Ois!!!
Há muito tempo, não me lembro onde, ouvi ou li essa frase-título do post de hoje... há quem concorde, há quem discorde... Há quem diga que "viver intensamente" engloba tanto o medo, quanto a coragem, tanto a dúvida, quanto a certeza, tanto os erros, quanto os acertos, etc... Há quem discorde e diga que o medo impede a "intensidade" da vida... Enfim, há muitas filosofias, teorias e idéias sobre o medo, sobre a vida e sobre todo o "blá blá blá" que eu (e muitos outros) escrevo aqui e fico pensando nas minhas "horas livres"...
Uns anos atrás, eu decidi que ia "viver intensamente"... meu pai havia morrido, minha mãe pagava as contas da casa, eu trabalhava e pagava minhas continhas básicas (assistência médica, telefone, celular e manutenção do meu (ex-ainda-existente) carro)... e ainda tinha uma pequena "fortuna" mensal pra gastar com roupas, perfumes, maquiagens e baladas... Sempre fui "acomodada" nessa vida fútil de patricinha... porém, eu até que era um ser pensante... quando chegava a hora de estudar e tocar minha vida, eu o fazia... não pensava em terceiros... se ia ou não magoar alguém com a minha "ausência", se ia "abandonar" as pessoas em razão do meu isolamento... eu sumia de tudo e de todos, me trancafiava no meu "mundinho jurídico" por alguns meses... aparecia na internet de vez em nunca, falava um oi, batia um papinho com os mais queridos por alguns minutos (tipo 2 horas...rs) e voltava pros livros... Mas, bem lá no fundo, eu não tinha nenhuma "grande responsabilidade"... Vivia pra curtir a vida... vivia pra fazer meus avós rirem das minhas palhaçadas ou se descabelarem com as minhas "malcriações" (mesmo crescidinha eu era mimadinha...rs...)... vivia pra comprar pizza quando minha mãe estava com preguiça de cozinhar e pra pagar a internet e brigar com a minha mãe pra usar o pc...
Enfim, eu vivia PRA NADA DE ÚTIL... ahahahahahhahaahahha
Aí, então, veio a Isinha... minha grande responsabilidade, tão "esperada" enquanto era adolescente, tão ansiada quando eu era criança e queria participar das conversas dos adultos... a grande responsabilidade que eu sempre quis (não falo especificamente de um filho, falo de uma "simples grande responsabilidade" que pode se encaixar nas mais variadas espécies de responsabilidades do "mundo adulto")...
Só que essa "grande responsabilidade" se tornou maior que tudo na minha vida... é por ela que eu vivo... é por ela que eu luto... é por ela que eu brigo com tudo e com todos... é a ela que eu defendo e protejo... e só não o faço com a minha própria vida pois, como boa mãe, tenho dentro de mim a sensação que ninguém vai "fazer as coisas como eu" para e por ela... mas faço o que for preciso pra ela ter uma vida tão boa quanto a que eu tive até uns anos atrás... e se puder, darei uma vida ainda melhor pra ela... mas farei tudo, também, pra que ela não se sinta "perdida" e pra que ela consiga progredir, mesmo na minha "ausência"... pois essa está sendo a parte mais difícil da minha vida... "progredir sem a minha cabeça"...
Quero dizer com isso que, quando mais nova e até bem pouco tempo atrás, eu costumava dizer que "meu Pai é a minha cabeça e minha Mãe é o meu coração"... E, quando meu Pai morreu, eu perdi a cabeça... e fiz muitas "burradas" por ACHAR que eu estava pensando com o coração... Hoje eu sei (o momento da descoberta foi muito duro) que meu Pai se foi e que eu não tenho que pensar e fazer as coisas da mesma forma que ele pensava e fazia... por mais que as coisas dessem certo quando ele tomava as decisões necessárias... Hoje eu sei que eu fui, durante muitos anos, muito mais racional do que eu imaginei e imaginava... eu NUNCA agi com o meu coração depois que meu Pai morreu... e eu sei disso, pois quem impõe barreiras e "cria" nossos métodos de "auto-defesa" não é meu coração... é a minha mente...
E ISSO É UMA MERDA!!!
