quinta-feira, 22 de maio de 2014

PALMADAS E TRAUMAS



Hola!
PRIMEIRO: hoje, 22 de maio, é o Dia da Biodiversidade. Ninguém falou disso, o que é uma pena, porque seria uma ótima ocasião para vermos circulando pela internet belas imagens da Natureza, independente da espécie, vegetal ou animal, que fosse divulgada. Vale lembrar que é importante reforçar a PRESERVAÇÃO, o CUIDADO e o RESPEITO à Natureza para as crianças, já que muitas coisas relativas ao meio-ambiente vão depender delas, no futuro.

Agora, aos assuntos constantes do título do post.

Hoje, a CCJ da Câmara dos Deputados aprovou a Lei da Palmada (Lei Menino Bernardo). Eu nunca tinha lido o texto do projeto de lei e, em uma atitude precipitada, tomei a lei como sendo uma daquelas estilo "Maria do Rosário", defendendo "filho vagabundo", "filho bandido". Mas não é. Logo no artigo 1º, que acrescenta o artigo 17-A ao ECA, existe a descrição do que é considerado "castigo corporal punível", vejam:

" I - castigo corporal: ação de natureza disciplinar ou punitiva com o uso da força física que resulte em dor ou lesão à criança ou adolescente."

Nota-se, logo, que o "tapa na bunda", a "chinelada na cara" que aparece em diversos memes pela internet não são necessariamente puníveis. Somente o serão se a força aplicada for TANTA que cause "dor ou lesão". Caramba, todo tapa ARDE, mas não necessariamente precisa deixar roxo, arrancar pele, arranhar ou ofender. Tapa no rosto, ofende. Se seu filho responder mal e você der um tapa na boca e a boca for cortada no dente ou aparelho, esse tapa será punível. Mas, se você der um tapa (ou alguns) no bumbum... o filho vai reclamar do que? Você precisa deixar claro o porquê seu filho está tomando cada palmada.

A velha história do "eu posso não saber porque estou batendo, mas ele(a) sabe porque está apanhando" é que está sendo proibida. Com qual finalidade se daria um soco no rosto de uma criança? Ou aplicar castigos como se fosse o Norman Bates, com facas, tesouras, giletes? A criança TEM SIM o corpo mais frágil que o de um adulto e, a tendência, é que os adolescentes também tenham (não falo daqueles que gostam de ir pra academia ficar andando como se estivesse com a axila assada... falo de adolescentes normais).

Às vezes, as palavras machucam muito mais que uns bons tapas no bumbum e, às vezes, um tapa no bumbum resolve melhor uma situação do que uma lição de moral ou o famoso "sermão" ou "dar uns berros". Homens e adolescentes/crianças têm ouvidos seletivos, não adianta querer falar muito na orelha deles, porque em um determinado momento eles param de ouvir. Chega a ser perda de tempo.

Um tapa bem dado, em um susto, serve de alerta. Ninguém gosta de apanhar. E, quando os pais têm consciência do que estão fazendo, também não gostam de bater. Essa lei está sendo proposta muito mais com o intuito de "limitar" aqueles pais/parentes/tutores/cuidadores abusivos, que "arrancam o couro" dos outros quando estão desgostosos, ou bêbados, ou sob efeito de remédios ou drogas. Essa lei vem a limitar condutas de pessoas que se julgam os donos das situações e das outras pessoas, que não admitem ser contrariadas e que são tão ignorantes, medíocres e estúpidas que precisam usar de violência pra resolver as coisas, porque não sabem ouvir, porque não sabem falar, porque não raciocinam ou refletem sobre o que acontece à sua volta e com as pessoas à sua volta.

Soco não pode. Chute não pode. Uso de objetos (como um taco de basebol, por exemplo) não pode. Existem crianças que, simplesmente, não ouvem os pais e cometem erros cada vez mais graves com o passar do tempo, até se tornarem criminosos. O que mais tem é filho que mente e, não adianta "tirar a liberdade", "cortar a internet", "tirar o celular", "proibir de ver televisão". Isso não os prejudica. Sempre existe alguma outra coisa que eles possam fazer pra passar o tempo e ESQUECER QUE ESTÃO DE CASTIGO. "Dar o troco na mesma moeda", quando o erro é de ordem moral/ética vai ensiná-lo a que? Que vingança é bom?

Se for pensar no que a lei proíbe, não haverá mais nenhuma forma de dar uma reprimenda em maus atos praticados pelos filhos. Como eu disse ali em cima, vou repetir: NEM TODO MUNDO APRENDE NA CONVERSA (e nem no grito). E com todas essas proibições legais, como os pais vão educar seus filhos quando os filhos errarem? A meu ver, todo e qualquer castigo, com a finalidade de educar, de alertar, deve observar proporcionalidade entre o erro e a punição. Sendo assim, TAPA NA BUNDA PODE SIM. NÃO OFENDE, NÃO TRAUMATIZA E DOI MENOS QUE VACINA ANTITETÂNICA. Se seu filho aprende na conversa, ótimo. Só avalie se ele está realmente aprendendo ou se está simplesmente concordando contigo pra você parar de falar... e se isso acontecer, o que você vai fazer? Levar em um psicólogo porque seu filho é impaciente e vai sempre achar que você está errado ou que você fala demais?

