pós-Traumáticos), além dos dois que eu carregava desde a infância. Talvez eu cobre judicialmente a indenização pelos valores gastos com os tratamentos clínico e medicamentoso - acho que até seria uma boa ideia, já que essas duas pessoas me geraram os traumas e, também, lucros cessantes. É de se pensar...

[EDIT] Hoje, 23.09.2021, resolvi olhar o blog e, eis que me deparo com este rascunho... Decidi simplesmente deixar como estava, porque dia 05.12.2020 o texto acima perdeu o sentido - e por isso não foi finalizado. De qualquer forma, será publicado, ainda que como rascunho e sem varredura de erros gramaticais.

 


sexta-feira, 26 de junho de 2020

PAUSA NAS GAVETAS

Marilyn Monroe: "Sou egoísta, impaciente e um pouco insegura". YOO

Sou egoísta, impaciente e um pouco insegura. Cometo erros, perco o controle e às vezes sou difícil de lidar. Mas se você não consegue lidar com o meu pior, então, com certeza, não merece o meu melhor. Marilyn Monroe




"Veri, você é um poço de cultura e informação."
Sim, mas estou longe de ser um poço "cheio" dessas coisas.

A primeira frase foi um elogio que recebi de um dos caras mais inteligentes que já conheci (antes dele fritar o cérebro com drogas diversas; hoje, dá desgosto conversar). A segunda, sou eu reconhecendo mais de um dos meus limites. Eu saber ou conhecer muita coisa (ou mais que a média) em relação aos assuntos que gosto não significa que eu saiba tudo sobre eles ou os tenha esgotado. Eu leio, pesquiso, estudo, aprendo, reaprendo, sobre assuntos novos e antigos sem qualquer pretensão de entrar em "disputas para ver quem sabe mais". Eu aprendo por mim. Eu aprendo para mim. 

A coisa que mais fiz na vida depois dos 4 anos de idade foi ler, pesquisar, estudar, organizar mentalmente as informações, de um jeito que (de novo), ainda não sei explicar. Tudo o que é importante (e nomes não o são, PARA MIM) fica armazenado, "catalogado", organizado. Se tiver um padrão, então, melhor ainda, porque torna todo o processo mais simples. E a analogia que fiz sobre as gavetas nos dois textos mais recentes, é válida e explica razoavelmente bem como tudo fica guardado.

Tudo o que eu gosto, desde que me conheço por gente, é perene: Português, comportamento humano, algumas coisas da Filosofia, religiões... as informações são importantes, os fatos são importantes. A mensagem é importante, não o mensageiro. Não guardo nomes, nem de pessoas, nem de coisas, muito menos de sites. De livros? Sim, guardo, mas só alguns. Porque nomes (e opiniões) ocupam espaços que são, certamente, melhor aproveitados com dados, informações e conhecimento.

Raramente, falo sobre algo que não sei. Raramente sou presunçosa e dificilmente calo minhas dúvidas enquanto julgar que não adquiri dados e informações suficientes sobre determinado assunto. Se isso é considerado "arrogância", agradeço o elogio de antemão (se fosse considerado prepotência e eu não conhecesse a mim mesma, talvez eu ficasse preocupada com o que pensam ou dizem).

Eu gosto de APRENDER e faço isso constantemente, estou SEMPRE estudando algo e, claro, faço com mais gosto e mais a fundo se eu gostar do tema. Não é nada raro eu revisitar assuntos. Não tenho preguiça, nem o "pensamento rígido" (em sentido amplo) que a maioria dos aspergers têm, de encasquetar com uma coisa e se recusar a aprender.

O autoconhecimento é uma bênção em todos os aspectos: nos dá noção de quem somos, porque somos e do que somos capazes de fazer com tudo o que há em nós, seja o joio, seja o trigo. Saber separar um do outro e o que fazer com cada um deles são dois dos principais aspectos de nós mesmos que nos permitem nos tornarmos autoconfiantes e serenos em relação a nós mesmos. Autoconhecimento nos ajuda a evoluir, a perceber limites próprios e alheios e a respeitá-los.