Hoje eu sei que sinto medo (muito mais do que aparento, muito mais do que as pessoas acham que eu sou capaz de sentir) e sei, também, que tenho vivido pela metade (principalmente) desde quando meu Pai morreu... E isso porque, em seguida da morte dele, as "agressões" que eu e minha mãe sofremos, apesar de serem "meras agressões morais" (e, se fôssemos mais ingênuas, seriam, também, verdadeiras extorsões), foram fazendo com que eu começasse a sentir um medo que eu nunca havia sentido... um medo de pessoas que faziam parte do que muitos por ai chamam de família (e eu, atualmente, denomino "covil")...
Sentia medo de fazerem algo contra a minha mãe e eu não saber o que fazer pra "consertar" a situação... sentia medo de dizer o que eu estava pensando e (como sempre) minha mãe não levar em conta, porque eu era "apenas uma criança"... e assim foi... minha personalidade forte foi dando lugar a uma personalidade medrosa e agressiva... que é a personalidade que a grande maioria conhece...
Sei que várias experiências que vivi com meus próprios pais me tornaram "medrosa"... porque, no fim das contas, eu sinto que não sou capaz de tomar decisões... sejam elas certas, sejam elas erradas... sinto que não sou capaz de arriscar e acertar... ou seja, no final das contas, eu sou A INSEGURANÇA EM PESSOA, por menos que pareça (ainda bem que as aparências enganam... ahahhahahahahaha)...
O que importa é que eu estou demorando, mas a cada dia tenho percebido que sou SIM capaz de tomar decisões... afinal, as tomo todos os dias, rotineiramente... e um dos exemplos é a educação que tenho tentado dar à Isadora... os exemplos que tenho tentado passar a ela... custei a perceber que TUDO o que acontece na vidinha da minha filha tem decorrido de decisões minhas... com ou sem aval do pai dela, com ou sem apoio do pai dela, com ou sem conhecimento do pai dela (não vou ligar pra ele toda vez que for trocar uma fralda ou fazer uma mamadeira, certo?...rs), eu tenho tomado decisões diariamente com a Isa... se eu já errei em relação a ela??... Sim, óbvio que já errei... e já errei feio... e já me desdobrei pra consertar a minha cagada... e acho que consegui... E, pelo que ouço de uns, de outros e de quase todos, na verdade, meu número de acertos é infinitamente maior que o número de erros...
Claro que ninguém chega em mim e diz "nossa, parabéns, sua filha é bem educada, meiga, carinhosa, brincalhona, simpática or whatever..." . É sempre mais fácil chegar em mim e dizer "nossa, Veridiana, não faça isso... coitada da menina, deixa ela sujar a mão e a roupa..." É sempre mais fácil criticar que elogiar... e como isso é tido como "normal", eu já ando menos revoltadinha (tenho, de verdade, cagado e andado pra certas coisas que ouço...rs)... A única pessoa que reconhece que a MULHERZINHA AQUI está fazendo um "bom trabalho" como mãe, é a Dona Sônia, avó paterna da Isa... talvez seja o meio dela se "desculpar" pelos xingamentos de 2 anos atrás (que eu não esqueci e só vou "esquecer" quando ela me pedir desculpas de verdade, nessas palavras e disser "errei quando pensei mal de você"... caso contrário, os elogios só servirão pra inflar meu ego, mas não com sentimento de "reconhecimento sincero por um bom trabalho"...)
Enfim, medo de arriscar ainda sinto... medo de tomar decisões, tem diminuído... e até que as coisas têm andado bem rapidinho nesse aspecto "medroso" da minha vida...rs... Agora só falta perder o medo de arriscar... porque posso arriscar em qualquer coisa, mas não posso colocar em risco a vida da Isa... ou seja, preciso sentir menos insegurança no que tange à manutenção das necessidades dela (por parte do pai dela, principalmente...) pra que eu possa dar minha cara a tapa de verdade...
O medo não é por mim... é por ela... o que era comodismo, virou insegurança... e agora eu tenho que me "mifar" pra fazer voltar a minha segurança interior... aquela que eu tinha e que os "adultos" desprezavam... Aí sim vou ser a Verizinha Super Poderosa de verdade... a que consegue agir com o coração, sejam lá quais forem as consequências (pois força pra superar problemas, eu já notei que tenho...rs...)
Era isso... acho...rs...
Fui!