sábado, 11 de fevereiro de 2023

SAME OLD, SAME OLD

 


Algumas coisas são inacreditáveis!

Quando uma pessoa morre e tem algum bem material seja ele móvel (peças de arte, veículos, armas, dinheiro, etc), imóvel (casas, terrenos, etc) ou semoventes (animais), a lei obriga a abrir inventário em até 60 dias após a morte (ou, pelo menos, era assim enquanto eu ainda lia sobre Direito de Sucessão).

Meu avô paterno faleceu. O responsável (na linha sucessória), permaneceu inerte. Minha avó paterna faleceu e esse mesmo responsável ficou inerte.

O responsável pelos inventários era locatário de um imóvel; passou o aluguel para o nome de terceiros e ninguém pagou os aluguéis que eram devidos à proprietária. Então, resolveram fazer um acordo pagaram uma parte e pararam de pagar (como sempre aconteceu, desde os anos 80 - época em que me lembro de já observar o comportamento das pessoas).

Com essa atitude de "pai e filha", a casa dos meus avós paternos foi a leilão. A casa (terreno + construção) valia mais que R$1.5 milhão e foi arrematada por R$300mil, em 2022. Meu avô amava aquela casa, ele trabalhou muito e se revirou pedindo e pagando empréstimos para morar lá (uma casa própria) e sempre me dizia que só sairia de lá morto. Mas, não foi o que aconteceu.

Ele perdeu a casa (por penhora), entrou em uma tristeza sem fim e foi perdendo o viço (mesmo depois dos 80 anos, ele parecia um adolescente, em questão de humor) e eram raras as pessoas que iam visitá-los. Minha avó estava definhando em vida, de tão magrinha que estava (ela tinha 1,65 e era bem encorpadinha nos "tempos áureos" (quando meu pai ainda era vivo).

Em uma das últimas vezes que fui lá, uma vizinha veio me questionar sobre a situação dos velhos, dizendo que os vizinhos iriam fazer uma denúncia coletiva por abandono e maus-tratos a idosos. A vizinha estava visivelmente abatida com a situação. Minha avó tinha amizade com todo mundo ali do pedaço e as pessoas sempre gostaram dela e do meu Avô. Os taxistas de lá conheciam a nós 3: ele, porque pegava táxi para ir de casa, nas Perdizes, ao escritório, aqui no bairro em que moro; a mim, porque estava sempre com ele quando era pequena e até mesmo na adolescência - e andava nos mesmos taxis, junto com ele; e, minha avó, porque sempre ficava esperando o táxi virar a esquina para depois fechar a porta de baixo.

... o único filho vivo, real responsável por eles, os levou embora "pra longe". Eu avisei a algumas pessoas próximas a mim que, a hora em que a "lua de mel" acabasse, os velhos morreriam rápido. DITO-E-FEITO. Meu Avô levou, pelas minhas contas, uns 13 meses (ou 23?. Minha avó demorou mais, mas era óbvio que seria assim, já que mulheres viúvas vivem (bem) mais que homens viúvos.

Idosos, quando são afastados das pessoas às quais são mais apegados, morrem mais rápido. Eu, Marcus (meu primo), Dora e Rubens (primos do meu Pai) éramos as pessoas que os mantinham firmes (mas, nem tão fortes) nos últimos tempos de Aimberé. Sei disso, porque um passarinho azul de 1,85m me contou.

Os dois velhos faleceram em hospitais: ele, aos 18.10.2019 e ela, aos 13.05.2021. Ele, de pneumonia bacteriana; ela, de tromboembolismo pulmonar e infecção do trato urinário. (In)Felizmente, inspirei-me no meu Biso, o "Vô José" e fui, só fui e fiz metade do curso de Técnico de Enfermagem na Santa Casa de São Paulo. Com isso, observei e aprendi que algumas 'causas mortis' ocorrem, na maioria das vezes, por ABANDONO E NEGLIGÊNCIA.

Na Santa Casa, que é hospital público, 'raros' são os idosos que deixam este mundo em virtude das causas mortis dos meus avós paternos (considerando o número de idosos que ficam internados nas enfermarias, que são coletivas). Os velhos foram negligenciados por quem deveria zelar por eles sempre, desde que meu Pai morreu.

Sei que o quanto o Reiki que eu fazia neles toda semana ou a cada 15 dias, conforme minha disponibilidade financeira, fazia bem a eles. Sim, muitas vezes, por uns bons anos, faltou dinheiro para ir de Metrô até lá (taxi foi luxo aqui em casa por uns bons anos) e, então, não íamos. Quando tinha um dinheirinho "excedente" do metrô, usávamos para comprar chocolates e outros mimos pra eles, porque sabíamos que estavam apenas os dois, completamente solitários.

Quando os levaram embora para longe, foi-me entregue, do que era deles, apenas o que TERCEIROS achavam que me era de direito. Metade de TUDO o que estava e pertencia àquela casa era meu (pelo fato do meu Pai ter falecido em 1997). Deram-me a "esmola" de alguns livros da minha Bisa Quirina (que eu bem queria, assim como vários outros do meu Avô), mas sumiram com a foto de casamento dela e do Vô Antônio (todo mundo sabia que eu queria - e ainda quero - aquela foto). Para piorar, largaram na estante do "quarto da frente", uma foto da minha filha que ela mesma tinha escolhido para "dar para a Bisinha".

