sábado, 10 de fevereiro de 2007

THE THIRD DECADE - NEW ERA

Pois bem...
Há quase 48 horas eu estava nascendo pela trigésima vez!... Levou susto???... Nãooooo... Nem eu levei susto por estar completando trinta anos...

Foi simplesmente um dia LINDO, apesar da chuva torrencial que estava caindo em São Paulo. Simplesmente um dia feliz porque, apesar de tantas coisas "erradas" nessas três décadas que se passaram "a cavalo", eu consegui sentir a alegria de ter feito MUITAS coisas certas nos últimos tempos.

Fazer 25 foi pior. Uma "auto-decepção" por não ter realizado as coisas que eu idealizei aos 18, por não ter conseguido passar no tão "sonhado" concurso, por não ter tido um filho (no meu aniversário de 25 ainda não tinha e achava que não teria tão cedo) , por não ter um projeto de livro pra escrever, por não ter uma "boa renda" mensal, que tranquilizasse minha família em relação ao futuro e nem tê-la "encaminhado" com algumas ações e uma carteira de clientes razoavelmente boa.

Foi triste. Eu tinha a sensação que "a vida" estava acabando, sendo que ela mal tinha começado!... Eu mal tinha saído das fraldas (aliás, eu NEM tinha saído das fraldas aos 25) e nem percebia o que estava acontecendo comigo. Naturalmente (afinal, parecia uma "coisa da vida") eu me distanciei de muitas pessoas desde os meus 20 anos de idade. Me fechei, fiquei na defensiva, fiz questão de impor demasiados limites ao que eu chamo de "intimidade"... Perdi a intimidade com a minha casa, com a minha família e com todos os meus amigos mais próximos e mais queridos. Aceitava a distância que eu mesma impunha como uma "coisa da vida", como se tudo o que estava acontecendo fosse "normal"... Mas não era!

Do nada, em 9 meses, algumas coisas começaram a mudar: nasceu a Isinha. E, PELO MENOS UM dos meus planos, mesmo que ocorrendo acidentalmente, tinha dado certo: eu tinha tido uma filhA aos 25 anos, pra não ser "mãe-avó". A vida mudou MUITO. Eu achei que tinha amadurecido bastante, mas, ainda assim, eu só passei de filha única a "irmã mais velha" (da minha própria filha), apesar de não ter ciúmes dela (acho que não consigo explicar o tipo de ciúme... ou consigo: é o tipo de ciúme que se tem quando vc se sente "preterido" em relação a outra pessoa... Foi o único ser que, quando recebia agrados, carinho e presentes de outras pessoas não me deixava com ciúme por "não ser pra mim" - a mimadinha!...rs).

Pra mim, isso era o "auge" do amadurecimento, mas eu nem sabia o que estava por vir! (Se soubesse, talvez não estivesse aqui pra contar!..rs)... Depois, eu fui vendo que as coisas que eu gostava já não me causavam toda a excitação que eu sentia antes de me "tornar mãe". A balada já não era a mesma, as pessoas já não eram as mesmas, eu já não era a mesma, apesar de não conseguir mudar, sequer, um fio de cabelo do lugar!...

Fazia as coisas por osmose: elas estavam ali, como sempre estiveram e, como rotina dá uma "certa segurança", eu tentei manter a minha, acrescentando a ela, uma função a mais (afinal, eu trabalhava e cuidava das minhas coisas, além de dispender algum tempo de cada um dos meus dias pra curtir meus avós, que se foram em 2003)... Talvez tenha sido algum tempo "perdido" tentando reaver uma rotina que não cabia mais na minha vida.

Então, decidi que precisava me "estabilizar emocionalmente". Comecei a namorar (um cara escolhido "a dedo") e resolvi procurar uma terapeuta pra tratar "minha agressividade e a não aceitação da morte do meu Pai"... Claro que ambas as coisas não deram muito certo. O namoro porque, como sempre, o cara escolhido "a dedo", apesar de meses de "triagem e dinâmicas", foi escolhido com o meu dedo "torto" (rs) e, a terapia, porque eu simplemente queria respostas que, se eram pra ser encontradas dentro de mim, não precisava que alguém "perdesse" um tempo útil com um cliente pagante, pra me ajudar a sair de um lugar do qual eu ainda não estava preparada pra sair.

Com tudo isso, eu me fechei mais e resolvi que "intimidade" eu não teria com mais ninguém, pra não abusar e pra não ser abusada. "Perdi" pessoas que, mal eu sabia, eram importantes pra mim... e MUITO importantes. Eu digo que "perdi" porque apesar de ter uma doação integral delas (na medida do possível), eu não me doava. Era tudo racional. Pensava no que dizer, pensava quando dizer e, se me conviesse, simplesmente não dizia nada ou... agredia verbalmente. Não xingando ou ofendendo, mas simplesmente dizendo coisas que eu sabia a mágoa que causariam e, nem assim, me continha.

Determinadas coisas perderam valor pra mim. Talvez uma só pessoa tenha tido essa "intimidade" como recíproca verdadeira na amizade e, mesmo assim, não consegui mantê-la tão por perto como eu queria que ela estivesse. Passei tempos tentando "fixá-la", tentando com que a rotina da nossa amizade permanecesse inalterada apesar de todas as alterações da minha vida.

