quarta-feira, 8 de julho de 2009

DEVOTA DE SANTO EQUILÍBRIO

Ois.
Depois do post científico plagiado de ontem, resolvi me manifestar sobre a tal ambliopia. Se trocarmos em miúdos os termos médicos, pode-se dizer que quem tem estrabismo e/ou muito grau em um olho só tende a fazer com que esse olho "se anule", ou seja, instintivamente, o organismo faz com que o olho "ruinzinho" pare de enxergar. É a lei do mais forte (neste caso, o mais saudável).

Sexta levei a Isa ao oftalmo, pela primeira vez. Desde o ano passado, ela andava se queixando muito de dor de cabeça. Reclamava na escola (e a Fe me mandava recado pela agenda, lembra Fe?), reclamava em casa, tinha "preguiça" de fazer as lições, emburrava, vivia (e continua :S ) dispersa nas aulas... eu imaginei que o astigmatismo (de pai, mãe e avós - pelo menos os maternos) havia pegado a criança. Realmente o astigmatismo é um treco que incomoda: ele faz com que se perca a noção de profundidade e deixa todos os objetos e pessoas sem contorno - é como se tudo que se olhe pareça um desenho numa folha de papel - tudo plano. E essa porcaria dá dor de cabeça.

Em janeiro, não deu pra levar a fedelha ao oftalmo, mas já tinha decidido que "das férias de julho não passava", e não passou. Fomos na sexta. O médico fez um exame mais longo que o "normal" (para quem está acostumado a ir ao oftalmo sabe que as consultas não duram mais de 15 minutos, isso quando a gente ainda senta na frente daquela máquina que tem uma luz azul e outra vermelha, pra examinar o fundo do olho, se não me engano). A consulta da Isa demorou mais: ele me pediu pra dilatar a pupila dela em casa e voltar lá pra terminar o exame. Ontem, terça, fizemos isso: a criança se comportou praticamente como uma lady pra pingar duas gotas daquele colírio ardido em cada olho, não chorou, não fez birra e ainda conseguimos dar boas risadas enquanto eu fazia graça pra ela (e ela com os olhos fechados por conta do incômodo rs).

Chegando no consultório, ele passou a Isa na frente de todos os outros pacientes (fomos atendidas de "encaixe" - acho que até ele achava que seria bem rápido). O consultório fica a 200m da minha casa, cheguei lá ás 14h e voltei pra casa era 15h05min. Mais uma vez, a consulta demorou uma vida. Ele fez testes com a Isa que eu nem tinha conhecimento da existência. Mediu os olhos dela com umas réguas que eu nem imaginava pudessem existir. Conclusão: ambliopia sem desvio.

Pois é. Os olhos dela são perfeitamente retos (ambos com 180º), mas o esquerdo enxerga muito, muito, muito mal. Demorei pra entender a receita para os óculos e os graus que tinham sido anotados (só consegui pouco antes de dormir, depois de muito pensar em tudo o que me tinha sido dito).

Qualquer pessoa se assustaria ao ouvir que tem 3 graus e meio de hipermetropia. O bagulho atrapalha (isso sem contar que a lente dos óculos deixa os olhos ENORMES e traumatiza até adulto - meu Pai, com mais de 40 anos, chegou a 3,5 de hipermetropia e se negou a usar os óculos com o grau certo por conta da aparência - espero que a Isa seja diferente dele, porque ela realmente precisa dos óculos pra fazer o olhinho esquerdo funcionar). Na consulta, pra Isa, o tanto de grau que ela tem na vista esquerda passou batido e, a idéia fixa de não querer usar óculos, se transformou em empolgação pelo fato do Padrinho dela estar dando os óculos de presente.

O que ela não gostou muito foi a idéia de ter que ir na Ortopstista. Mas não pelo fato de ser outro médico e ir a médicos encher o saco. Ela não gostou porque descobriu que ela pode ter que usar a "oclusão" (aquele tampão que os médicos colocam nos olhos de quem opera ou que tem estrabismo - ou ambliopia!). Foi um chororô magoado, sentido, dizendo que não quer usar "roupa de pirata" pra ir à escola e nem pra ficar em casa! (A vaidade atacou a criança =/ )

Enfim, ela não gostou da idéia do acessório de pirata e a mãe dela ficou passada, bege... e até um pouco chocada. Nunca ia imaginar que "olhos perfeitos" (aparentemente) pudessem ter que usar tampões. Pois é. Contrariando o que nossos olhos nus vêem, "olhos perfeitos" podem não ser tão perfeitos assim.