Não nasci para agradar ninguém e qualquer "submissão" ou mansuetude que eu demonstre e conceda a alguém é de modo voluntário e é exatamente só isso, uma CONCESSÃO VOLUNTÁRIA. Aproveita quem é inteligente, respeita quem tem juízo. Meu sangue não é de barata.

Em 25 anos de internet já li, já ouvi, já vi e vivi muitas coisas. Grande parte delas foram bem desagradáveis. A consequência disso? Calejei. Dizem que ninguém chuta cachorro morto... alguns não perceberam que o cachorro já não sente mais nada e que continuar chutando é perda de tempo e desgaste das próprias emoções e da própria imagem, que é o que as pessoas tanto prezam hoje em dia e as faz parecer tão menores do que são e/ou do que poderiam ser. E, além disso, a necessidade de espezinhar, humilhar, sobrepujar qualquer pessoa é indicadora de profunda pobreza de espírito de quem o faz.

Minha sede e o meu gosto por conhecimento e aprendizado são duas das minhas melhores qualidades. Nasci com elas, vou morrer com elas. Não é a primeira vez que estou sob uma leva de ataques a essas características e não é a primeira vez que apenas assisto. Ser uma mera expectadora da "guerra" em que fui inserida - e me recuso a participar - me dá a vantagem de poder manter certa "distância emocional".

"Ah, mas se você está "distante emocionalmente", por que está escrevendo no blog?"

Respondo: 
1. Porque o blog é meu e eu escrevo sobre o que quiser rs.
2. Porque não vou descer no nível do contra-ataque (bate-boca).
3. Porque meu ouvido não é penico e eu posso "passar a banda". (Viva a PNLA!).
4. Porque eu sei o que acontece quando eu respondo a esse tipo de mesquinharia: perco o (resto de) respeito e todo o escrúpulo e, por mais que seja "divertido", não me traz paz, nem contentamento. Às vezes, é legal deixar que as pessoas acreditem que sou é o que elas dizem e perceber que elas não têm controle sobre si próprias, que dirá sobre mim.
5. Porque, por fim e o mais importante, eu sei quem sou e NADA do que digam muda nada em mim se eu não quiser que mude (e se forem características como gosto pelo conhecimento e curiosidade, sorry, a missão de vocês é suicida, porque vão continuar dando murro em ponta de faca e chutando o cachorro até morrerem de desgaste).

As pessoas são livres para entrarem e saírem das vidas umas das outras, são livres para dizerem e fazerem o que querem, para plantar aquilo que desejarem - mas a colheita aprisiona, ela é obrigatória. Tenho tomado muito cuidado com o que planto, porque as consequências serão minhas. Vocês deveriam tentar também, isso aumenta a autoestima, a autoconfiança, o autoconhecimento e a capacidade de relevar a estupidez e o egoísmo alheios.

Não me preocupa, nem incomoda o fato de não gostarem de mim (eu também não gosto de muita gente). As pessoas também são livres para isso, apesar de acreditarem que devem ser gostadas pelo que são, mesmo não sendo recíprocas nesse quesito. A grande maioria das pessoas quer moldar os outros ao seu próprio gosto, desejando que os outros mudem por elas, do jeito delas, e isso é uma das razões pelas quais as pessoas são tão frustradas. Ninguém muda ninguém. Cada pessoa muda se, quando, o que e como pode e quer. Cabe a nós compreendermos e aceitarmos a individualidade alheia, para desenvolver bons vínculos de afeto e respeito. Consideração, também.

Não é porque uma pessoa gosta de você que você pode fazer o que quiser dela e/ou com ela. Despeito, tirania, deboche, sarcasmo... são quatro dos passos certeiros para minar relações sociais, profissionais e afetivas. 

Dois ou três anos atrás eu disse à minha Madrinha que uma certa pessoa não tinha limites, mas os encontraria em mim. Virei onça, porque a pessoa infeliz mexeu com a educação da minha filha. Estrilei, sim, mas quando mexem comigo, eu viro malandro. E malandro não estrila, mesmo que avise.

Aviso nº 2 concluído com sucesso (não haverá um nº 3).

quarta-feira, 24 de junho de 2020

UM EMARANHADO DE CAOS - GAVETA 2


#PraCegoVer em escala de cinza, uma boca de mulher, entreaberta, com a língua para fora, apontando para o lado esquerdo da foto. A ponta da língua, toma o formato de uma naja, simbolizando o veneno da fofoca.

