Primeiro: Quantica, adorei! Legal que você leu! hahaha
Segundo (e agora o corpo do texto =]): dizem as línguas mais realistas que "os problemas sempre aparecem todos de uma vez" (ou que "o castigo vem a cavalo"). Concordo. O que começou com um machucado na mãe, terminou com o corte de um cordão umbilical. (Calma, children, não estou falando de uma gravidez e nem de um parto... pelo menos, não no sentido literal e científico da coisa.)
Na época que eu fiz terapia, ouvi a Le dizer que "o cordão umbilical entre mim e a pimpolha era muito forte". Antes de ontem, ouvi minha mãe dizer que "agora você pode cortar esse cordão umbilical". Obviamente, o "sentido" de cordão umbilical de uma frase é oposto ao da outra. O primeiro é "bom", o segundo "nem tanto".
Na maior parte das vezes, ter um laço de dependência (ou, cordão umbilical) com alguém é desfavorável a quem depende e se "alimenta" dele. Independência emocional, creio já ter dito isso no blog, é rara e praticamente impossível (pelo menos, nunca se teve notícias claras de alguém totalmente sem sentimentos e que não tenha nenhum tipo de memória emocional). A independência material é mais comum, sendo ou não um trabalho árduo ser conquistada. Anyway, desfazer laços de dependência é sempre complicado, mesmo quando acontece para o bem.
Falo dessas coisas (e de modo não tão explícito quanto fazia antes ou quanto já fiz diversas vezes), porque em algum momento da minha vida eu tinha que cortar o cordão umbilical com pessoas que pensam em si mas se ofendem quando penso em mim (o que não é raro de acontecer e já aconteceu com todo mundo - ou quase). Ciúme, inveja, orgulho, egoísmo ou seja qual for a fonte da "ofensa", ela sempre será convertida na ação de quem se torna independente (ou de quem diz o "não").
Quando você passa 8 anos e 4 meses acreditando que "sem fulano" ou "sem tal condição" você não vai conseguir tocar sua vida e resolver seus problemas, é sinal de que você é dependente. Quando você passa 6 anos e meio afirmando que "não consegue fazer as coisas sem a ajuda de beltrano", é sinal de que você é dependente. Quando você se toca que é dependente, provavelmente, sua vida já vai estar no meio de uma teia trançada da forma mais fechada possível e você vai pensar que nunca vai se livrar disso e continua tolerando, esperando, pensando em como fazer pra escapar... e, com isso, se emaranha mais ainda.
De repente, a pessoa da qual você depende desliza e abre uma brecha: e, então, você pensa "o universo conspirou a favor e eu consigo sair por ali". Se vira e sai, mas fica com um dos antebraços preso ali. Mesmo assim, você fica feliz, porque conquistou a liberdade de pensamento (por menos que a teia atinja seu cérebro, você fica preso por conta de valores, princípios, sentimentos, etc, que sempre acabam limitando suas vontades) e suas pernas já estão soltas, de forma que você começa a tentar se equilibrar (se tentar sair andando, ou correndo, vai virar um estilingue, porque seu braço continua lá! rs).
Aí, você nota que "beltrano" não faz quase nada e que mesmo com um braço preso, você faz quase tudo. Nota, também, que fulano está absurdamente curioso pra saber onde seu outro braço está e pra onde suas pernas podem te levar. Percebe, por fim, que a tal 'condição' que te prendia na teia, não passa de uma triste ilusão. E, aí, você passa um tempo pensando em como soltar seu braço. Você sabe que, se puxar com força, solta, mas derruba fulano e a queda dele pode doer em ambos... e resolve que é melhor deixar seu braço lá mais um tempo, até encontrar uma solução melhor.
Enfim, chega um cicrano e atrapalha a ordem natural das coisas. Age como o beltrano: os discursos de ambos não combinam com as ações. Lembrando que seu pensamento, agora, está liberto, busca nas experiências e ensinamentos do passado e do presente, uma solução pacífica. Beltrano, tão fechado nas próprias crenças a seu respeito e achando que você é ninguém e que nunca te deu liberdade pra avaliá-lo, se rebela, profere despaltérios e continua na mesma e inútil passada. Cicrano, tão bonzinho e paciente, está cometendo uma desonestidade atrás da outra. Com beltrano não há o que ser feito, pois a imbecilidade dele supera a sua generosidade e você se cala e procura se afastar, já que seu cordão umbilical com a tralha está cada dia mais fraco e fino. Com cicrano, por outro lado, você pode (mas não deve) tomar atitude sozinho e procura fulano, que, em relação à teia em que você estava preso, é o principal responsável.
O que fulano faz? Omite-se, grita qualquer coisa inconcebível e foge. O que você faz? Pega a tesoura e corta o cordão ou, na metáfora da teia, puxa o braço com força sem olhar onde ele pode bater. Deixa o laço de dependência pra trás, mesmo não sabendo direito quais consequências podem advir disso e mesmo não sabendo direito como agir a partir dali.
De qualquer forma, precisa tomar alguma atitude. A mais "fácil" (ou pelo menos a mais correta aparentemente) é dialogar. Você dialoga com uma pessoa de extrema confiança e dialoga com a pessoa que te ajudou a colocar os pés no chão. A primeira te diz que "o cordão foi cortado, agora é tocar a vida" e a segunda te diz que "fulano pode mudar radicalmente de atitude com você". E, sim, você já havia pensado nas duas hipóteses. A terceira hipótese surge como uma atitude radical: "meter todo mundo no pau", deixando claro que você sabe o que está acontecendo e que também conhece os limites de cada um.
A terceira hipótese faz com que surjam algumas outras, mas você pensa "ia ser muita merda no ventilador". Então, você decide "tirar seu time de campo". Não, você não está perdendo por W.O., você está se abrigando, no vestiário, da chuva de merda e canivetes que está prestes a cair, porque mesmo que você não jogue a merda, o ventilador já está ligado. E, quando parar de chover, o jogo continuará.
Tudo foi contado metaforicamente e sem os detalhes da participação da "Mestra das Ilusões", que foi, durante décadas, responsável por muitas das teias tecidas numa mesma cova.
No fim, o que eu posso dizer é que, retomando uma parte da postagem anterior, minha omissão tem limite, mas minha ação também tem. Decidi que não abro a porta da minha casa e que não atendo a nenhum dos meus aparelhos de telefone (são 3: um desligado da tomada e dois ligados, com identificador de chamadas, me proporcionando a ótima sensação de "surdez seletiva").
Acho que, pelo "tom" do texto, dá pra perceber que eu ainda estou brava e que ainda não sei exatamente como mostrar pra fulano e cicrano que a bunda que está no chão é a deles e não a minha. Em breve, eu descubro e, aí, tudo se resolve definitivamente.
Beijomeliga e bom fds! (Se é que eu não apareço por aqui de novo durante ele.)