De qualquer forma, a ortoptista já está marcada. Com o tanto de certificados de especializações em universidades de vários lugares do mundo, com o tanto de atenção e série de procedimentos que o oftalmo adotou pra examinar os olhos da pequena, resolvi não contestar a indicação dele. Marquei na médica indicada e, qual não foi minha surpresa ao saber que essa médica é a mesma que tratou, com sucesso, um primo meu, quando ele tinha meses de vida.

Estou triste. Bem triste. Fica a sensação que foi erro meu não ter "prestado mais atenção" na Isa (quem leu o post anterior deve ter notado que seria realmente impossível pra mim, pra minha mãe ou pra um pediatra saber que ela tem ambliopia - ainda mais sem estrabismo - mas ainda assim meu subconsciente diz que isso "não é desculpa"). A Isa nasceu com grau alto de hipermetropia já. O efeito disso é: se a visão desenvolve até 100%, a parte do cérebro ligada à visão desenvolve até 100%; se a visão desenvolve até 30%, a parte do cérebro que cuida da visão só vai até 30% e é pra estimular o cérebro que o tratamento com a ortoptista serve. Força-se o olho mais fraco (com o tampão e/ou exercícios), pra abaixar o grau e, ao mesmo tempo estimular o cérebro a reconhecer o que é uma visão boa ou uma visão fraca. Neste caso, os olhos comandam o cérebro. A ambliopia NÃO interfere em coordenação motora, NEM no intelecto da criança, mas atrapalha o rendimento na escola (já que com a dificuldade pra enxergar, a criança se torna dispersa e "preguiçosa" em relação às atividades) e influencia no equilíbrio (já que, não enxergando direito, a pessoa se torna "desastrada", derruba as coisas, se bate em batentes, paredes, móveis e tropeça com muito mais facilidade do que quem enxerga bem). Dá até remorso de tantas broncas que a Isa tomou por "não olhar onde pisa" e por "derrubar copos" =[.


Não preciso nem dizer que depois de alguns dias de estresse, minha enxaqueca está a me visitar hoje. É um inferno abrir os olhos e ver a luz do dia com essa dor ridícula.

Enfim... só pra finalizar: o tratamento não é coberto pelo convênio. Pois é. Vou ter que fabricar dinheiro (já que é certo que o pai - de merda que eu "arrumei" pra Isa - não vai ter, não vai ajudar e provavelmente sequer vai se importar com o que está acontecendo a ela). Deus salve a Rainha, mas encha meus bolsos nos próximos meses!

Andei pensando... e vou lá escola da Isa conversar com a coordenadora. A escola não tem responsabilidade NENHUMA pelo que acontece, mas é de bom grado a direção ficar atenta e, talvez, até pedir exames oftalmológicos anuais na primeira semana de aula - ou no ato da matrícula - pra se prevenir em relação àquele tipo de pais que acham que tudo o que acontece de errado é culpa da escola, dos amigos do filho, dos pais dos amigos... mas não curtem assumir as consequências da própria irresponsabilidade - ou inexperiência. Vamos ver. Preciso saber como colocar isso pra Rose e pra Renata, porque não tenho queixas em relação ao ensino da Isa e MUITO MENOS com o tratamento que ela recebe no Passalacqua. Não quero que haja ofensas e nem que elas pensem que eu culpo a escola, porque não culpo. Só acho que vale a pena TODOS os pais ficarem atentos aos olhos dos filhos.

Não é o fato de achar que "nunca vai acontecer" determinada coisa com a Isa. É o fato de que você olha, presta atenção, acha que está tudo bem e, no fim, não está. E não é que você não vê porque não quer ou porque acha que não vai acontecer, mas simplesmente não imagina que uma coisa assim possa acontecer de forma tão "escondida", tão "camuflada".

Como eu disse no outro post, pais, levem seus filhos ao oftalmo antes dos 2 anos de idade. Fica o aviso e fica aí parte da minha experiência pessoal como mãe.

Bjo oto tchau.

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