Uma vez ouvi a seguinte frase, de uma das duas piores pessoas que tive o desprazer de cruzar durante a vida: "a arma da mulher é a língua".

Sim. É. Mulher não para de falar nunca. Provoca, ofende, chicoteia, ilude, ludibria, alfineta, se faz de vítima, simula ofensa. Isso é um tipo refinado de "tortura" que, ao longo do tempo, esmigalha o parceiro emocional e psicologicamente. Mulheres agirem dessa forma é comum e, apesar dos exemplos dos pais fazerem parte da formação da personalidade e poderem "suavizar" a língua ferina feminina, não existe garantia nenhuma das mulheres crescerem e amadurecerem sem essa péssima característica. O fato de a língua ser "o chicote da alma", não impede a vasta maioria das mulheres de ter suas verborragias ácidas e ofensivas.

Os homens são, no geral, "menos elaborados" que as mulheres, mais toscos, mais brutos (não fiquem bravos, rapazes, não estou tentando ofender, nem denegrir vocês - leiam até o fim). Perdem a "noção do perigo" com mais facilidade e os que têm "ouvido seletivo" conseguem controlar melhor a raiva e demoram mais a liberar a agressividade que lhes é intrínseca. Alguns homens têm rompantes de violência e agridem fisicamente as parceiras. Alguns homens fazem como mulheres: tacam logo todo o veneno sobre as parceiras e vão minando, nas mulheres, a autoconfiança, a autoestima, o amor próprio...e, também, o respeito, a consideração e amor que (eventualmente) elas tinham por eles.

Há quantos milhões de anos somos reconhecidos como espécie? Olhando para os aspectos mais gerais e amplos da nossa evolução, não mudamos tanto assim (os meios mudaram, os fins são os mesmos). Dependendo da situação, nós, mulheres, ainda seremos, figurativamente falando, "arrastadas pelos cabelos" pelos homens que fazem parte das nossas vidas. Assim como eles, homens, se sentirão acuados pela nossa comunicação.

Violências podem ser escusáveis em determinadas circunstâncias (ex: atirar em um bandido para se defender), mas nenhum tipo de violência é justificável. A violência sofrida pelo corpo, com o tempo, perde suas marcas e suas dores, ou a gente acaba se acostumando com elas e passa a ter uma sensação (moral-afetiva) de "adormecimento". Mas, a violência sofrida pela alma dificilmente será apagada ou esquecida e raramente é praticada de modo inconsciente. A violência praticada contra a alma é sempre consciente, intencional, praticada com o propósito de humilhar.

Abusos verbais e emocionais, sejam praticados pelas mulheres ou pelos homens, machucam profundamente e podem, sim, ter consequências hediondas e duradouras, quando não permanentes, para quem os sofre.

Nossa sociedade está doente e essa doença tem como origem primária, principalmente, o ego. E o ego é, ao meu ver, a causa óbvia do que afeta a alma (própria e alheia).

As redes sociais, principalmente as que enaltecem a imagem em detrimento da essência, transformaram as pessoas em poços de futilidades, cheias de mimos e caprichos, em constantes disputas (de egos) e embates (de ignorâncias). A cobrança generalizada de "empatia" e, ao mesmo tempo, a não concessão de NENHUMA "empatia" pelas mesmas pessoas que a exigem mostra, tristemente, o aumento da mediocridade humana (intelectual e moral, mas, principalmente, moral).

Tudo é cobrado, nada é concedido.
Tudo é direito, nenhum dever reconhecido.
Tudo é egoísmo, injustiça, preconceito.
Ética? Ninguém mais sabe o que é, ninguém mais "vê passar".
Quase ninguém é auto-responsável.

São raras as pessoas com envergadura moral. Mais raras ainda as que possuem envergadura intelectual. Os bons estão adoecendo e morrendo, e as "gerações Paulo Freire" não são lá muito inteligentes e cultas, apesar de terem a certeza de ser. E a situação é essa no mundo todo, não apenas no Brasil.

(Ficou sem nexo de novo? Sorry. Se eu falar abertamente tudo o que quero e penso sobre o assunto, mais cedo ou mais tarde vai ter mimimi e estou sem estrutura e sem paciência para embates =D ).