Não deu certo. Foi mais uma decepção pra mim. Todas as minhas qualidades de "amiga" eu estava perdendo, mesmo sem "aprontar" com as pessoas. Então, resolvi que, se era pra "perder" todo mundo, que perdesse com motivo, por ter aprontado, magoado, destruído... e virei um trator. Passava por cima de tudo e de todo mundo e simplesmente satisfazia meu ego.

Mas era momentâneo. Mesmo fazendo "o que eu queria, quando queria e como queria", eu não estava satisfeita!... Resolvi virar o jogo em 180º e tentar desfazer todos os "equívocos egocêntricos" que eu havia cometido. Passei a dar crédito às pessoas... e, de novo, comecei a me decepcionar com elas e notei que NADA HAVIA MUDADO.

O mundo, apesar de ter ficado completamente diferente em questão de 4 anos, continuava o mesmo. As pessoas só se tornaram mais desrespeitosas e menos leais. Mais tolerantes, mas menos sinceras. Atitudes como as que eu tinha tomado com pessoas que me eram caras foram totalmente banidas da minha vida e eu voltava a ser uma pessoa mais "ingênua", mais "alegre", mais "palhaça", mais "Peter Pan", nunca deixando de fazer o que eu queria, quando queria e como queria, mas tentando não fazer o mal que eu praticava habitualmente às pessoas que me cercavam.

Tentei retomar velhas amizades e, por várias vezes, fui tão bem aceita por elas que isso me fazia mal, porque eu não me sentia capaz de retribuir tudo. É como se eu tivesse esquecido de quem eu sou realmente. As pessoas falavam coisas de mim com mais intimidade do que eu mesma estava tendo comigo.

Eu não me sentia da família, morava numa casa que eu sentia como se não fosse minha, era filha de uma mãe com a qual não estava conseguindo retomar laços que haviam sido desfeitos por "n" motivos... e mãe de uma filha que estava se desapegando, porque eu nunca tinha sabido o que fazer de verdade. Só o meu "instinto" e a minha "intuição materna" não estavam sendo o bastante pra entender o que minha filha precisava em relação a mim.

De repente, parece que tudo foi reavivando na minha memória. A cabeça estava voltando a funcionar e o pensamento mais corriqueiro era "como eu era dentro da minha casa e com a minha família?"... "eu abria a geladeira na casa dos primos e da minha avó?"... E, tudo parecia uma coisa tão "distante" de mim, algo que parecia "inacreditável que eu tivesse feito um dia". Mas, esse era meu normal... Era NORMAL!... Eu tinha perdido toda a intimidade com as pessoas e com a vida... não sabia mais como fazer isso de forma tão natural. Eu achava que, se tentasse, ia parecer artificial e, no fim, era exatamente essa intimidade que as pessoas esperavam de mim!

Então, resolvi mudar DE NOVO a vida e a rotina. Continuei sem procurar as pessoas que também não me procuravam, mas tentei retomar a intimidade comigo mesma... pensar em tudo o que estava me acontecendo. Resolvi parar de manter aquela rotina que já não fazia mais parte da minha vida, por mais que eu tentasse manter, e colocar minha leitura em dia, voltar a ver filmes, me "antenar" em relação ao "efeito estufa" (hoje considerado, de forma mais abrangente, como "aquecimento global" que, 1 ano atrás, eu ficava toda confusa quando ouvia falar...rs), ficar mais tempo com a minha mae e com a minha filha, que estavam precisando de mim e, o pior, eu delas... e não percebia, ou melhor, não reconhecia que precisava delas!...

FOI A MELHOR COISA QUE ME ACONTECEU!

Parei de "escolher a dedo" as pessoas, parei de me preocupar se iam ou não pensar que eu estava "doente" por estar levando uma vida mais normal e mais saudável... Voltei a fazer meus exercícios em casa (a bunda até cresceu!...rs), voltei a ver novela, já vi todos os filmes possíveis e imagináveis que eu gostaria de ter visto e não havia conseguido antes (por uma pura "falsa falta de interesse")... voltei a procurar as pessoas que tinham sido importantes pra mim (por orkut, msn, telefone, pombo correio e sinal de fumaça) e, por incrível que pareça, a rotina caseira não me irritava mais como parecia fazer antes. Aprendi a lidar melhor com o meu tempo. Passei a dividi-lo entre trabalho (depois de quase 8 meses desempregada), filha, mãe e, o mais importante: EU MESMA!

Achei que "nunca mais" teria o famoso "tempo pra mim" com o sem fim de coisas que tenho pra fazer diariamente!... E, descobri que tenho!... Notei que é bom chegar numa sexta e tirar a noite pra conversar ou ler, ao invés de ficar com um monte de "encosto" num lugar abafado, cheio de gente feia e com muita gente chata e que não presta! (O "desbocadismo" continua...rs)...

