terça-feira, 17 de setembro de 2013

NA MORAL


Não existem olhos mais expressivos que esses. Pelo menos, não pra mim. Esse serzinho mudou toda a minha vida. Me fez melhorar como pessoa, estudar sobre coisas que, antes, bem antes, eu considerava chatices... Ela me fez crescer, repensar atitudes e valores, pesar o que realmente era bom pra mim, pra nós, o que realmente valia a pena na vida.

Foram anos, quase uma década, de tristeza, amargura, revolta... mas, graças a Deus, esse tempo passou. Custei a perceber que o meu amor por ela é diferente de qualquer outro amor, de qualquer outra pessoa que esteja ao seu redor. Creio que eu e minha mãe, cada um ao seu modo, somos as pessoas que mais a amam  e que somos as únicas capazes de fazer qualquer coisa pra preservar sua vida, sua educação, seu bem-estar, sua integridade física, psicológica e emocional.

Devo admitir que meus Nonos tiveram e minha Mãe ainda tem um papel fundamental na minha vida e na vida da minha filha. A cada dia aprendo algo novo. A cada dia repenso algo velho. Às vezes, mudo de opinião, às vezes, não. Não me importa mais como as pessoas são ou o que querem ou o que gostariam em relação à minha filha se isso tudo não for ser bom pra ela. Educar, criar, ensinar, participar... ninguém disse que seria ou que é fácil. Filhos nos fazem virar onça, mas também nos mostram que é necessário engolir muitos sapos, às vezes maiores do que  podemos digerir, pra poder continuar vivendo e fazendo o melhor por eles.

Faz umas semanas, fiquei sabendo que dois amigos estão tendo problemas com seus  filhos. Eles são homens. Eu nunca estive "do lado de lá", nunca fui pai, inclusive por limitações biológicas (apesar de ter feito o papel de pai - e ainda fazer - durante todos esses anos). Mas tento entender o que se passa na cabeça dos genitores. Tenho visto que meu melhor amigo, meu primo... tiveram em suas vidas uma "gravidez surpresa" e não abandonaram as mães e nem rejeitaram os filhos. Casaram, estão numa boa, pelo menos por enquanto. Sei que pro meu melhor amigo, as ações do pai da Isa pesaram muito pra ele terminar de formar a  opinião dele  sobre filhos, sei que fiz parte, até mesmo da formação do caráter dele, já que ele é vários anos mais novo que eu... Eu já era advogada quando ele estava saindo do colegial (tipo Eduardo e Mônica rs)... Vejo meu primo no maior amor com o filhinho que nasceu há um mês... e ainda me pergunto como existem pais que podem rejeitar um filho...

Não é o caso desses dois novos amigos que fiz. Ambos querem participar da vida dos babies e nenhum dos dois está conseguindo, porque as mães estão dificultando... desse lado eu já estive! Sou/fui a mãe pé no saco desconfiada que não permitia interferência do pai na educação da filha. Quem conhece a história desde o começo, por menos que tenha concordado com diversas atitudes que tomei, sabe exatamente porque o fiz. Sabe exatamente que a pior coisa pra uma  mãe é ver seu filho rejeitado ou mal-tratado por alguém, principalmente se esse alguém for o pai. Não entra na minha cabeça esse tipo de sentimento chulo.

De qualquer forma, não é o caso dos meus dois amigos. Ambos querem participar da vida de seus filhotes e estão sofrendo com a distância, com as impossibilidades que estão sendo impostas pelas mães. Não é legal. Levei 10 anos pra entender esse sentimento dos pais. A maior reclamação que ouvi foi "você não me deixou ser pai". E é verdade. Eu não deixei. Mas, diante de tudo o que aconteceu e ainda acontece, eu SEI que não estava nem estou tão errada em ser pentelha e rígida com algumas coisas. Sei muito bem a hora de dizer "sim", já que os "nãos" estão sempre prontos.

Minha filha ama o pai dela, da mesma forma que eu amo o meu (apesar dele não estar mais aqui) e da mesma forma que qualquer um ama seu próprio pai (ou a pessoa que fez esse papel durante a vida). Esse sentimento ninguém vai tirar do coraçãozinho de nenhuma criança. CONTUDO, tudo vai depender da maturidade e da honestidade de ambos os pais. Tem pais que se degladiam e adoram  queimar o filme um do outro com os filhos. São pais egoístas, imaturos e que  só pensam neles mesmos. Como se um relacionamento homem-mulher fosse semelhante ao relacionameto pai-filho/mãe-filho. SÓ QUE NÃO!

Por mais raiva que eu tenha sentido durante quase 10 anos, eu procurava ser racional e explicar pra minha filha: "as pessoas são diferentes, o papai é assim... ou você aceita e se acostuma, ou você vai sofrer... ele não vai estar aqui quando você quiser ou precisar... ele vai estar aqui quando ELE quiser". E é assim, sempre foi assim. E, hoje, por mais que ela fique "tristonha" quando o pai não vem vê-la, ela já se acostumou... e às vezes até fala "ai que bom, assim eu posso dormir até tarde" ou qualquer coisa do estilo.

Um adulto agir pensando só nele mesmo ou em como atrapalhar o outro, pode até ser bom, divertido ou "justo" pro adulto, mas não vai trazer nada de bom pra criança. E, como quem pode mais, chora menos, é sempre bom pensar primeiro nos filhos, pra depois pensar em si mesmo. Ninguém pode criticar ou tirar a razão de quem age  pelo bem da criança.

Paciência, resignação, tolerância, esclarecimento, calma, uso da razão na hora mais crítica, ética... tudo isso é importante pra se construir uma relação sólida com o filho... e mais importante ainda se houver uma disputa pela guarda... Quanto mais reto e íntegro o comportamento, mais chances se tem de ficar com o filho por perto... mesmo que nossa vontade seja de esculachar o outro adulto e mesmo que tenhamos menos dinheiro.

Essas coisas não se resolvem do dia pra noite, principalmente quando se refere ao primeiro ou único filho. Todos somos marinheiros de primeira viagem e a inexperiência, a pressa, a ansiedade atrapalham bastante. Só com o passar do tempo é que vamos adquirir a experiência e a "frieza" pra saber qual a melhor forma de agir. O rio vai seguir seu curso, na sua própria velocidade, independentemente da nossa vontade.

Só digo a quem está passando por uma situação complicada com um(a) ex com o(a) qual se tem um filho uma coisa: não desistam, não se abatam e NUNCA deixem seus filhos pensarem ou acharem que vocês não querem nada com eles. A gente sempre pode dar um jeito de vê-los, falar com eles, mostrar que estamos presentes.... SEMPRE!

Estou aqui por vocês dois, "P" e "B". Vou ajudar no que eu puder e souber.
Não desanimem. A vida "é curta mas é longa". 

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