É considerado "feio" passar por cima das pessoas, mas era tão mais tranquilo viver quando eu me importava menos com isso.

Por fim, uma dica: Controlem suas línguas, humanos.

terça-feira, 23 de junho de 2020

UM EMARANHADO DE CAOS - GAVETA 1


#PraCegoVer em escala de cinza, um cérebro com diversas palavras referentes à personalidade, forma de pensar e sentir, com o título "The Messed Up Minds" ou, em Português, "As Mentes Bagunçadas".


Meses atrás, um amigo publicou em um grupo no Facebook um texto com ideias bem interessantes sobre como é ou pode ser o processo de construção dos nossos pensamentos. Faz bastante tempo e, até hoje, não sei responder a pergunta dele. Está sobrando informação e faltando organização, fatos que me obrigam a parar (tudo). Cheguei no momento do jogar fora o que não serve para conseguir organizar o resto.

Percebi que, em fases de "expurgo", o início é sempre o fim. Por quê? Porque o fim é mais recente e, consequentemente, a quantidade de informações e lembranças sobre fatos recentes é muito maior que a quantidade armazenada de coisas mais antigas. E, também, porque para enxergar o conteúdo da gaveta de baixo, você tem que fechar a de cima. Não importa quanto tempo leve, desde que não se ignore nada do que está lá. Isso deve ser feito em todas as "gavetas", até que não reste nada que não seja essencial.

Há quase quatro anos, iniciei uma "jornada de autoconhecimento" (e acho que já falei disso aqui no blog) e, hoje, meu estado é bem parecido com o de 2016, com a diferença de já ter percorrido diversos caminhos e ter encontrado diversos atalhos - o que não facilita o processo atual, porque cada circunstância, cada acontecimento, cada pessoa, cada emoção, cada época, cada dia, são únicos e, nem sempre, acertos passados serão acertos futuros.

O fato de não confiar cegamente na experiência anterior, obriga-me a exercitar a criatividade para "desenvolver meu dia-a-dia" (Karol Conká, diva!). As experiências passadas nos ajudam a prever efeitos e consequências de algumas decisões e ações, mas não garantem nada. Algo que deu muito certo  num dia, pode dar muito errado depois, porque nada é exatamente igual. Ainda bem!

A velocidade com que as coisas aconteceram para mim, de 04.10.2019 para cá, não me permitiu absorver e assimilar totalmente os detalhes das partes e as partes do todo. Há muito a ser "desengavetado", analisado e organizado. Há muito a ser jogado fora, até mesmo para preservar minha saúde hepática rs.

Pessoas vieram, pessoas ficaram, pessoas se foram, pessoas voltaram. Ainda não consegui olhar "the big picture" a respeito disso. Não sei o quanto agi certo, o quanto agi errado - aliás, não sei nem o quanto agi e o quanto me omiti, o que dificulta o estabelecimento de um juízo de valor acerca disso e de todo o resto também, se considerarmos que cada ação ou omissão, certa ou errada, produz consequências distintas.

Um tempo atrás, tive uma conversa sobre quebra de rotina com alguém que não me lembro quem foi e minha conclusão foi que, meu problema com quebra de rotina não é INSERÇÃO mas, sim, EXCLUSÃO. Lembro de ter chamado de "quebra negativa de rotina", a situação em que você se habitua a fazer algo e, de repente, aquela coisa lhe é tirada. A primeira vez que me lembro de ter ficado borocoxô por uma "quebra negativa de rotina" foi quando terminei a faculdade de Direito. Eu estava com 22 anos e estava na escola desde os quatro. Não sabia fazer outra coisa a não ser estudar. Fiquei perdida, desorientada, questionando "o que eu ia fazer da vida?"

E por que eu me senti tão mal em 1999 e porque me sinto pior com uma exclusão do que com uma inserção de atividade? Simplesmente porque a quebra negativa da rotina tira suas perspectivas, seu referencial, seu senso de organização - pensando aqui, será que isso tem a ver com o sistema propioceptivo? Porque a sensação é meio essa, de não saber bem onde você está, de onde vem, para onde vai, o que precisa fazer...