O desrespeito dessas pessoas para comigo,  minha mãe e minha filha foi absurdamente imenso e intenso (não duvido que de minha avó também, já que ela não demonstrava ser muito "afeiçoada" a mim) .

Depois que meu Tio-Padrinho morreu, em 1997 e meu Nonno em 2003, meu Avô paterno se tornou meu melhor amigo. Aprendemos a ser amigos. Ele me contava e me dizia coisas que, eu sei, não falava para e nem com mais ninguém. Sei que ele e eu sentíamos a mesma falta do meu Pai, sem tirar nem por. Sei que, apesar de não bater de frente com a minha avó, que era meio "bisca-ruim", ele era leal a mim, assim como eu era leal a ele desde sempre, mas, principalmente, a partir do meu primeiro dia de trabalho com ele.

Meu Avô era um cara amoroso, inteligente, "hiperfocado" em Kardecismo, Homeopatia e I-Ching, "bobão" (as cantorias no almoço me matavam rs... mas, as saudades me matam mais), piadista (nem sempre engraçado, mas, piadista)... ele não merecia as sacanagens que partiram do filho e da "neta" que minha avó tanto protegia. 

Se não fosse por esses dois, talvez os velhos até estivessem vivos ainda. Acho que já disse e, se disse mesmo, vou repetir: idosos morrem mais rápido quando lhes tiram o que/quem eles mais apreciam. Minha avó não merecia meu Pai; meu Avô não merecia meu tio.

Quando minha filha nasceu, no finalzinho de 2002, o irmão do meu Pai veio aqui em casa com a esposa e, sentado à mesa de jantar, conversando com a minha Mãe, ele externou que "quando seu Mário fechar os olhos, dona Maria que se vire".

Fica mais do que claro o que eu relatei no início do texto.

Tem sido tanta falcatrua, golpe, omissão, apropriação indébita de pertences alheios, calotes, etc., desde que me conheço por gente que não me espanta - apesar de me deixar extremamente brava e até com estômago embrulhado.

Lembro-me que, em 1994/95, o dono do imóvel dos escritórios da família sempre vinha cobrar do meu Pai os aluguéis atrasados que não eram dele e nem do meu Avô, como se meu Pai fosse responsável pelas contas do outro locatário. Chegou um momento que meu Pai cansou e mudou o escritório para o Centro Velho de São Paulo. Lá, a paz para ele e meu avô trabalharem reinou.

Foram inúmeras situações como a dos aluguéis até culminar com a penhora e leilão da casa dos meus avós - sendo que o "controle" das coisas dos meus avós ficaram com quem, pela lei, deveria zelar por eles e pelo bem-estar deles.

Quando meu Pai faleceu, essa pessoa pediu R$800 (1998) para minha Mãe para encerrar a atividade a empresa em que ela era sócia do meu Pai. Depois de um tempo, minha Mãe foi pegar os documentos e, novamente, foi pedido mais R$800 (para a mesma finalidade) e os documentos não foram devolvidos. Anos depois, fui ao escritório dessa pessoa e pedi os documentos da empresa, afinal, aberta ou fechada, aqueles documentos (ainda) me pertencem: a pessoa riu da minha cara e disse que não devolveria. A partir daí, paulatinamente, fui me afastando em definitivo deles e de todos que mantinham relações com eles.

Aprendi que "o que não me faz bem, não me faz falta".

Contudo, não foi apenas com meus pais, comigo e/ou com meu Avô paterno. Minha madrinha e os pais dela também passaram perrengues com a "honestidade" dessas mesmas pessoas que, se tivessem laços genéticos, não seriam tão parecidos (no mau sentido).

Meu Pai se cansou de arcar com certas consequências. Meu Avô foi se decepcionando cada vez mais. Eu já havia cansado antes do meu Pai falecer. Imaginem agora, depois de quase 26 anos de sua morte, eu AINDA estar passando pelos mesmos desgastes causados pelas mesmas pessoas?

Por duas vezes, sei que a assinatura do Velhinho foi falsificada. Na primeira que eu tive conhecimento, com o Banco do Brasil, fui eu que resolvi para ele tanto na ouvidoria, quanto na agência. Da segunda vez que tive conhecimento, não deu tempo de salvar a casa e nem a saúde dele, porque ele não queria me dizer quem o tinha prejudicado e eu demorei um bocado para ter ideias luminosas e "descobrir" a situação real. Eu tinha 99% de certeza, mas não queria 'acusar sem provas'.

É exaustivo saber que os bons morrem antes e que os maus acabam se dando bem. São raros os que "sofrem" na mesma medida do sofrimento que causam ou causaram.

Eu estou exausta. 

Mantive a compostura ao longo de todo o texto, mas, sendo bem sincera, não vejo a hora de jogar toda a m**** no ventilador e fazer o circo pegar fogo. Parafraseando Emiliano Zapata, se não há justiça para mim, que não haja paz para os malfeitores.

"Ain, mas é família!"

Não, não é. Família cuida, família acolhe. Quem sacaneia é parente e parente é serpente.

Translate

Direitos autorais reservados à autora.. Tecnologia do Blogger.