Enfim, retomei a intimidade com o "lar" (casa + núcleo familiar), mas agora sinto falta de "espaço"... hahahahaha... Antes minha casa servia somente como "dormitório", mas hoje, serve como cinema, danceteria, barzinho, restaurante... e não está cabendo tudo em 2 quartos, sala, cozinha e banheiro... principalmente o que tem dentro de mim... está ficando "grande demais" pra se conter somente neste 1,70m/56,5kg + o apertamento onde moro.

E, durante meu último inferno astral da terceira década, resolvi que, mesmo me sentindo "maior do que eu mesma" e "menor do que eu gostaria" de me sentir, tinha que reunir algumas pessoas em relação às quais eu tinha perdido a intimidade e estava sentindo uma enorme necessidade de retomar a sensação!

Então, convidei de um por um, essas pessoas pra irem me encontrar no dia em que completaria 30 anos. No mês de inferno astral cheguei a desanimar um pouco da idéia, mas, como sempre, achei melhor "não desistir", porque isso me faria um enorme bem!

Chegou então, o "grande dia". A ansiedade bateu FORTE!... Eu nem parecia a "velha Veri, desencanada em relação à presença das pessoas" que todo mundo andava achando que eu era. Por mais que eu aparentasse estar "interessada no mundo à minha volta", na verdade, por dentro, eu não estava nem aí. Não me interessava de verdade, não sentia nada de verdade, não estava "íntima" de verdade... não como parecia estar.

Aprendi a "enganar bem" as pessoas. Foram 10 anos da minha vida que me serviram como facul e pós em "artes cênicas". Ninguém, por mais que eu falasse (ou não) o que eu sentia, conseguiu ter a exata noção do sentimento, nem eu mesma, porque as palavras, apesar de "cheias de emoção" estavam, in fact, vazias... completamente ocas!

As palavras traduziam tudo o que "minha mente sentia", mas não o que o "coração pensava". Me tornei uma tola por não expressar verdadeiramente meus sentimentos (por mais que parecesse estar fazendo isso) ou então, uma esperta, por conseguir enganar até a mim mesma!

Tomei um baque ENORME semana retrasada. Uma das minhas melhores e mais queridas amigas está com um problema de saúde sério, preocupante... e o fato de saber disso me fez MUITO MAL!... Foi nesse dia que eu me toquei de tudo isso que escrevi aí em cima. Foi nesse dia que eu percebi quanto sentimento bom existia dentro de mim sem que eu tivesse conhecimento disso. Foi nesse dia que eu me toquei quanta gente realmente boa eu estava "deixando pra trás" (ou "de lado") desde 1997. Foi nesse dia que eu percebi que precisava reverter a situação e foi nesse dia que parecia que nada mais importava na minha vida além de fazer alguma coisa por essa amiga e por outros que talvez estivessem precisando de mim e eu deles, sem perceber NADA do que estava passando.

"Há males que vem para o bem", mas não precisava ser desse jeito!

No "grande dia" faltaram alguns protagonistas: Isão, Juquinha, Patrícia P., Simone Roque e Lé... fizeram MUITA, MUITA FALTA MESMO!... São pessoas com quem eu NUNCA briguei a ponto de restar alguma mágoa ou de ter que "acertar algum ponteiro". São pessoas que, apesar de tudo e de qualquer coisa, apesar da vida, apesar do tempo, eu PRECISO MUITO pra continuar vivendo bem e feliz, mesmo que distantes (apesar de estar preferindo a antiga intimidade...rs)

Mas, mas uma vez, me dei conta disso, talvez, um pouco "tarde". O correto seria NUNCA ter desatado nó de marinheiro. E eu, com todas as minhas "proezas" e "valores reversos" (apesar de alguns serem muito corretos), consegui desatar. Fracasso?... Talvez tenha sido, mas não é mais, porque, pra mim, ter percebido tudo isso, é outra grande proeza!

Todas as pessoas a quem convidei são importantes pra mim de alguma forma. Todas as que não foram fizeram falta SIM. Foi incompleto, mas foi MUITO feliz o "grande dia" da minha vida!

Inglês, Ro D´Amico, Maldita, Du, Mi, Vitor, Má, Ro Sousa e Paula, Portuga, Diego, Analu, Fabi... OBRIGADA MESMO!... A felicidade de ter vcs todos "civilizadamente juntos numa mesa de bar" foi IMENSA!... Obrigada aos meninos por terem deixado as namoradas em casa!... Cacá e Hugo, vcs são 2 bons fdp!... Mas amo vcs mesmo assim!... ahahahaha... E, Mandi, valeu a tentativa!... ahahahahahah... Ernat, Fe e Bê, pra vcs eu nem vou falar nada viu!...rs

Di, sem comentários pra vc!

Foi o aniversário "mais íntimo" (entendam como quiserem) e mais perfeito de todos!... Quem não foi, perdeu! (e fez falta)... Quem foi, deve ter notado a alegria nos meus olhos. Queria ter tido mais tempo com cada um ali! Aliás, eu QUERO mais tempo com cada um ali!

Trinta anos. Me tornei uma balzaquiana "com muito orgulhooo, com muito amooooorrrr". Sem medo, sem insegurança, sem inconsciências. Perfect!

Enjoy it if you want!
Beijos a todos.

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