Eu sempre fui de fazer um monte de coisas ao mesmo tempo, sempre fui de estudar bastante, trabalhar muitas horas por dia, cuidar da filha, da casa... - e aí, fiquei sem trabalho. Mais uma quebra negativa. É um saco ficar "sem fazer nada". Ler, fazer tricot, escrever...deveriam ser apenas lazer para mim, não meios de "ocupar as horas livres". O desemprego/falta de trabalho técnico anulou o prazer que eu sentia com os meus hobbies. E, entrei mais fundo na vibe ruim da rotina negativa. O que estava péssimo lá em 2009/2010 (depressão, anorexia, ansiedade generalizada) não melhorou muito com o passar do tempo, até que consegui "expurgar" uma boa parte do que não prestava e me reorganizar um pouco.

Os espíritas falam muito em "leituras edificantes", como sendo aquelas que nos fazem melhorar, evoluir, progredir, aprender, etc. Foi assim que comecei, lá em 2016. Não exatamente leituras "religiosas", mas leituras que me ajudassem a olhar para mim sem medo, sem raiva, sem "trauma", etc. Não é fácil olhar para si e admitir os próprios defeitos. Também não é fácil aceitar os próprios defeitos. Menos fácil ainda é perceber e reconhecer que pessoas que você despreza estavam certas sobre você. Porém, uma vez que você descobre seus próprios mecanismos de autopercepção e autoaceitação, tudo o que era difícil fica fácil e tudo o que era feio deixa de ser.

E, para mim, os padrões e os mecanismos de autopercepção e autoaceitação surgiram "de trás para frente", "do fim para o começo", como citei no início. Aprendi muito sobre mim nos últimos quatro anos, muito mais do que eu havia aprendido nos 39 anos anteriores. Aprendi, sobre mim, que eu deveria usar o meu "lado ruim" para preservar a mim e à minha família, em vez de insistir em usar o lado bom e compreensivo, e acabar dando chance para gente sem vergonha na cara fazer o que fez. Nenhum "justiceiro social" é muito reto de caráter não. Narcisistas, idem. Gente insegura, invejosa, com processamento precário de lógica e baixo uso de racionalidade... "o ser humano em vertigem"... em outros tempos, eu teria passado por cima desses tipos como um trator de esteira e talvez devesse ter passado: quando eu era "porra-loca", ninguém tirava farinha comigo, ninguém enchia meu saco, ninguém triscava com a minha filha. Dizia meu Pai (e é a segunda vez que cito esta frase em menos de 24 horas) que "tem medo quem não tem respeito, mas pelo menos não enche o saco".

Se a minha paz de espírito "custar" o que os outros pensam ou falam sobre mim, prefiro que continuem pensando e falando, afinal, a opinião é das outras pessoas (o karma ruim também), não me diz respeito, não paga minhas contas e não condiciona minha felicidade e meu contentamento. Opiniões não são fatos e não são necessariamente verdades - aliás, raramente o são. Na maioria das vezes, atualmente, opiniões sequer derivam de conhecimento, estudo, lógica e, menos ainda, possuem conteúdos coerentes e embasamento fático ou científico. Versões de um fato não são A verdade; são apenas percepções subjetivas dos diversos aspectos de um fato e apenas o fato objetivamente considerado está próximo de ser considerado A verdade. Deixando a Filosofia de lado...

(O texto está sem nexo? Não tem problema, escrevo para mim e só empresto para vocês lerem =P)

Desde que a "força da aceleração" começou a movimentar meus dias, tantas coisas foram inseridas paulatinamente na minha rotina diária e os dias foram sendo preenchidos aos poucos, mas tão consistentemente, que a mudança não foi abrupta, apesar de ter acontecido em curto espaço de tempo. O aspecto negativo dessas mudanças todas, acreditem, era o comportamento de UMA única pessoa em relação a tudo o que fazia parte das "inserções". Dizem que, "quem não sabe fazer, não sabe mandar" e foi numa enrascada dessas que eu me meti, involuntariamente. Sim, foi uma enrascada. Minha cabeça funciona muito melhor e muito mais rápido do que minha boca é capaz de comunicar.

