Hoje fui questionada a respeito das minhas válvulas de escape. As respostas prontas foram “tricot” e “livros”, mas tinha esquecido como é bom desopilar o fígado no blog. Sendo assim, aqui vou eu.
Depois de mais de 2 meses sem escrever, tive que reler a postagem do dia 19.03, porque simplesmente não me lembrava do texto. Ao reler, entendi porque não lembrava: o assunto não era importante. Aliás, a tendência, depois que verbalizo as coisas, é esquecê-las, exceto quando me serão úteis em alguma análise mais apurada das coisas. Quando a mente precisa, ela lembra, acha e descobre coisas que conscientemente nem sabíamos ou lembrávamos que estavam lá, armazenadas.
Há alguns anos (quase 5), eu vinha buscando coisas que, ao invés de ficarem mais próximas de mim, se distanciavam mais e mais cada vez que eu tentava agarrá-las com unhas e dentes. Acabei relendo, também, a postagem intitulada “Inspiração”, de fevereiro deste ano.
Nestes últimos dois dias, reparei que, apesar de mais indulgente (mas ainda não no nível de “indulgência perfeita”) – o que me ajudou muito a manter a tranqüilidade – eu ainda tenho brios e ainda sinto raiva. Reparei, também, que minha omissão tem limites (apesar de que, quando deixo de ser omissa, passo a ser sarcástica – rs – e não sei até que ponto isso é produtivo, embora seja divertido).
Faz 2 dias que estou estressadinha. Faz 2 dias que o amor que cresce de um lado, faz o desprezo crescer exponencialmente de outro. Hoje, numa conversa, afirmei ter 2 arrependimentos na vida: um deles, de ter me iludido que algumas pessoas pudessem, algum dia, chegar aos pés de um cara como meu Pai. Fui questionada sobre meus sentimentos e sobre as minhas válvulas de escape, como disse no primeiro parágrafo.
Em relação a esse assunto (amor vs desprezo – tentem personificar os sentimentos – se é que alguém além do Tom ainda lê esta merda), ainda, infelizmente, surge, junto com o mix, a raiva. É dela que preciso me livrar 100%. Achei que tinha conseguido, porque em várias situações que antes me provocavam a raiva, atualmente eu não sinto nada. Absolutamente nada. A emoção fica de fora e a cabeça funciona sozinha e de forma organizada.
Ontem perdi o rumo por conta da raiva. Hoje, idem. Numa análise meio rápida (e não sei se completamente correta – portanto, haverá(ão) outra(s) com o passar do tempo), concluí que essa raiva surgiu porque a resolução definitiva do problema não depende só de mim. Tudo o que foi dependendo só de mim, nos últimos tempos, foi resolvido, e de forma “pacífica” (ou, pelo menos e pra quem prefere o termo, “política”). Mas, não é tão fácil imaginar o que uma pessoa importante pra mim vai pensar, sentir ou como vai reagir se eu resolver algo que não é meu, de forma definitiva e do “meu jeito”.
Meu jeito, neste caso, necessita de um pequeno raciocínio: quando uma árvore dá frutos bons, você cuida dela pra manter boas colheitas. Se, por ventura, uma lagarta ou parasita começa a destruir a árvore, roubar sua força, seu tempo de vida, enfraquecer seus galhos, prejudicando a produção de flores e frutos, você tenta tratar a árvore com adubos, inseticidas, agrotóxicos e o que for necessário pra manter a saúde e a vida da sua árvore tão “promissora”. Caso as pragas não sejam removidas totalmente (seja por sua “força” ou por tratamento inadequado, apesar de todos os esforços) e continuem destruindo ou tentando destruir a árvore, acaba não restando alternativa a não ser... “madeeeeeeeeeiraaaaaa”. Se a praga pega a raiz, tem que remover tudo. Se pega só do caule pra cima, corta-se dali pra baixo. De qualquer forma, o trabalho pra fazer a árvore crescer forte e dar bons frutos novamente é árduo e nunca existe 100% de garantia que aquela praga foi eliminada mesmo. Se pegou na terra, não há raiz que resista. Então, você limpa a árvore, a raiz e o terreno. Sempre tendo em mente as conseqüências e o tempo que você vai levar pra refazer a beleza que tinha antes.
Acompanharam o raciocínio? Meu jeito é preparar o terreno e cortar o mal pela raiz. Estou preparando o terreno. Não é de hoje e não é tão simples quanto parece. MAS, do mesmo jeito que não posso arrancar a praga que tomou a seiva do caule da árvore, também não posso arrancar sentimentos do coração das pessoas. E isso é o que torna essa decisão tão difícil. Aliás, é o que torna o momento de aplicar a decisão tão difícil de ser identificado.
Se eu tivesse “largado mão” de “princípios legais” quando tive a oportunidade, hoje provavelmente as coisas seriam diferentes. E é por isso que me arrependo. E é por isso que enquanto o amor cresce de um lado o desprezo se multiplica do outro. E é por isso que eu ainda sinto raiva nessa situação. E é por isso que preciso achar uma alternativa que não seja a motosserra.
Está tudo meio confuso ou é impressão minha?...
Enfim, tive 2 dias de férias intelectuais e amanhã volto pra labuta. O que é ótimo, já que “cabeça vazia, oficina do diabo” e eu vou encher a minha com produtividade (e, posteriormente, meu bolso com o resultado). Acabaram de me ligar e eu vou terminar o post por aqui. Vou aproveitar pra arrumar meu armário de malhas que está revirado.
(Equilíbrio se restaurando – reler os próprios pensamentos faz bem... bem demais em certas ocasiões).
Bjo