Cada um tem seu jeito de ser e "ignorar os pais" faz parte do crescimento e amadurecimento de cada um, não é um "distúrbio". Da mesma forma, cada pai ou mãe ou tutor ou cuidador tem sua forma de educar e aplicar reprimendas. Não digo que a palmada é a melhor forma. Só digo que a palmada é UMA forma e que cabe a cada um decidir usá-la ou não, mas NUNCA haverá necessidade de "quebrar" a criança por falta de autocontrole.

Enfim, a lei não é tão ruim quanto eu pensava, mas não é essa lei que vai me impedir de dar uma palmada por erro que minha filha cometer (e já tiver sido avisada anteriormente que aquilo é um erro). Normalmente, são 3 avisos antes de 1 tapa pra cada erro. Desde pequenininha. Atualmente, não preciso passar do segundo aviso. Dizia minha Nona "é de pequeno que se torce o pepino", sou grata por ter seguido o conselho dela. Não sou mole, mas já fui muito mais rígida e não me arrependo dessa rigidez. Estou tentando educar minha filha pra ser uma pessoa com caráter, bem-educada, íntegra, honesta, generosa, compreensiva e que saiba dizer "não" quando necessário. Prezo, também, pela educação formal e pela cultura, pelo incentivo aos talentos individuais dela. Como mãe sei que estou fazendo o melhor. A mesma evolução intelectual, moral, ética que eu ensino a ela, eu aplico a mim. Educá-la é um processo de aprendizado e reeducação pra mim mesma. "Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço" é uma frase que eu ouvi muito e, hoje, percebo que sou muito mais de "fazer" do que de "ouvir", porque aprendemos, todos, pelos exemplos que recebemos. Por isso, me reeduco, porque é nas coisas que eu FAÇO que ela vai se espelhar pra tomar as decisões dela, quando for mais velha.

Mudando de pato pra ganso, mas continuando a falar sobre "violência" e suas consequências...

Algumas vezes eu disse aqui que passei por uma situação péssima, que parece ter mudado minha essência. Não vou contar a história, só as consequências. Consegui tirar uma lição boa e muito importante dessa situação: parei de formular conjecturas e julgamentos sobre as vítimas de um determinado crime. Outra lição, que pode ser considerada boa, é que conheci mais um "limite" meu: o medo me paralisa. Duas situações me paralisaram, até hoje: mariposas (voando, paradas, vindo pra cima de mim, não importa) e essa situação que passei. Tirando isso, existe sempre o "move forward". Ou eu sou muito corajosa, ou muito inconsequente... mas, por tudo o que já passei, acho (espero) que está mais pra coragem.

Disse essas coisas porque, ontem, conversando com uma amiga, ela me disse uma coisa que "caiu como uma luva" e que explica muito bem a evolução do meu EPT (estresse pós-traumático) e que vou transcrever abaixo, pra que seja transmitida a mensagem exatamente como ela me foi passada e que me fez enxergar as coisas por um outro prisma:

Amiga: ...Pq a medicação atrasa o processo de cura mental, ela te embora o sentimento. E vc precisa sofrer pra sarar... Quero dizer, assim, de tanto vc contar uma história, no começo ela é longa, com o passar do tempo vc vai encurtando, até que vc usa uma frase pra contar. Assim são os traumas, vc vai sofrendo, até que diminui.

Eu: tipo o q eu fiz com vc hj kkkkk

Amiga: Como uma comida estragada, vc tem que vomitar e cagar tudo, pra sarar. Exatamente, hj vc contou resumido. Hoje vc só PEIDOU Kkkkkkkk

E, depois disso, foi só risada e papos agradáveis. De qualquer forma, a lição que eu tirei disso foi: eu DETESTO terapia. Já tentei 4 vezes e não me adaptei (e nenhum terapeuta trabalhava da mesma forma que o outro). Decidi que ia me curar desse EPT sozinha. Com a falta de trabalho, o que eu mais tenho tempo pra fazer é PENSAR, remoer, deglutir, sentir raiva, nojo, ira, vontade de socar um, mas, principalmente, PENSAR. Não é fácil e não é gostoso, mas está dando resultados. Não tenho mais pesadelos com o verme, mas não quero encontrá-lo/vê-lo. E, além das boas lições e de raras boas pessoas que encontrei pelo caminho de novembro de 2013 pra cá, ficou a seguinte conclusão (que, na verdade, é um recado a ser dado):

AINDA VOU DANÇAR A MACARENA EM CIMA DO TEU CAIXÃO SEU FDP!

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