Acredito que eu ainda não saiba lidar com o medíocre. Tolerância e compreensão são facilmente aplicadas de modo racional e consciente, sem subjetividades, quando a mediocridade do indivíduo é involuntária e não percebida e o tom respeitoso pode se prolongar por longos períodos de tempo. Mas, o que fazer - e por quanto tempo fazer - quando a mediocridade confere à pessoa um certo ar de (falsa) "superioridade" moral e intelectual?

Minha atitude inicial foi, numa situação real, exatamente a mesma que teria com a pessoa inconsciente: tolerância, compreensão, respeito. Até que... a pessoa parece ter "confundido" meu respeito com permissividade e, em questão de 45 dias, passou de "pessoa de referência inclusiva" a "pessoa presunçosa e preconceituosa". Era o início do fim.

Quando a pessoa usa o jargão "eles querem que você se sinta mal para que eles se sintam bem", sem se preocupar com os efeitos e consequências de alguma atitude inadequada praticada de forma deliberada, ela se mostra má e inescrupulosa e se torna indigna de respeito. Assim como usa de falsa autoridade e de um pretenso poder para manipular pessoas e situações em detrimento de alguém mais "fraco". Medíocre, huh? Não sei lidar. Aceito sugestões.

"Ninguém chuta cachorro morto", dizem.

A gaveta de cima foi fechada.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

DOS MIL DIECINUEVE

Escrita com letras pretas sobre um fundo branco, a frase "nolite te bastardes carborundorum", do livro O Conto da Aia, que, em Português, significa "não deixe que os bastardos te esmaguem"

Dois mil e dezenove foi um ano que parecia uma extensão de 2018. Não houve uma "virada": as coisas não-boas de 2018 apenas continuaram fluindo, como se nada - real ou simbólico - tivesse acontecido à 00h do dia primeiro de janeiro.

De janeiro a agosto, no que se refere às consequências reflexas de babaquices alheias, dois mil e dezenove rolou ladeira abaixo. Algumas pessoas prejudicaram demais minha filha com determinadas palavras e atitudes, mostrando à minha filha, explicitamente, o que não ser e não fazer.

De janeiro a agosto, a maldade alheia obrigou minha filha à resiliência. Seria menos sofrido a ela aprender a resiliência através de experiências alheias, refletindo, usando a criatividade para enxergar uma gama de melhorias, métodos, soluções, etc., e a lógica para avaliar "the big pictures" e tomar decisões adequadas.

A partir de agosto, com todo o aprendizado, nós três - eu, minha filha e minha mãe - praticamos o nolite te bastardes carborundorum, transformando o "não deixe" em "já não deixamos". Somos como bambus bons, que envergam com o vento mas não se curvam demais e também não quebram.

Em outros aspectos, dois mil e dezenove foi um ano maravilhoso. Cheio de descobertas, aventuras, mudanças, desenvolvimento, crescimento pessoal, fortalecimento de vínculos... mas, eu não posso negar que a melhor coisa desse ano louco foi a melhora grande e intensa nos relacionamentos mãe-filha, tanto com a minha filha, quanto com a minha mãe.

Estamos, as três, mais unidas, mais amigas. A comunicação melhorou, a energia melhorou, os ânimos melhoraram... até pele e cabelo melhoraram rs.

Fazendo um balanço, dois mil e dezenove foi um ano louco, mas foi um ano muito bom. Perdemos o medo de "passar dificuldades", aprendemos a passar por elas em algumas fases da vida. As dificuldades não mais nos assustam; ao contrário, aproveitamo-las para nos aprimorarmos, nos fortalecermos, nos encorajarmos. As dificuldades nos ensinaram a manter o equilíbrio (e/ou recuperá-lo com facilidade), mesmo quando quem nos passa a perna é alguém que, em tese, deveria nos dar suporte.

A sensação sobre dois mil e dezenove é de vitória, daquelas vitórias que você nem imagina que possa ter na vida. As conquistas foram importantes, inclusive para ajudar a reconstruir, dentro de cada uma de nós, o que foi quebrado pela vida ou por alguém pobre de espírito.

Dois mil e dezenove foi como uma paixão de adolescente: intenso e rápido. E isso também foi uma coisa boa.

Para dois mil e vinte, o nolite te bastardes carborundorum e a reciprocidade continuam sendo leis da vida.

Depois de dezesseis dias, Feliz 2020!

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